Beirute pediu na quinta-feira à ONU que deixe de registar refugiados sírios e iraquianos, menos de uma semana após decidir limitar drasticamente a sua entrada no país. Só os deslocados cujo dossier tenha sido aprovado pelo governo terão agora acesso ao estatuto de refugiados.

“O Governo está de acordo para parar o acolhimento as pessoas deslocadas, exceto em casos excecionais e pedir às nações Unidas que deixem de os registar” afirmou o ministro libanês da Informação aos jornalistas.

O Líbano, um país com cerca de quatro milhões de habitantes, acolhe atualmente 1,2 milhões de sírios, fugitivos da guerra civil que arrasa o país desde 2011.

Após a ofensiva do Estado Islâmico no Iraque, em junho, o Líbano recebeu igualmente milhares de cristãos iraquianos perseguidos pelos extremistas islâmicos. Um fluxo que entretanto se deteve.

Há uma semana o ministro dos Assuntos Sociais, Rachid Derbas, declarou ao diário libanês al-Akhbar, “o Líbano não recebe mais oficialmente os deslocados sírios”.

A Agência da ONU para os Refugiados, ACNUR, já havia relatado restrições na fronteira sírio-libanesa.

“O que compreendemos é que, a partir de agora, a entrada no Líbano já não é permitida, como era anteriormente, às pessoas que pretendem obter o estatuto de refugiados” afirmou sábado dia 18 de outubro a representante da ACNUR, Ninette Kelley.

Nem todos os refugiados entram no Líbano pelas entradas oficiais, numa fronteira bastante porosa entre o Líbano e a Síria. O fluxo de refugiados está no entanto a ameaçar as infraestruturas libanesas e diversos políticos têm alertado para a impossibilidade do país suportar o encargo, apelando ao encerramento das fronteiras.

Mais de três milhões de sírios abandonaram o seu país desde o início da guerra civil, refugiando-se na sua maioria nos países vizinhos como o Líbano, a Jordânia, a Turquia e o Iraque.

A ACNUR tem apelado à generosidade da comunidade internacional para auxiliar de forma mais eficaz o Líbano e apelou outros países a abrir as suas fronteiras para acolher refugiados.