Em julho de 2023, António Casimiro Pereira estava a trabalhar no computador e recebeu um email do cartão de crédito Universo a indicar que necessitava de fazer uma atualização da aplicação do telemóvel. Para concretizar a atualização tinha de clicar no link que lhe era apresentado. Decidiu resolver a situação de imediato, “não fossem depois fazer alguma coisa ao cartão”.

“Confesso que não reparei que o email poderia ser suspeito, por causa do endereço. Vinha com um endereço que mais tarde reparei que não era do Universo. Carreguei no link e fui parar a um site idêntico ao do cartão Universo, onde dizia que ia receber um código no telemóvel para aceder e dar continuidade à atualização da aplicação. Recebi a mensagem no telemóvel, abri e tinha lá o código de quatro dígitos. Coloquei o código na página que tinha aberta no computador, mas na verdade estava no site fictício, mas para mim era o site verdadeiro! Depois aparece uma nova mensagem a dizer que tinha ultrapassado o tempo e que ia receber uma outra mensagem. O telefone dá sinal de uma mensagem com novo código… e voltou a dizer que tinha ultrapassado o tempo. Entretanto decidi ligar o telemóvel ao computador, para ser mais rápido, e assim o código aparecia no ecrã do computador e conseguia colocar logo. Fiz isso, e depois aparece um novo email do cartão Universo a dizer que a minha password tinha sido alterada bem como o código de acesso, e aí percebi que algo de errado se estava a passar”. 

António ligou de imediato para a entidade gestora do cartão Universo a explicou o que tinha acontecido. Pedi a anulação do cartão e dos acessos diretos à aplicação. “E fiquei descansado, porque disseram que tinham feito a anulação, e para me dirigir a qualquer balcão da Worten ou Continente para reativar o cartão. Descansaram-me ao referirem que estava tudo tratado. Isto foi a uma sexta-feira, e na 2ª feira fui a uma loja da Worten. Lá disseram que o cartão Universo iria entrar em contato comigo dentro de uma semana, mas não entraram! Então passada uma semana voltei à Worten e disseram que ainda não estava ativo um novo acesso. Fizeram uma reativação do pedido e continuei descansado. Mas não diziam nada. Até que decidi ir ao balcão do Continente, passado duas semanas… 

Lá me colocaram em linha com a entidade do cartão e qual não é o meu espanto quando me dizem que tinham sido retirados 1500€, em duas transações. Uma 900 e outra de 600!

Pedi para me reativarem a conta e expus a situação. Disseram que não havia nada a fazer, tinha de pagar e apresentar queixa na polícia. Passado 3 ou 4 dias é que consigo aceder à conta e verifico que as transações tinham sido feitas cerca de 6 horas depois do meu primeiro contato com a linha de apoio a clientes do Cartão Universo, quando pedi o cancelamento do cartão”. 

António acabou por fazer queixa na GNR, que mais tarde conduziu o processo para a Polícia Judiciária, e entrou em contato com a DECO para ter apoio jurídico.

“A DECO mandou cartas para a entidade do cartão Universo, sei que trocou um conjunto de correspondência, e a primeira reposta que dão é que tinha de pagar porque dei os meus dados! É verdade, mas se eles tivessem feito o cancelamento de imediato quando pedi nada disto tinha acontecido”. 

Após várias trocas de correspondência com a entidade gestora do cartão Universo, a DECO enviou o caso de António para o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo. “Mas, entretanto, tive de pagar os 1500€. Fui chamado à Polícia Judiciária para fazer a queixa-crime… e passado algum tempo recebi uma carta do Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo a referir que a entidade gestora do cartão Universo tinha assumido a responsabilidade e que iria devolver os 1500€. Tudo isto ficou resolvido em novembro!” 

Toda a situação não deixou de ser um pesadelo para António que conclui que “a entidade que gere o cartão não tem e nem oferece nenhuma segurança! É que os burlões fazem de tudo. Eles conseguiram cativar os meus dados, utilizar os meus acessos e até aumentaram o plafond do cartão que era de 750€ para 1500€. 

António salienta ainda a importância de “agir em tempo útil”. “Temos de estar atentos às novas tecnologias e ao que recebemos. Confirmar sempre primeiro com a entidade se realmente aquilo é verdade ou não” 

DIOGO MARTINS, JURISTA DA DECO, esclarece que o phishing nada mais é do que “enganar as pessoas para darem os seus dados bancários para poderem aceder às contas, aos cartões de crédito, e daí fazerem o que bem entenderem, fazendo-se passar pela entidade bancária.”

Por norma as pessoas recebem um email, ou SMS ou até mesmo uma chamada telefónica. Este caso do senhor António é muito importante e um bom exemplo. É que ele seguiu à risca o que deve ser feito. Caiu no engano, mas percebeu logo de imediato que algo de errado tinha acontecido, e entrou em contato com o banco. Fez a reclamação, andou em cima do assunto e pediu a nossa ajuda. Andou atento, fez várias reclamações e soube pedir ajuda. É verdade que ele forneceu os dados inicialmente, mas a questão é que o dinheiro saiu da conta depois de o cliente ter dado o alerta à entidade financeira. Tomámos conta da reclamação, passámos para o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo, e a entidade gestora do cartão Universo acabou por assumir a responsabilidade”.  

Diogo Martins recomenda que quando se recebe algo suspeito, a solicitar dados, deve-se sempre entrar em contato com a entidade financeira para confirmar a veracidade. “Se por acaso já tiverem fornecido certos dados têm de entrar em contato com a entidade bancária e fazer a reclamação de imediato por carta, por email ou até no livro de reclamações!” 

 

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