No dia internacional da internet segura, Elsa Veloso, advogada especialista em proteção de dados fala-nos dos perigos da internet, com especial foco na defesa e proteção de crianças e jovens, que “no último ano se tornou bastante desafiante devido à Inteligência artificial e ao Metaverso.

Há uns dias uma jovem, com menos de 16 anos, ou melhor, o seu avatar, foi atacado e abusado sexualmente por um grupo de desconhecidos. Foi uma violação virtual em grupo. Apesar de fisicamente não haver qualquer dano, as autoridades britânicas consideram que ela ficou psicologica e emocionalmente afetada como alguém que tivesse sido violada no mundo real. O tema é polémico e nem todos concordam com a opção. 

Elsa Veloso, anossa advogada especialista em privacidade e proteção de dados e CEO, da DPO Consulting, conhece o caso e espera que este seja levado à justiça.

“As pessoas e os menores ficam traumatizados, são efetivamente assediados e sentem-no fisicamente”, porque a sensação do Metaverso, do mundo virtual, “é extremamente física e real”.

Na sua opinião, seja no mundo virtual, seja online, “relativamente ao Metaverso, as violações, os bullyings, todas as formas de chantagem ou de extorsão de dinheiro não estão devidamente reguladas”. Principalmente a garantia de “proteção das crianças e dos jovens” que considera essencial. 

Elsa Veloso acredita que não é só no mundo virtual que o perigo é muito real. E aponta o dedo às redes sociais. “As redes sociais transmitirem esta política dos “likes”, em que as pessoas sabem nomes e marcas, mas esqueceram-se de aprender dos animais e as plantas. E, portanto, estão desligados do mundo real, do mundo concreto, do dia-a-dia, vive-se da dopamina constante”. 

Além disso, “com a inteligência artificial, vamos assistir a um incremento substancial das deep fakes, fake news, que vão confundir por completo as crianças e os jovens, que não têm capacidade crítica, nem estão preparados para distinguir o que são notícias falsas e notícias verdadeiras. Basta ver o que aconteceu com a Taylor Swift onde a imagem dele foi usada para fins pornográficos”.

 

Uma das primeiras regras, para esta especialista, devia ser a garantia de que as redes ou as plataformas não são usadas por quem não tem a idade legal prevista para o fazer. Isto “não garante tudo, mas é uma primeira linha. Os três A – Amazon, Alphabet e Apple e os 2 M`s – Meta e Microsoft têm que ser responsabilizadas e usar todas as ferramentas para evitar a violência online.” 

Elsa frisa também o caso do Tik Tok que “está a ser proibido e banido, a ter coimas altíssimas, porque existe uma invasão enorme da privacidade. Existe ainda uma transferência de dados para a China. Não existe proteção relativamente aos menores e existem técnicas para viciar, que é a palavra certa. Neste momento a China tem como saber dados de todas as crianças europeias. Gostos, preferências, etc, isto é de um perigo enorme”. 

O apelo final é para os pais. Para que estejam atentos. “Os mais novos não podem estar sozinhos, permanentemente, ligados aos computadores, às redes sociais. Sem falarem, sem brincarem, sem interagirem, sem ganharem capacidade crítica. Eles têm de ganhar capacidade crítica através do mundo real”.   

Contudo, a nossa convidada considera o gaming bastante perigoso. Além de criar dependência, o que não falta são predadores a procurar alvos frágeis e vulneráveis. “É muito importante a família perceber que tem supervisionar. Se os filhos foram sair para uma discoteca os pais querem saber com quem vão, como vêm, ou vão mesmo lá levá-los ou buscar.

A verdade é que há um controle da parte dos pais com as saídas e não há com a internet. Há uma falsa sensação de segurança em ter o filho no quarto até às 5 da manhã a jogar.

A internet é um lugar mais perigoso do que a rua!

Os pais têm que ser sensibilizados para o facto dos adolescentes não terem maturidade suficiente para estar neste meio, sem supervisão, à mercê de predadores mais velhos.”  

Elsa Veloso deixa-nos 5 dicas fundamentais para protegermos crianças e adolescentes no mundo digital

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