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Arquiteturas Film Festival

Depois do hiato de 2020 devido à realidade pandémica, o Arquiteturas Film Festival regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, de 1 a 6 de junho, com o apoio da Antena 3.

A 8.ª edição do festival, cujo tema é “Bodies Out of Space”, é uma excursão sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro das suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que, muitas vezes, é retirada ou forçada a representar o nosso corpo. Contra algumas suposições atuais, vemos este paradigma percetivo — um epítome da visão dos nossos tempos — como fundamentalmente social, espacial e corporal. Nasce, a partir desta reflexão, uma vontade de pensar ativamente sobre a nossa responsabilidade como espetadores, enquanto percorremos este labirinto de desigualdades como descendentes diretos da exploração do espaço e dos corpos.

No Arquiteturas Film Festival, procura-se representar, a cada edição, documentários, ficções, animações e filmes experimentais com relevância para a divulgação da arquitetura portuguesa contemporânea, ao nível nacional e internacional. A edição de 2021 não é diferente, tendo sido dividida em três pilares distintos: seleção oficial, programação de competição na programação do país convidado.

Como também já é habitual, todos os anos o Arquiteturas Film Festival procura um ponto de foco sobre o qual desenvolve e explora a sua programação. Este ano, o festival está de olhos postos na produção cinematográfica saída de Angola, onde a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitetura e na sua memória coletiva. As vozes do cinema angolano, que se tornam cada vez mais sonantes, têm a curadoria da jornalista, escritora e produtora Marta Lança (BUALA).

No dia 1 de junho, o arranque do festival dá-se com o filme Para Lá dos Meus Passos, da dupla Kamy Lara e Paula Agostinho. Nesta narrativa, cinco bailarinos de diferentes regiões angolanas exploram os conceitos de tradição, cultura, memória e identidade, refletindo sobre o papel destes pilares na sua imagem e nas suas vidas.

Destaca-se, também, a estreia em sala do filme português Body-Buildings, realizado por Henrique Pina. Um encontro entre dança, arquitetura e cinema, Body-Buildings apresenta seis retratos coreográficos em seis locais portugueses distintos, numa fusão de conceitos e até de identidades. Se no trabalho coreográfico conta com os nomes de Tânia Carvalho, Vera Mantero, Victor Hugo Pontes, Jonas&Lander, Olga Roriz e Paulo Ribeiro, na vertente da arquitetura conta com a participação de Eduardo Souto Moura, Aires Mateus, Álvaro Siza, João Luís Carrilho da Graça, João Mendes Ribeiro, Menos é Mais Arquitectos e Paulo David. Em 2021, esta longa-metragem conquistou o prémio de Oustanding Achievement no americano Dance Camera West.

O Arquiteturas Film Festival apresenta, ao todo, 36 filmes divididos em 22 sessões, de países como Portugal, Itália, Israel, Alemanha, França, Bélgica, Países Baixos, Polónia, Ucrânia e Canadá. Também já se conhecem os jurados que irão premiar os filmes nas categorias Prémio Novos Talentos, Melhor Ficção, Melhor Filme Experimental e Prémio do Público. São eles a antropóloga visual Inês Ponte, a artista plástica Fernanda Fragateiro, a realizadora Fernanda Polacow, o realizador Richard John Seymour e o arquiteto e fundador da Galeria Antecâmara Pedro Campos Costa.

E porque nem só de filmes vive o festival, os visitantes podem assistir ao Ciclo de Debates África Habitat, organizado em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, e ter acesso a instalações dos artistas angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Durante o festival, decorre, ainda, uma exposição sobre os cineteatros de Angola organizada pelo arquiteto Afonso Quintã, que inclui material documental original do icónico Cine-estúdio do Namibe (1973-74), projetado pelo arquiteto José Botelho Pereira.

Mais informações e programa completo no site oficial: arquiteturasfilmfestival.com