Depois da grande propagação de imagens violentas e aterrorizadoras do Estado Islâmico, as redes sociais aumentaram os esforços para excluir este tipo de conteúdos e banir utilizadores ligados ao grupo radical. Contudo, o EI não se deixa intimidar e encontrou novas ferramentas online.

A intenção dos combatentes do Estado Islâmico com a partilha deste tipo de ficheiros é instalar o pânico no Ocidente e inspirar e recrutar radicais de todo o mundo. Empresas como o Twitter ou o Youtube reforçaram, por isso, o controlo e vigilância dos utilizadores. A solução foi remover os materiais ofensivos e excluir os membros que os produzam.

A execução do jornalista James Foley chegou a milhares de utilizadores poucas horas depois dos membros do Estado Islâmico publicarem o vídeo online.

Do outro lado, o Estado Islâmico procura novas ferramentas para continuar a expandir as suas mensagens e a infoexclusão não é uma alternativa. Depois de serem impedidos de publicar nestas redes, os jihadistas do EI rapidamente criaram contas em redes sociais menos populares e com um controlo menos constante.

“Seria estranho imaginar que, por causa das dificuldades em aceder ao Facebook ou ao Twitter, eles [do Estado Islâmico] deixariam de comunicar entre eles ou de expandir as suas mensagens”, disse Jamie Bartlett, autor da obra The Dark Net, um livro sobre comunidades online secretas.

Como ser a mulher ideal de um combatente jihadista

Nem só de terror vive a campanha do Estado Islâmico na internet. Um dos exemplos partilhados pelos radicais é o de um kit com os utensílios mais importantes para ‘educar’ mulheres no sentido de serem as companheiras ideais dos jihadistas. Também aqui, a conta Fundação Zora, promotora do ‘curso’, foi eliminada do Youtube.

Em vídeo, e também através de dicas no Twitter e no Facebook – contas que também foram removidas –, o grupo divulgou tutoriais desde primeiros socorros a costura. O objetivo era mostrar às mulheres que elas devem ter ou adquirir competências como ajudar os combatentes feridos em batalhas, coser, produzir conteúdos e editá-los para divulgar as mensagens do grupo radical, usar armas e cozinhar para os maridos.

Uma das imagens mostrada no vídeo referente à costura (Foto: The Independent)

Os materiais publicados, descritos como “receitas fáceis e rápidas”, incluíam informação fotográfica e conselhos tais como preparar um snack a partir de tâmaras, farinha e manteiga.

“Esta receita pode ser servida aos mujahedin [combatentes do EI] com café ou água, em qualquer altura, especialmente durante as batalhas. Contém calorias suficientes para dar energia e força aos mujahedin, o desejo de Allah”, explicava o guia.

Uma das imagens mostrada no vídeo referente aos primeiros-socorros (Foto: The Independent)

Infoexclusão não é alternativa

De acordo com o site de notícias Vocativ, foi publicado num fórum oficial do Estado Islâmico um plano com cinco passos para fazer frente à suspensão das contas em redes sociais populares. Uma das etapas passa por construir os próprios servidores para plataformas para além das mais populares.

A rede social Diaspora, em que os membros são distribuídos por diversos servidores em vez de uma rede centralizada, confirmou que após a exclusão das outras redes sociais, começaram a surgir movimentações de membros ligados ao Estado Islâmico.

Outra forma de continuar a expandir as suas mensagens foi na Vkontakte, um suporte social online mais conhecido do que o Facebook na Rússia e países da antiga União Soviética. Aqui, os subscritores da página começaram a publicar conteúdos do grupo radical bem como o vídeo de Foley. Vários membros trocaram a imagem de perfil pelo logótipo do EI.

A página Vkontakte mostrou-se preocupada, uma vez que remover os conteúdos ou os utilizadores é uma tarefa mais complicada do que nas redes tradicionais.

Seyfulla Adiyev, um dos moderadores da página, tem conta aberta em outras redes e partilha conteúdos, como fotografias, diretamente de locais controlados pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

 

Por: João Ferreira Pelarigo