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Poder Soul
22 março 2021 – 26 março 2021
Segunda-feira
Kent Schneider
The Church is within us, o Lord
Delmark
Graduado no Chicago Theological Seminary, o Reverendo Kent Schneider tinha vinte e três anos quando, em 1969, foi nomeado pelo Museu de Arte Contemporânea da cidade, para dirigir o Center of Contemporary Celebration, uma organização que pretendia atrair jovens para a Igreja, através do fomento da criação artística.
Trompetista profissional e membro de uma familia de músicos, apaixonados pelo Jazz, aproveitou a oportunidade para gravar “Celebration for modern man”, o primeiro dos seus dois Lps.
Registado na companhia dos Dukes of Kent e das Voices of Celebration, o disco foi editado pela Delmark e é um marco na modernização do Gospel.
Composto pelo próprio Kent Schneider, “The Church is within us, o Lord” é, para mim, o mais notável dos 12 belos temas que compõem o álbum e a sua grande contribuição para o cancioneiro Gospel contemporâneo.
Um enorme cruzamento entre Jazz, Soul, Funk e Gospel que se transformou num clássico da cena especializada, desde que foi recuperado pela Jazzman, em 2003.
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Poder Soul
22 março 2021 – 26 março 2021
Terça-feira
San Francisco T.K.O.’s
Acid lady
Ode
Os San Francisco T.K.O.’s foram um grupo multi-racial, formado na viragem dos 60 para os 70, por Herman Henry, um ex-director de programas da KSOL, uma estação de rádio, sediada naquela emblemática cidade da Califórnia.
A banda, que teve entre os seus membros os cantores
James Aaron e Penny Lewis, para além de colaboradores de Sly Stone e de um baterista pré-adolescente, que ia para os concertos escoltado pela mãe, teve uma vida curta e apenas editou um par de singles, que partilhavam o lado A, entre 72 e 73, apesar de ter gravado mais um trio de canções que ficaram arquivadas mais de vinte e cinco anos.“Acid lady” é o lado b do seu último single, prensado em vida, e, na minha opinião, o mais excepcional dos vários hinos que nos deixaram.
Uma grande canção Funky Soul, originalmente incluída na misteriosa edição do clássico Deep Funk “Herm”, na Nova Zelandia, através da marca local – Ode – que sendo praticamente impossível de assegurar nesse formato, foi incluída, pela Ubiquity, no segundo volume da série, “Bay Area Funk”, em 2006.
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Poder Soul
22 março 2021 – 26 março 2021
Quarta-feira
The Mighty Chevelles
Jumpin’ with music
Flaming Arrow
No fim dos anos 60, Eugene Davis reuniu Johnny A. Speights, Willie Smith, Curtis Davis, Oscar e James Havior, Donzell Reeves, Emmitt “Red” Green e Roy Davis para formar os Chevelles, banda residente da Flaming Arrow e da Crow, duas independentes de culto que fundaria em Detroit, a sua cidade natal.
O talentoso octeto, que foi absolutamente decisivo na gravação de monstros como “My love is so strong”, editado por Angela Davis, primeiro, e por Joseph Webster, logo a seguir, ou “You hit the spot baby”, de Gloria Walker, foi até aos Sound Pit Studios, de Atlanta, em 1977, para registar “Black gold”, um Lp histórico, que é um dos dois únicos discos que os, então, Mighty Chevelles, editariam em nome próprio.
Dois anos mais tarde o grupo, com uma ou outra alteração de line-up, regressou à Georgia, desta vez a Macon, para gravar mais um extraordinário álbum, enquanto Music Makers Band, cujas fitas acabaram por ficar perdidas até ao ano passado, altura em que foram resgatadas e editadas pela Now Again.
Um dos temas que compõem o ultra-colecionável “Black gold” – “Jumpin’ with music” – é o meu favorito dos seus muitos momentos de génio.
Um tremendo instrumental Funky Soul, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação imaculados, que não deve nada ao melhor que nos deram lendas como os Kool + The Gang, e que tem ganho um crescente protagonismo nas mais progressivas pistas da cena especializada.
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Poder Soul
22 março 2021 – 26 março 2021
Quinta-feira
Gregory Jolly
What’em doing is my business
G-K Productions
Gregory Jolly é um misterioso cantor, nativo de Atlanta, na Georgia, que esteve activo na viragem dos 70 para os 80.
Entre 1979 e 81, editou três singles: um par de originais para a G-K Productions e para a Enjoy, e um sete-polegadas, prensado pela J+J Productions, com um tema de cada um dos discos anteriores, no seus dois lados.
“What’em doing is my business” é um dos temas do seu disco de estreia, aquele que lhe garantiu um lugar na história e mais um momento de génio, resultante da parceria entre Tommy Stewart, que além de ter assinado clássicos como “Bump + Hustle music” ou “Fulton County line”, escreveu temas cruciais de gente como The Spirit of Atlanta, Moses ou Sherman Hunter, e Calvin Arnold, figura chave local, compositor dos hinos que imortalizaram Billy Byrd, Ebonystic, The Sheppard Bros. ou a I-20 Connection.
Uma imensa canção Modern Soul, contaminada pelo Disco e pelo mais embrionário Boogie, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação do outro mundo, cujo formato original viu a sua cotação disparar, desde que foi introduzida na cena especializada e incluída na recolha de Zaf, para a B.B.E. – “Private Wax”.
Foi reeditada, no ano passado, pela austríaca Record Shack.
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Poder Soul
22 março 2021 – 26 março 2021
Sexta-feira
Mister
I wanna thank you
Starville
É escassa a informação biográfica disponível acerca deste projecto de Chicago, que apenas gravou um disco.
Ainda assim, os créditos impressos no rótulo do seu único sete-polegadas permitem-nos tirar algumas conclusões.
Percebemos que os Mister foram um projecto com ligações aos Wrecking Crew, um dos expoentes máximos da cena Boogie da Windy City e da Starville Records, a importante independente fundada por Mel London, que esteve activa entre os anos 60 e os 80, e lançou este single.
E que Chuck Roberts e B. Sims, dois activistas da revolução House, fundadores dos Rhythm Controll, estavam entre os seus membros.
Gravado em 1983, “I wanna thank you” será a sua primeira grande contribuição para a história da melhor música indepedente de Chicago e um verdadeiro Graal Boogie.
Uma contagiante canção, que leva ao delírio qualquer pista de dança e que, sendo praticamente inalcançável na sua raríssima edição original, foi recuperada, no ano passado, pela Star Creatures, na obrigatória compliação “Attack of the Chicago Boogie”.
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