• Poder Soul

    4 – 8 de Abril

    4 de Abril

    Wade Flemons

    Jeanette

    Ramsel (1968)

    Wade Flemons nasceu no Kansas, mas fez quase toda a sua carreira em Chicago, entre a segunda metade dos 50 e o princípio dos 70.

    Editou vários discos para a emblemática Vee Jay, que terá promovido o seu encontro com Maurice White, para formar os Salty Peppers, grupo que foi o embrião dos monstruosos Earth, Wind & Fire.

    Foi, aliás, o facto de ter colaborado nos primeiros discos desta autêntica instituição da música negra, que tornou Wade Flemons num nome reconhecido.

    No entanto o seu verdadeiro momento de glória é outro, bem mais singelo.

    “Jeanette” foi gravado para a Ramsel, um ano depois da Vee Jay ter decretado a falência, e é um marco incontornável da cena Northern Soul.

    Esta canção quase perfeita, com uma marcante intro de piano e um som capaz de envergonhar aquilo que de melhor saia da Motown, teria tido outro impacto se não tivesse saído num selo local, que apenas editou dois discos e nunca saiu dos limites de Chicago.

    Ao fim de quase cinco décadas, ainda enche pistas e, até os bootlegs de que foi alvo, se transformaram em peças de coleção.

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  • Poder Soul

    4 – 8 de Abril

    5 de Abril

    Bobby Williams + His Mar-Kings

    Let’s work a while

    Nor-Mar (197?)

    Foram muitos os artistas que tentaram imitar James Brown. Foram muito poucos aqueles que conseguiram chegar lá perto.

    Bobby Williams, nascido na Carolina do Sul e criado em Washington, foi um desses eleitos.

    Chef de profissão, resolveu dar uma hipótese à sua paixão pela música e mudou-se para Orlando, na Flórida, no fim dos anos 50 para tentar a sua sorte. Tendo um talento nato, que lhe havia permitido aprender sozinho a dominar tanto o piano com a guitarra, rapidamente se estabeleceu no circuito de clubes da cidade e editou o seu primeiro single para a Duplex.

    Obstinado, criou uma equipa para tomar conta das noites dos clubes que ninguém queria e transformou-as num fenómeno de popularidade. Reuniu os Mar-Kings e usou aquilo que estas noites rendiam para investir em tours que os levavam a todos os cantos do Estado.

    Durante os 60, cresceu de tal forma que comprou um autocarro Greyhound personalizado para a banda e uma limousine para si e as suas incursões estendiam-se até ao Texas, com passagem por Chicago e por todo o Mid-West. E no início dos 70, o seu espectáculo era tão cuidado e coeso que acabaria a abrir concertos para vedetas como Marvin Gaye e o seu ídolo, James Brown.

    Ainda assim a expressão discográfica de todo este sucesso foi relativamente reduzida, tendo apenas editado uma mão cheia de singles e dois álbuns, sempre para editoras independentes.

    Funky superfly, o Lp que reúne os seus temas mais marcantes é um Graal para todos os colecionadores de música negra.

    “Let’s work a while”, o tema que aqui apresento, é um contagiante exercício Funk carregado de Soul, que sintetiza na perfeição a mestria de Bobby Williams e dos seus Mar-Kings.

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  • Poder Soul

    4 – 8 de Abril

    6 de Abril

    Rocky Gil & The Bishops

    It’s Not The End

    Tear Drop (1966)

    A Tear Drop Records, de Henry P. Meaux, é um autêntico baluarte da cultura Tex-Mex que dominou a Soul texana na viragem dos 60 para os 70.

    Desde Sunny & The Sunliners a Little Joe & The Latinaires, passando por estes Rocky Gil & The Bishops, são muitas as gravações marcantes do seu vastíssimo catálogo, não sendo possível perceber a especificidade da Soul oriunda do Texas sem as absorver.

    Rocky Gil & The Bishops assinaram um Lp de originais e meia dúzia de sete-polegadas que viriam a ser reunidos mais tarde na colectânea “Soul Party”, através da editora mãe, a Crazy Cajun.

    “It’s not the end” é o seu momento supremo e o seu mais raro single.

    Uma imensa canção que arranca com uma enganadora e preguiçosa intro, antes de explodir, dominada pelo confronto dos mais incisivos sopros com a mais doce melodia Soul.

    Um disco que se transformou num hino Northern Soul e é hoje mais pertinente do que nunca.

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  • Poder Soul

    4 – 8 de Abril

    7 de Abril

    Hank Soul Man Mullen

    He Upset Your Dreams

    Audel (1967)

    Hank “Soul Man” Mullen era um dos três vocalistas que acompanhavam o colectivo The Avengers, banda formada a meio dos anos 60 que percorreu o circuito de clubes do estado de Nova Iorque.

    Os Avengers, que estavam baseados em Buffalo, gravaram dois singles, para a sua própria editora, a Audell, assinados por duas das suas vozes de serviço – um pela Carlena Weaver e este por Hank “Soul Man” Mullen.

    “He upset your dreams” é um verdadeiro enche pistas, um enérgico cruzamento de Soul e Funk, daqueles que provam que há muitas perolas que não têm que ser excessivamente raras.

    Ainda assim, foi alvo duma reedição através da Ever-Soul, subsidiária da Daptone que se dedica à recuperação de clássicos.

    Hank “Soul Man” Mullen morreu repentinamente, de um ataque cardíaco, pouco depois da edição deste sete-polegadas.

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  • Poder Soul

    4 – 8 de Abril

    8 de Abril

    Bileo

    You Can Win

    M.T.U. / Watts City (1979)

    Para além de sabermos que Bill Williams seria o vocalista e líder da banda, que gravaram apenas dois singles, entre 79 e 83, e que serão de Los Angeles, é, mais uma vez, um mistério tudo o que envolve os Bileo.

    E quanto mais misterioso melhor para os nerds que alimentam a cena Soul!

    “You can win” é um dos maiores hinos de que há memória, para os aficionados do Modern Soul, do Deep Disco e até do Funk. O seu efeito nas pistas de dança é esmagador, sendo um daqueles sete-polegadas obrigatórios para qualquer Dj preocupado com o seu estatuto.

    Foi recentemente re-editado pela Athens of the North, de Fryer, o que me permitiu vender o original e financiar parte dos Discos Dinamite!

    Esta reedição também já se transformou numa peça de coleção…

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