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Temps d’ Images

Temps d’Images celebra 20 anos em 2022 e regressa a Lisboa para dois Momentos de apresentação, na Primavera e no Outono, com obras que exploram o cruzamento entre a arte ao vivo e a imagem.Momento I decorre entre 5 de Maio e 19 de Junho e apresenta seis peças, quatro das quais em estreia absoluta, no Centro de Artes de Lisboa.

O Temps d’Images é um festival anual de artes que programa para a cidade e tem Lisboa como espaço de incentivo à criação, experimentação e inovação artística. Desde 2003, o TdI já apresentou mais de 70 projectos, muitos dos quais coproduzidos e em estreia no festival.João Bento abre a 20.ª edição do Temps d’Images com DeGelo – Diamante bruto, de 5 a 12 de Maio na Appleton, seguindo-se Documentário, dos SillySeason, no Teatro Meridional, de 19 a 22 de Maio. A 26 e 27 de Maio apresenta-se Ciclone, de Leonor Cabral, na BlackBox do Centro Cultural de Belém e, a 27 e 28 de Maio, Mas Onde Está a Espada?, de Isadora Alves, no Parque do Vale do Silêncio e no Alvito.Em Junho, de 3 a 5, Jenna Thiam, Catarina Rôlo Salgueiro e Surma trazem Para acabar com o julgamento de deus ao TBA, e Anima, de Pedro Baptista, encerra o Momento I do Temps d’Images 2022 no CAL- Centro de Artes de Lisboa, entre 16 e 19 de Junho.

Com criação, direcção artística e conceito por João BentoDeGELO – Diamante Bruto, estreia em Lisboa, na Appleton, a 5 de Maio, com apresentação até dia 12.Com esta obra, João Bento pretende dar voz a uma causa fundamental, a preservação do planeta através da consciencialização para a importância da água. A peça, viva e fluida, quer transmitir sensações e emoções associadas ao fenómeno natural de descongelamento, traduzindo-se numa experiência multissensorial. Um organismo em transformação.

A primeira estreia absoluta deste Momento I é Documentário, dos SillySeason, no Teatro Meridional, entre 19 e 22 de Maio.5 de Agosto de 2062. Interior, ao final da tarde. Uma família reúne uma equipa de filmagem: está tudo pronto para se documentar os últimos cinquenta anos das suas vidas que, indubitavelmente, acabam por atravessar o sabor dos tempos. Amargos, como limões, e por vezes doces quando irrompe a primavera com a sua fruta de época. Hoje atravessamos as quatro estações, que já se transformaram numa apenas. O clima não está favorável, mas está tudo pronto para documentar, voltar a fazer, reorganizar uma história que trata por verdades tantas mentiras, tantas. Em quem podemos confiar? De quem podemos desconfiar, quando se conta a História? A quem podemos confiar a História? Já se perdeu tanta gente, não já? Se cá estivessem, não poderíamos contar esta história, não poderíamos contar com a História.

Ciclone, de Leonor Cabral, é também uma estreia absoluta neste Momento I, que se apresenta a 26 e 27 de Maio na BlackBox do CCB. A partir dos diários meteorológicos do artista norte-americano Henry Darger, CICLONE investiga a ascendência da condição meteorológica sobre a condição humana: o desejo de transformar, de criar ordem no caos, de procurar novas realidades. Parte de uma observação objectiva do tempo atmosférico e do binómio previsão / acontecimento. O ciclo de expectativa /desilusão associado à previsão meteorológica é transposto para uma leitura mais humana, sendo que o corpo é o lugar privilegiado para esta pesquisa: lugar de destruição e reconstrução.

Mas Onde Está a Espada?, de Isadora Alves, é a terceira estreia absoluta neste primeiro Momento do Temps d’Images 2022 e acontece a 27 e 28 de Maio no Parque do Vale do Silêncio e no Alvito.É tripartida a pedra que dá origem à primeira lâmina. Não terá sido determinante para conhecer o interior, não terá precedido a caça nem a vontade de ferir. Contudo, de forma inevitável se foram desenhando novas histórias do corpo, através da espada.Mas Onde Está a Espada? é um trabalho site-specific que examina o fenómeno do canto, milagre arquitectónico, seguindo a tradição das Corner Pieces tais como as de Joseph Beuys ou Bruce Nauman. Múltiplo embora um, assim é a admiração por X, Y e Z. Esta peça edifica-se e desaparece em torno de concepções como a paisagem e a formação de tridimensionalidade, natureza e criação, o abstrato e o figurativo.

Para acabar com o julgamento de deus, de Jenna ThiamCatarina Rôlo Salgueiro e Surma, apresenta-se entre 3 e 5 de Junho no TBA e é também uma estreia absoluta nesta edição do Temps d’Images.Para Acabar com o Julgamento de deus é a obra-testamento de Antonin Artaud.Este poema radiofónico foi censurado na véspera da sua difusão, a 1 de fevereiro de 1948; Artaud morre um mês depois, deixando um legado de cartas que demonstram como se sentiu traído e incompreendido ao longo da vida. 74 anos mais tarde, a figura do poeta maldito encontrou justiça e o seu génio incontestado plana sobre quem quer fazer e, como ele, transcender o teatro.Como escrevem as criadoras, «neste espetáculo, que é emissão de rádio e experiência sensorial para o público, queremos dar uma resposta a Artaud: amar o poeta e revoltarmo-nos contra ele, no mesmo gesto artístico; recriar Para acabar com o julgamento de deus e ao mesmo tempo acabar com o nosso conceito de génio e de obras-primas. Como escreveu o próprio: “As obras-primas do passado são boas para o passado, não para nós. Temos o direito de dizer o que foi dito e mesmo o que não foi dito de um modo que seja nosso, imediato, direto, que responda aos modos de sentir atuais e que todo o mundo compreenda.”»

Entre 16 e 19 de Junho, no CAL – Centro de Artes de Lisboa, apresenta-se a obra que encerra este Momento I, Anima, de Pedro Baptista.Após o fim de um processo de construção e de apresentação de um espectáculo, uma actriz encontra-se estranhamente afetada por aquele trabalho que agora terminou. O seu corpo encontra-se em conflito: é como se algo tivesse nascido dentro dela – uma figura, um espírito? Não se sabe o que é. Ela coloca a possibilidade de o seu corpo estar sobre a influência de qualquer coisa (energias, espíritos?), algo que parece querer apoderar-se de si ou nela habitar.Entretanto, a companhia de teatro inicia o processo de construção de um novo espectáculo, Cassandra, mas as mazelas (físicas, psicológicas – tudo o mesmo) do último trabalho permanecem no corpo da actriz, comprometendo o seu bem-estar e disponibilidade na nova produção. Partindo deste conflito, dialoga-se aqui com questões relacionadas com ilusão, crença, espiritismo, teatro, etc. Acompanha-se a jornada desta mulher, na sua tentativa de resolução ou busca por uma resposta àquele fenómeno misterioso ao qual o seu corpo está agora sujeito.

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