-
Poder Soul
22 fevereiro 2021 – 26 fevereiro 2021
Segunda-feira
The Black Souls
Baki Mutane Nakuka (Black People Crying)
Gully
São muitos os temas ultra-obscuros, sobre os quais se sabe muito pouco, mas que, ainda assim, são de divulgação obrigatória, aqui no Poder Soul.
The Black Souls são um desses casos.
Este misterioso projecto, que apenas se reflectiu num single, terá sido fruto da associação entre um músico, poeta e activista afro-americano chamado Earl Wiston Grant e Vida M. Sterling, uma desconhecida produtora e compositora, que registaram esta canção em 1973, e a terão gravado nessa altura para a independente, sediada em Brooklyn, Nova Iorque, Gully.
“Baki Mutane Nakuka (Black People Crying)”, que conta com a participação de Carlos Ward, o mentor dos incontornáveis B.T. Express, na flauta, foi descoberta pela dupla Kon + Amir, nos primeiros anos do novo milénio, e entrou, de imediato, para a galeria da melhor música negra dos anos 70.
Uma grande canção, com um profundo spoke-word, acompanhado pela flauta e suportado por uma sólida, coesa e hipnótica secção rítmica que, não sendo fácil de assegurar no seu valioso formato original, foi prensada no sete-polegadas de apresentação do primeiro volume da série “Off track”, editado em 2007, pela B.B.E..
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
22 fevereiro 2021 – 26 fevereiro 2021
Terça-feira
Underground Vegetables
Melting pot
Faze Four
Underground Vegetables é, aparentemente, uma das várias designações assumidas por alguns dos elementos que foram passando pelos Soul Brothers, a formação jamaicana, formada em 1965, para ser a “in house band”, do Studio One e da decisiva operação editorial, de Coxsone Dodd, que aí nasceu.
Este colectivo, que contou com nomes como Jackie Mittoo ou Roland Alphonso, participou em centenas de gravações, como Soul Vendors, Brentford All Stars ou Sound Dimension, entre outros nomes, terá gravado uma mão cheia de singles, entre 70 e 74, entre os quais se destaca “Skylarking”, de Horace Andy.
“Melting pot” foi registado em 71, prensado, pela subsidiária da Studio One, Faze Four, no lado b de dois sete-polegadas – de Larry Marshall, primeiro, e de Glen Miller, três anos mais tarde – e é o seu mais genial momento.
Uma tremenda versão do hino de Booker T. + The M.G.’s, que funde Funk e Reggae de uma forma magistral, soa hoje tão actual como há cinco décadas, e faz parte da obrigatória recolha da Soul Jazz: “Studio One Funk”.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
22 fevereiro 2021 – 26 fevereiro 2021
Quarta-feira
Blew Smoke
Ain’t gonna kill the spirit
GRT
O guitarrista e cantor Ray White é conhecido por ter integrado a banda de Frank Zappa, da qual foi um elemento chave, entre 1976 e 93, o ano da morte do excêntrico génio, e cujo legado se encarregou de perpetuar através dos Zappa Plays Zappa, numa associação com Dweezil Zappa, o filho desta estrela.
Mas a sua carreira não começou quando foi recrutado pelo lendário artista e, nesse momento, já havia deixado a sua marca na mais militante música negra, com os Blew Smoke, projecto que fundou na viragem dos 60 para os 70 e que apenas editou um sete-polegadas, através da GRT, marca de Los Angeles, que distribuiu a decisiva Chess na Costa Oeste.
Gravado em 71, “Ain’t gonna kill the spirit” transformou-se num clássico das cenas Rare Groove e Deep Funk.
Uma incisiva e certeira canção, que nunca falha quando lançada numa pista de dança e que, com alguma persistência, pode enriquecer as mais sólidas coleções, sem que se tenha que cometer qualquer loucura.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
22 fevereiro 2021 – 26 fevereiro 2021
Quinta-feira
Kokomo
Use your imagination
Columbia
Formados em 1973, por Dyan Birch, Frank Collins, Paddie McHugh e Tony O’Malley, todos ex-vocalistas dos Arrival, na companhia de Allan Spenner, Neil Hubbard, Jody Linscott, Terry Stannard e Jim Mullen, os Kokomo foram um dos expoentes máximos da Soul britânica, que, depois de um par de paragens e de mudanças de formação, ainda se mantêm em actividade.
Começaram o seu percurso no circuito de pubs, onde se destinguiram pela sua mestria e pela sua proximidade à música negra, e, após terem participado na Naughty Rhythms Tour, ao lado dos Dr. Feelgood, assinaram contrato com a CBS, em 75, dando início a uma carreira discográfica que, até 2017, se reflectiu de sete álbuns e perto de uma dezena de singles.
Gravado em 75, como tema de abertura de “Rise + shine”, o seu segundo Lp, mas também prensado em sete-polegadas e num colecionável maxi promocional – “Use your imagination” – é o seu momento supremo.
Uma imensa canção Blue-Eyed Soul uptempo, com um groove contagiante e uma produção superlativa, que foi recentemente reactivada nos mais progressivos clubes, voltando a ser uma referência para uma geração que apenas ouviu falar das épicas noites da Blackpool Mecca, onde foi introduzida.
▶️ OUVIR
-
Poder Soul
22 fevereiro 2021 – 26 fevereiro 2021
Sexta-feira
Peaches Mann
Get in rhythm with God’s love
Crossroads
É praticamente nula a informação biográfica acerca desta cantora Gospel.
Para além deste disco – o único que gravou e que é também o único lançamento da Crossroads Records, misteriosa independente sediada em East Orange, New Jersey – os escassos registos disponíveis acerca de Peaches Mann referem que terá tido um dos papeis principais em “Sweet Daddy and Amazing Grace”, um musical Gospel que esteve em cena a meio dos anos noventa, no Theatre East, uma organização que se propõe dar palco à cultura Afro-Americana da Grande Maçã, e, para além, da notícia de que nos deixou recentemente, ficam por aí.
Ainda assim, “Get in the rhythm with God’s love” foi o suficiente para lhe garantir a devoção dos mais dedicados adeptos da melhor música negra.
Desvendada pelo digger e dj referência de Chicago – Tone B. Nimble – num dos sete-polegadas da série “Soul is my salvation”, esta enorme canção Gospel Disco, gravada em 1981, tem levado os mais ambiciosos colecionadores à loucura e tem presença garantida nas pistas dos mais progressivos clubes da cena Soul.
▶️ OUVIR