O avô era guitarrista de fado e ofereceu-lhe a primeira viola e os primeiros acordes. Deixou o grupo de baile pelo fado e acompanhou Fernando Maurício e Amália, tinha apenas 20 anos. Músico, fadista e produtor, tem a marca em dezenas de canções. 

Numa entrevista ao DN há dois anos, quando fez 40 de carreira, explica a relação que tinha com Amália. 

“Se existe qualquer coisa a que nós chamamos Deus – temos de ter uma palavra para chamar essa entidade superior – ele não pode ser justo porque pôs tudo dentro da Amália e tão pouco dentro de nós. A Amália era um ser humano onde tudo estava. É difícil uma pessoa ser inteligente e arguta ao mesmo tempo, uma coisa colide com a outra, mas ela era. 

O seu canto revela a inteligência, o bom gosto, a afinação, o swing, estava tudo dentro da Amália. A nossa relação era familiar. Eu não sou muito ligado ao passado mas gosto de algumas recordações. E uma das que mais gosto é o que ela escreveu no primeiro cd que gravei com ela – Amália volta a cantar Frederico Valério: “Jorge Fernando, gosto de si como filho”. Nem sequer era como um filho, ou seja, se a Amália tivesse tido um filho gostaria que tivesse sido eu. Isto para relatar como ela era connosco, guitarristas.”