As vertigens são um sintoma frequentemente associado a doenças dos ouvidos e afetam cerca de 10% da população mundial. Neste consultório contamos a preciosa colaboração da Doutora Maria Manuel Henriques, médica Otorrinolaringologista.

 

A vertigem é um sintoma comum, que corresponde a uma ilusão de movimento. Pode ser rotatória (o meio ambiente parece andar à volta), mas também se pode manifestar como uma sensação de deslizamento para um dos lados ou para cima e para baixo. 

Afeta até 10% da população mundial, sem limites de idade. Normalmente, é acompanhada por outros sintomas, como náuseas, vómitos, dores de cabeça, palidez, aumento do batimento cardíaco e perda de consciência. 

As causas de vertigem podem ser múltiplas e não é incomum haver mais do que uma doença associada. É mais frequente estar associada a doenças dos ouvidos, mas também pode ser sinal de doenças neurológicas, cardiovasculares, infeciosas, autoimunes, ou, até, traumáticas. 

Não há forma de prevenir um primeiro episódio de vertigens e o tratamento depende da causa que está na sua origem. Nalguns casos, pode até desaparecer espontaneamente. 

 

As vertigens não são uma doença, mas sim um sintoma que pode ocorrer em diversas patologias. A palavra vertigem provém do latim vertere que significa girar ou movimento giratório. A vertigem, ou síndrome vertiginoso, define-se como uma distorção do movimento do corpo no espaço. Para percebermos o que provoca a vertigem devemos entender todo o mecanismo envolvido na manutenção do equilíbrio. 

 

 

De um modo geral, as vertigens resultam de uma lesão a nível do ouvido interno, nos seus recetores periféricos, nas vias que conduzem as informações recolhidas ou a nível dos centros do sistema nervoso central que processam essa informação. 

As perturbações da visão e de um tipo especial de sensibilidade (propriocetiva) existente na pele, ossos, músculos e articulações de todo o corpo podem também provocar tonturas cuja distinção das vertigens pode ser muito difícil. 

As vertigens integram-se num conjunto mais vasto de perturbações, ditas vestibulares, que são muito comuns. Por exemplo, nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 35% da população com idade superior a 40 anos tenha tido pelo menos um episódio de doença vestibular. 

 

É necessário distinguir vertigens de tonturas: as tonturas são uma designação genérica que engloba todas as situações onde ocorre um distúrbio das relações do indivíduo com o espaço, devendo as vertigens ser consideradas uma forma particular de tonturas. Esta distinção nem sempre é fácil, sobretudo nos quadros de grande ansiedade ou quando as tonturas ocorrem num contexto de uma doença psiquiátrica. 

 

Sintomas 

As vertigens, ou síndrome vertiginoso, podem acompanhar-se de tonturas, de uma sensação de leveza na cabeça ou de desmaio, perda de equilíbrio ou instabilidade. 

 

A duração dos episódios pode variar entre alguns minutos até horas e, frequentemente, são acompanhados por náuseas e vómitos intensos. De um modo geral, as cefaleias, a fala arrastada, a visão dupla, a fraqueza de um dos membros superiores ou inferiores e os movimentos descoordenados são sinais de que a vertigem é causada por um distúrbio neurológico cerebral e não um por um problema limitado ao ouvido. 

Os idosos ou aqueles que utilizam medicamentos para doenças cardíacas ou para a hipertensão arterial podem apresentar tonturas ou desmaiar quando se levantam abruptamente. Isto acontece devido a uma descida momentânea da tensão arterial (hipotensão ortostática) que dura apenas alguns segundos. Pode muitas vezes ser evitada pondo-se de pé mais lentamente ou usando meias compressivas. 

 

Causas 

Existem inúmeras causas para as vertigens. O corpo deteta a postura e controla o equilíbrio através de órgãos do equilíbrio localizados no ouvido interno. Esses possuem conexões nervosas com áreas específicas do cérebro que permitem manter o equilíbrio. Daí que vertigem possa ser causada por distúrbios do ouvido, dos nervos que ligam o ouvido ao cérebro ou do próprio cérebro – em otites agudas ou crónicas mais agressivas, as substâncias tóxicas podem propagar-se para o ouvido interno e interferir no bom funcionamento deste para o equilíbrio. Pode também estar relacionada com problemas visuais ou com alterações súbitas da tensão arterial, mas também com labirintite, neurite, traumatismo crânio-encefálico, tumores do nervo auditivo ou cerebrais, acidentes vasculares cerebrais, meningite, ototoxicidade por determinados medicamentos, barotraumatismo por variação de pressão, entre outros. Uma arritmia cardíaca, uma hipoglicémia, uma descida brusca da tensão arterial, a ansiedade que leva o paciente a constantes inspirações profundas, podem originar quadros de síncopes confundidos com vertigens. Também a mudança de graduação das lentes dos óculos pode provocar este quadro. 

 

A causa mais comum é a doença do movimento, que pode ocorrer em qualquer indivíduo cujo ouvido interno é sensível a determinados movimentos, como o balanço ou as travagens e acelerações bruscas. Essas pessoas podem sentir-se particularmente tontas durante viagens de carro ou de barco. Este tipo tende a ser mais comum nas mulheres e é mais frequente em pessoas idosas, nem sempre se sabendo precisamente qual a sua causa. Em alguns casos, esta condição ocorre após um traumatismo craniano, redução do fluxo sanguíneo em certas regiões do cérebro, uma infeção viral, após uma cirurgia ao ouvido ou aleitamento prolongado. 

 

A doença de Ménière ocasiona crises episódicas e abruptas de vertigem, juntamente com zumbidos nos ouvidos e surdez progressiva. 

Podem ainda ser causadas por infeções bacterianas ou virais, tumores, pressão anormal, inflamação de nervos ou substâncias tóxicas que afetem as estruturas referidas. A nível cerebral, ocorrem no contexto das enxaquecas, após um acidente vascular cerebral, na sequência de episódios transitórios de isquemia ou na esclerose múltipla. 

 

 

Diagnóstico 

O diagnóstico passa pela história clínica e pelo exame médico do sistema auditivo ou do sistema nervoso. Alguns testes permitem provocar um episódio de vertigem e, desse modo, ajudam a perceber qual a sua causa. Exames como audiometria, impedanciometria, potenciais evocados, electro ou videonistagmografia, posturografia e exames imagiológicos (tomografia computorizada ou ressonância magnética) são frequentemente utilizados. 

 

Tratamento 

Alguns casos não requerem tratamento, desaparecendo de modo espontâneo. Noutros existem determinadas manobras que podem ser executadas e que permitem controlá-las. Dependendo da sua causa existem outras possibilidades de tratamento como fármacos anti-inflamatórios ou antieméticos (se existirem vómitos significativos) entre outros. 

 

Prevenção 

Qualquer pessoa pode sentir vertigens e não existe nenhum modo de prevenir um primeiro episódio. Uma vez que causam uma forte sensação de desequilíbrio, é importante evitar situações nas quais possa ocorrer quedas. 

 

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