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Poder Soul
21 junho 2021 – 25 junho 2021
Segunda-feira
Poder del Alma
Mimo
Dideca
Nativo da Nicarágua, Román “El Negro” Cerpas era um talentoso músico que, desde os treze anos de idade, havia passado ou fundado marcantes bandas de Rock local, como Los Jets, Los Pequeños Bazuqueros, Los Bad Boys, Los Espectros, Los Five Hippies ou Cerebro, antes de ir trabalhar para a Crea Radio Juvenil e de ficar amigo de Rene “Chapo” Domínguez e Edgar “Gato” Aguilar, com que formaria os Poder del Alma.
Ao trio, que usava as instalações da sua estação de rádio para ensaiar e gravar, viriam a juntar-se vários outros músicos e, entre 1974 e 77, o grupo gravaria três Lps e igual número de singles, na Nicarágua, na Costa Rica e na Guatemala, editados através da Dideca, Polydor, Arco Iris e Istmo.
Registado no Audio-Centro, na Costa Rica, em 75 – “Mimo” – é um dos temas que compõem o seu segundo álbum, homónimo, e um dos grandes hinos que nos deixaram.
Uma autêntica obra-prima Latin Funk, com um groove irresistível, uns arranjos perfeitos e um delicioso solo de sintetizador, que arrasa qualquer pista de dança e que, sendo quase impossível de assegurar no seu formato original, acabou de ser prensada num precioso sete-polegadas, uma cuidada e documentada reedição da Discodelic, em parceria com a lisboeta Groovie Records.
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Poder Soul
21 junho 2021 – 25 junho 2021
Terça-feira
The New Establishment in Soul
Whip it (Part 1)
Grants
Não se sabe praticamente nada acerca dos New Establishment in Soul.
Eram uma das bandas Funk que gravitavam à volta de Grant Townswell, dono de uma loja de discos de música negra, em Des Moines, no Indiana.
Townswell propôs uma parceria a Gene Varian, um empresário que tinha assumido um papel de relevo na cena Garage local, ao fundar a Ssexx e a R-Jay Records, para dar uma oportunidade a alguns desses grupos, e, juntos, viriam a criar a Grants, uma pequena independente que apenas editaria três sete-polegadas.
Gravado em 1971, nos Triad Studios, do heroi Rock Tommy Tucker – “Whip it” – é o mais cobiçado desses discos e o único dos misteriosos New Establishment in Soul.
Um potente, intenso, gorduroso e mal passado instrumental, que se transformou num verdadeiro Graal da cena Deep Funk, troca de mãos na casa dos milhares, no seu raríssimo formato original, e, felizmente, foi incluído na crucial recolha da Jazzman, de 2003: “Midwest Funk”.
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Poder Soul
21 junho 2021 – 25 junho 2021
Quarta-feira
Sag War Fare
Don’t be so jive
Libra
Por muito que apenas tenham gravado um sete-polegadas, os Sag War Fare já foram alvo de destaque no Poder Soul e voltam aqui por direito próprio.
No fim da década de 60, Melvin German, James Anderson e Henry Scurry faziam parte da backing-band de O.V. Wright que, a partir de Memphis, percorria os palcos de todo o sudeste norte-americano.
O trio foi dispensado em Fort Myers, ficando “encalhado” longe de casa e sendo forçado a iniciar um novo projecto, que começou por se chamar James + The Inflators, para ganhar a vida a tocar em espaços do sul da Flórida, como o Club 21, o Club Cinder ou o Tigers Den.
Depois da formação se alargar, com a entrada de James Bailey, Bernard Wells e Ismael Role, a banda adoptou o nome Sag War Fare e, sob o management de Grady Orso, foi até ao Bee Jay Recording Studio, em Orlando, para gravar o seu único disco.
Registado em 71 e prensado em pobres condições, o single foi editado através da Libra, pequena marca criada para o efeito, mas o sua baixa resolução sonora e deficiente promoção e distribuição não viriam a render à talentosa banda, os espectáculos que eram esperados.
“Don’t be so jive” é o lado b de “Girl! You better change”, canção que já lhes valeu uma presença nesta rubrica e que, tal como ela, é uma absoluta obra-prima Soul lo-fi.
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Poder Soul
21 junho 2021 – 25 junho 2021
Quinta-feira
The Procedures
Give me one more chance
Tra-Mor
Então colegas de um Liceu no bairro de Bronzeville, em Chicago, Robert Smith, Billy Sims, Fred Escobar, Gary Logan e Anthony McDaniels fundaram os Soul Procedures, em 1970.
O jovem quinteto vocal passou depressa dos concursos de talento para os palcos de clubes de referência como o Checkerboard Lounge, o High Chaparral ou o Green Bunny Lounge, acabando por assinar um contrato com a independente Five-O, que se reflectiu na edição de dois singles, entre 71 e 73.
Apesar do relativo sucesso dos seus discos, o grupo viveu um impasse, quando a pequena editora fechou portas, a sua backing-band resolveu seguir o seu caminho e assinar o essencial “Open Soul”, como Tomorrow’s People, e McDaniels mudou, também, de ares.
Já um quarteto e adoptando apenas The Procedures, como designação, foram aposta da recém-fundada Tra-Mor Records, uma marca resultante da associação entre o empresário Morris Moore e o compositor emergente Ron Grace, para gravarem o seu derradeiro e mais emblemático sete-polegadas.
Editado em 76, como lado b de uma regravação de “Mirror, Mirror” – “Give me one more chance” – transformou-se num ultra-cobiçado hino da cena especializada.
Uma imensa canção Sweet Soul, com uns superlativos arranjos de Tom Tom ’84 e uma interpretação imaculada, que, sendo praticamente impossível de assegurar na sua versão original, foi incluída na colécionavel caixa, da Numero Group – “Eccentric Soul: Omnibus vol.1” – e reprensada, com uma nova mistura de Kenny Dope, pela sua Kay-Dee Records.
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Poder Soul
21 junho 2021 – 25 junho 2021
Sexta-feira
J.O.B. Orchestra
The Soul
Govinda
A J.O.B. Orchestra foi um projecto de estúdio do produtor, arranjador e compositor brasileiro, “exilado” em Nova Iorque – Jorge Omar Barreiro.
Um dos membros originais do Terceiro Mundo, banda que acompanhou Ney Matogrosso na gravação de “Bandido”, Jorge Barreiro teve uma profícua carreira, tendo sido decisivo em discos de grupos como os Black Ivory, Rasa, J.R. Funk + The Love Machine ou Weeks + Company, entre muitos outros projectos de sucesso das cenas Disco e Boogie.
Como mentor da J.O.B. Orchestra, gravou dois singles e um Lp, todos em 1978.
“The Soul”, que foi prensado em sete-polegadas pela Om Records, é um dos temas que compõem “Open the doors to your heart”, o único longa-duração do projecto, editado pela Govinda, e o seu supremo momento.
Uma grande canção Gospel Soul midtempo, com uma produção, uns arranjos e uma interpretação do outro mundo, que é completamente obrigatória em qualquer coleção que pretenda cobrir a melhor música negra dos 70, até porque, sendo rara e valiosa em single, é surpreendentemente acessível em Lp.
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