• Poder Soul

    1 outubro 2018 – 5 outubro 2018

    Segunda-feira

    Andre Franklin with The Preston Epps Trio

    Say yeah!!

    Polo

    Preston Epps é um carismático percussionista nascido em Oakland, em 1931, que teve uma fulgurante carreira entre o fim da década e 50 e o princípio dos anos 70.

    Depois de ter aprendido a tocar bongós e outros instrumentos de percussão em Okinawa, onde esteve estacionado durante a Guerra da Corea, Epps regressou à Califórnia para animar bares e cafés do sul daquele estado.

    Descoberto pelo mítico Dj Art Laboe, assinou um contrato com a editora que este acabara de criar – Original Sound Records – e estreou-se, em 59, com “Bongo rock”, o seu maior hit, um emblemático tema que veio a alimentar muitos samplers através da versão de que foi alvo, em 73, pela Incredible Bongo Band.

    O seu auspicioso arranque e leitura extremamente original e exótica que fazia dos géneros dominantes, do Rock’n’Roll aos Rhythm & Blues, passando pela Soul, garantiram-lhe uma consistente carreira discográfica e um impressionante output que, nos anos que se seguiram, se traduziu na gravação de três Lps e de mais de uma dezena e meia de singles para editoras como a Original Sound, a Top Rank, a Polo ou a Jo-Jo.

    Gravado para a Polo, em 65, na companhia do seu trio e do misterioso vocalista Andre Franklin, “Say yeah!!” é, na minha opinião, o seu mais poderoso momento.

    Uma explosiva canção que cruza de forma singular Soul, Rhythm & Blues e Boogaloo que se transformou num hino Mod e leva imediatamente ao delírio qualquer clube especializado.

     

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  • Poder Soul

    1 outubro 2018 – 5 outubro 2018

    Terça-feira

    Yambú

    Hippopotamus

    Montuno

    O pianista Milton Hamilton e o baixista Ramon Rodriguez eram professores de música em Nova Iorque quando resolveram formar os Yambú, em 1972, com o intuito de explorarem a confluência de linguagens que compunham o som latino da Grande Maçã.

    Reunindo um competente leque de músicos acabaram por ser pioneiros na definição de um som que, tendo a música Latino-Americana, o Jazz e a Soul como ponto de partida, teve uma variante muito particular do Disco como ponto de chegada, concretizando-se, na segunda metade dos 70, em quatro Lps e mais de meia-dúzia de singles, que abriram caminho para projectos emblemáticos como La Pergunta ou Milton Hamilton Cristalized.

    “Hippopotamus”, que, ao lado duma surpreendente versão de “Sunny”, será o melhor momento dos Yambú, faz parte do alinhamento do seu disco de estreia, produzido por Al Santiago que convenceu Jesse Moskowitz, dono da Montuno Records, a assinar a banda.

    Um espantoso instrumental que funde de forma magistral Jazz, Disco, Soul e os ritmos quentes do Brasil que, na década de 80, se transformou numa das bandeiras das cenas Jazz Funk e Rare Groove britânicas e é, hoje, mais pertinente do que nunca.

     

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    1 outubro 2018 – 5 outubro 2018

    Quarta-feira

    Gil Scott-Heron

    Lady Day and John Coltrane

    Flying Dutchman

    Certamente que não andarei muito longe da verdade ao afirmar que todos os ouvintes do Poder Soul conhecem e veneram o trabalho de Gil Scott-Heron.

    É que o poeta, compositor, cantor e músico nascido em Chicago, em 1949, é uma das principais figuras da história da mais moderna cultura afro-americana.

    Depois de uma infância conturbada, que o levou a viver com a avó no Tennessee, antes de se voltar a juntar à mãe em Nova Iorque, onde frequentou a Universidade, tendo conhecido aí aquele que viria a ser o seu principal parceiro artístico – Brian Jackson – e de ter escrito duas novelas, estreou-se em disco, em 1970, para vir a marcar, para sempre, o futuro da música negra, misturando o spoken-word, que lhe valeu o epíteto de pioneiro do Rap, com as melodias dos Blues e da Soul.

