Assinala-se hoje o Dia Mundial da Obesidade. Sabia que cerca de 30% da população portuguesa é obesa? Neste consultório médico falamos desta patologia, reconhecida como doença há apenas 20 anos.

Portugal foi um país pioneiro no reconhecimento da Obesidade como doença crónica, pela Direção-Geral da Saúde, em março de 2004. Apesar disso, nos últimos 20 anos vimos assistindo a um aumento na prevalência desta doença.  

No último estudo realizado em Portugal, concluiu-se que 28,7% da população adulta portuguesa vive com Obesidade, mas se adicionarmos os adultos com pré-obesidade, a percentagem cresce para uns preocupantes 67,6%. 

Tal conduz a um aumento na prevalência de outras doenças para as quais a Obesidade constitui fator de risco, como a diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares. 

Além de interferir, marcadamente, na qualidade de vida da população portuguesa, a Obesidade constitui um enorme fardo económico sobre o nosso sistema de saúde. Tal foi evidenciado, recentemente, no estudo desenvolvido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), o Custo e Carga da Obesidade em Portugal. 

Está presente um estigma associado à doença que dificulta o seu diagnóstico e a implementação de estratégias para a sua prevenção e tratamento efetivo. O estigma está presente na própria pessoa com Obesidade e na sua família, desvalorizando a condição e evitando procurar ajuda, nos profissionais de saúde que se focam nas comorbilidades associadas à doença e evitam abordar a raiz de todos os problemas, na própria sociedade que considera, muitas vezes, que as pessoas com obesidade apenas não se querem esforçar e não cumprem recomendações de estilos de vida saudáveis. 

Os programas de saúde prioritários da Direção-Geral da Saúde (Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável e Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física) têm dado o seu contributo mediante estratégias de prevenção da doença. Apesar da implementação destas estratégias, mais de um quarto da população nacional entre os 25 e os 74 anos de idade apresenta-se com obesidade. 

Existe um fundo biológico para o desenvolvimento desta doença e não se pode enveredar pela fórmula simplista de “mexer mais e comer menos” como única estratégia eficaz no seu combate. 

Em julho de 2021 foi conseguido um importante avanço mediante a publicação de um conjunto de recomendações da Assembleia da República ao Governo de então. Contudo, muitas dessas medidas nunca chegaram a ser implementadas. 

A Obesidade é, efetivamente, uma doença crónica, extremamente complexa, de carácter recidivante, de etiologia multifatorial e de expressão pandémica em que muito ainda falta fazer para a sua prevenção e para o seu efetivo tratamento. 

O combate à Obesidade, em Portugal, terá de contar com o esforço conjunto de múltiplos parceiros, pois não existe uma solução mágica para esta doença. Em primeiro lugar, o estabelecimento de políticas de literacia em saúde eficazes, desde o ensino básico, que possam alertar e sensibilizar as famílias para a importância de estilos de vida saudáveis, mas, também, que apoiem de forma efetiva e continuada a acessibilidade dos mais carenciados a estas medidas. 

A sensibilização de todos os profissionais de saúde para o diagnóstico da doença e a necessidade de uma intervenção atempada e eficaz para todas as pessoas com Obesidade e não apenas para aqueles com formas mais graves da doença ou múltiplas comorbilidades associadas. 

De seguida, a comparticipação dos fármacos para terapêutica médica da obesidade, que permitam a que as pessoas que realmente precisam tenham acesso ao tratamento da doença e a possam realizar durante o tempo necessário até atingirem sucesso terapêutico. 

Por fim, a maior acessibilidade a terapêutica cirúrgica daqueles que podem beneficiar desta opção, sem as limitações inerentes ao elevado tempo de espera no Sistema Nacional de Saúde.  

Apenas com o esforço conjunto poderemos modificar o paradigma atual, atuando tanto ao nível da sensibilização para a doença junto da sociedade civil, como ao célere diagnóstico por parte de todos os profissionais de saúde, implementação de estratégias de prevenção multidisciplinares, modalidades de tratamento acessíveis a todos os que dele carecem 

Fonte: www.speo-obesidade.pt

 

OBESIDADE 

O que é 

A obesidade é um grave problema de saúde e a sua prevalência está a aumentar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde. Dada a enorme prevalência mundial, a OMS considerou a obesidade como a pandemia do século XXI. 

 

Tratamento 

A obesidade pode ter vários tipos de abordagem terapêutica: 

  • Há doentes em que a alteração do estilo de vida, dos seus hábitos alimentares e de atividade física podem ser suficientes para promover a perda de peso; 
  • Outros poderão necessitar de terapêutica medicamentosa, para conseguirem um emagrecimento sustentado no tempo; 
  • A terapêutica endoscópica, via cirurgia endoscópica (Endosleeve) ou através da colocação de balão intragástrico, poderá ser também uma opção em determinados doentes; 
  • Por último, a cirurgia, designada de cirurgia da obesidade ou cirurgia bariátrica (do grego, Baros – peso), é outra alternativa para o tratamento dos doentes com excesso de peso. 

 

Prevenção 

Uma das regras mais importantes para evitar o excesso de peso e obesidade é manter o gasto calórico (as calorias que despendemos no dia-a-dia) igual ou superior à quantidade de calorias ingeridas, adequando a ingestão de calorias ao gasto diário. Devem ser seguidas algumas recomendações para controlo do peso: 

 

  • Seguir as recomendações da Roda dos Alimentos, adotando uma dieta equilibrada e variada, rica em legumes, cereais integrais, fruta e peixe e pobre em açúcar e gorduras saturadas – presentes, por exemplo, nas gorduras processadas industrialmente (hidrogenadas), carnes vermelhas, manteiga, e laticínios gordos. 
  • Conhecer os alimentos: saber que tipo de nutrientes está a fornecer ao seu organismo e qual o seu perfil calórico. 
  • Comer a cada 3 a 4 horas: fracionar as refeições ao longo do dia, numa quantidade que lhe permita sentir-se saciado, evitando demasiada fome na próxima refeição. Um bom truque é iniciar as refeições principais com sopa de legumes sem batata. 
  • Manter-se ativo: praticando com regularidade (se possível, diariamente) uma atividade física do seu agrado. Prefira deslocar-se a pé e passeie ao ar livre. 
  • Ter um peso saudável: em caso de excesso de peso, deve recorrer ao acompanhamento de um nutricionista e do seu médico assistente. 

Fontes:  www.lusiadas.pt e www.cuf.pt 

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