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É denso o mistério que involve a escassa informação biográfica disponível acerca dos Utopians.

Aparentemente um quarteto vocal, surgido em pleno advento do Doo Wop, o grupo terá estado activo entre a segunda metade da década de 50 e a primeira da de 60, tendo gravado quatro singles, até 1963, entre os quais um par de clássicos.

Há quem diga que é oriundo de Filadélfia, mas a teoria de que nasceu em Compton, por iniciativa dos futuros Whispers – Wallace e Walter Scott – parece ser a mais plausível, até porque os seus sete-polegadas foram editados pela Coast e pela Imperial, marcas sediadas Los Angeles, a cidade de que é satélite.

Ainda assim, o selo History of Soul consegue a proeza de, ao mesmo tempo, incluír os Utopians numa recolha de dedicada à cidade de Rocky Balboa e numa outra que tem a Costa Oeste como foco.

Editada em 62, pela Imperial – “Dutch treat” – é, para mim, a sua grande contribuição para as pistas de dança.

Uma enorme canção, que cruza como poucas Doo Wop, Rhythm + Blues e Soul e se transformou num clássico absoluto do movimento Mod.

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Freddie Hughes nasceu em Berkeley, na Califórnia, em 1943.

Começou o seu longo percurso artístico, no circuito de clubes nocturnos de Oakland, no fim dos anos 50, e passou pelos Holidays, os Five Disciples, os Music City Soul Brothers ou os Four Rivers, antes de começar uma carreira a solo, que se reflectiu na edição de três álbuns e de meia-dúzia de singles, através de marcas como a Wand ou a Wee.

Wylie Trass é oriundo de Lake Providence, no Louisiana, mas, aos catorze anos, mudou-se, com a família, para Berkeley, onde fez amizade com Freddie Hughes e começou a cantar, profissionalmente.

Passou pelos Holidays, pelos Five Disciples e pelos Four Rivers, com o seu amigo, mas foi quando fundaram os Casanova Two, que deram o passo que lhes garantiu um lugar na história. 

O duo apenas gravou dois singles, para a Early Bird, entre 1966 e 67, mais isso foi o suficiente.

É que “We got to keep on”, o lado b do seu sete-polegadas de estreia, transformou-se num verdadeiro monstro da cena Northern Soul.

Uma maravilhosa canção Crossover, com uns arranjos e uma interpretação superlativos, que se mantém, hoje, tão fresca como quando foi gravada.

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Sabe-se muito pouco acerca dos Soul Creations.

Sabe-se que foram uma das bandas mais Funky do Belize, pequeno país da America Central, banhado pelo mar das Caraíbas. Que foi o grupo suporte de Nelson Diamond, também apelidado Mr. Soul e um dos mais populares cantores locais. E que apenas gravaram um sete-polegadas, para a Contemporary Electronic Systems, crucial editora, nascida de uma empresa de segurança electrónica, que entre 72 e 81, foi responsável por alguns dos discos mais históricos daquele país, assinados por nomes como Lord Rhaburn, Jesús Acosta + The Professionals ou The Harmonettes.

Não se sabe mais nada.

Aparentemente gravado durante uma encursão a Nova Iorque, em 1973 – “Funky Jive” – foi o suficiente para lhes garantir um lugar de culto na cena especializada.

Um tremendo instrumental Deep Funk, com doses certas de tropicalismo, que nunca falha quando lançado numa pista de dança e que foi incluído, pela Numero Group, em “Belize City Boil Up”, o volume da série Cult Cargo dedicado áquele país.

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Michael LeGrair + The Band That Played All Night foi um misterioso projecto, que apenas gravou este disco e que parece ser mais uma das “invenções” de Roy C., para a sua Alaga.

Nascido Roy Charles Hammond, em 1939, na Georgia, este profícuo produtor, compositor e músico mudou-se para Nova Iorque, em 56. Começou o seu percurso artístico, pouco depois, como membro dos Genies, um quinteto vocal com quem gravou meia-dúzia de singles, entre 59 e 61. 

Quatro anos mais tarde iniciou uma sólida carreira discográfica, em nome próprio, e em 1970, fundou a Alaga, marcante independente que usou para editar o seu trabalho e o de nomes de culto como os Honey Drippers ou os Mark IV.

A exemplo do que aconteceu com o clássico “Impeach the president”, dos Honey Drippers, “Hustle on Down”, gravado em 75, parece ter sido um projecto seu, atribuído a uma banda fictícia, composta por alguns dos seus colaboradores habituais.

Um imenso tema Disco Funk que, depois de ter sido recuperado por Al Kent, através de um belo edit, foi reeditado pelo Fraternity Group, alcaçando o reconhecimento que merece.

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Todos de origem Chicana, Jimmy Fernandez, David Flores, Guy Gandara, Raul Ybrave, Louie Chavez, Vidal Pedro Jr. e Victor Barrientos formaram os Pure Release, em East L.A., no fim da década de 70.

O talento impar da banda, convenceu a misteriosa Teresa Reyes que, no verão de 1980, lhes financiou a gravação de um Lp, nos Present Time Recorders, em Hollywood e criou a Release Records, de forma a editar o álbum e o single, resultantes dessas sessões.

“I’ll know it’s love for sure”, que foi prensada num ultra-cobiçado sete-polegadas, com uma mistura mais incisiva, é uma das grandes canções que fazem parte de “On the loose”, o longa-duração que se transformou num verdadeiro Graal para os mais obstinados amantes da mais obscura música negra.

Uma verdadeira obra-prima Modern Soul, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação imaculados que, finalmente, ficou ao alcance dos comuns mortais, como eu, depois de, no ano passado, a Tambourine Party ter reeditado o histórico Lp.

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