    Até 2011, o ano da sua morte, gravou cerca de duas dezenas de grandes álbuns, onde expôs a sua inteligente e aguçada visão social e política, sem nunca dar um passo em falso do ponto de vista estritamente musical, tendo assinado alguns dos mais importantes discos do fim do século passado, como “Pieces of a man” ou “Winter in America”, ou canções imortais como “The Bottle” ou “The revolution will not be televised”.

    Gravada em 71, na companhia de Brian Jackson, de Bernard Pretty Purdie e dos seus Playboys, a superior ode “Lady Day and John Coltrane” faz parte do alinhamento do seu segundo Lp, o genial “Pieces of a man”, foi editada um ano mais tarde num, altamente colecionável, sete-polegadas e é, provavelmente, a sua principal contribuição para as pistas de dança da cena Soul especializada.

     

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    1 outubro 2018 – 5 outubro 2018

    Quinta-feira

    Brenda George

    I can’t stand it (I can’t take it no more)

    Kent

    Nativa de Los Angeles, Brenda George foi uma das cantoras “descobertas” por Miles Grayson, teclista associado à Charles Wright’s Watts 103rd Rhythm Section, que se transformou num produtor de destaque e colaborou com nomes como Carla e Rufus Thomas, Bobby Womack, Sam Cooke, Vernon Garrett ou Mary Love, entre muitos outros.

    São escassos os dados biográficos disponíveis acerca desta espantosa cantora, mas sabe-se que fez quase toda a sua curta carreira associada ao reputado produtor tendo, entre 1969 e 79, gravado uma mão cheia de singles para editoras como a Mesa, a Gator, a Kent, a Ronn e a Tri-Art.

    Editado em 71 pela Kent, num excelente double-sider, que também nos deu “What you see is what you gonna get”, “I can’t stand it” é o seu grande hino.

    Uma enorme canção Sister Funk, onde a profunda e poderosa voz de Brenda George domina uma base instrumental pesada mas sofisticada, que é, hoje, um clássico incontornável nas várias facções da cultura retro.

     

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  • Poder Soul

    1 outubro 2018 – 5 outubro 2018

    Sexta-feira

    Tony Fox

    Love, let love and be loved

    Blaster

    Larry Vivio Capel terá nascido na Carolina do Norte mas fez toda a sua carreira em Nova Iorque, tanto como membros dos obscuros African Beavers, como sob três nomes distintos, dos quais Tony Fox terá sido aquele que teve maior alcance.

    Quase sempre associado ao produtor Teddy Vann, com quem acabou por ter uma disputa sobre as autorias das canções que gravou, que pode explicar o hiato de dez anos entre as suas últimas gravações, estreou-se em disco em 1964, como Larry Hale, e, dois anos mais tarde, rebatizou-se Tony Fox, depois de ter gravado meia dúzia de singles a solo e como vocalista dos African Beavers, para marcas como a United Artists, a Fontana, a RCA, a Diamond e a Columbia.

    Nos quinze anos que se seguiram, exceptuando um disco isolado como Larry Cappel, editou aqueles que viriam a ser os seus melhores discos, sempre como Tony Fox, o nome que mais ficou associado à sua enorme capacidade vocal, através de selos como Tri-Spin, Moon Shot, Mayfield, Calla, Mercury, Blaster e Emerald City.

    “Love, let love and be loved” faz parte do alinhamento do seu único Lp – “The beggining” – editado em 81 pela Blaster e marca o seu regresso aos discos depois de um longo intervalo de uma década.

    Uma tremenda canção Modern Soul, fortemente influenciada pelo mais independente Disco, que tem levado pistas ao delírio nos últimos trinta anos e que gerou a loucura dos mais obstinados colecionadores quando, muito recentemente, se descobriu que tinha tido uma edição em sete-polegadas que toda a comunidade desconhecia.

     

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