A Casa de Mateus, os bens materiais e imateriais que se abrigam sob o nome Casa de Mateus, nunca foi e não é a mais rica do país. No atribulado século XIX português, a Casa de Mateus perdeu grande parte das suas propriedades, como aconteceu a muitas outras casas senhoriais. Mas ao contrário de quase todas as suas congéneres, a Casa de Mateus nunca “caiu”. Quer isto dizer que nunca saiu da mesma família, catorze gerações sucessivas desde o séc. XVII, e quer isto dizer que manteve o seu edifício de representação e manteve o espírito que a caracterizou desde muito cedo: uma aristocracia culta, empenhada em manter viva a identidade da família continuando a sua obra cultural, social e económica na região. O gesto crucial para que tudo na Casa de Mateus se mantenha vivo e coeso durante muitas mais gerações foi do penúltimo Conde de Vila Real: em 1970 transformou a Casa de Mateus, de que era o herdeiro, numa fundação. A fundação replica a lógica do morgadio, o regime que durante séculos vigorou na Casa de Mateus. A saber: indivisa, os seus herdeiros não detêm outro poder sobre a Casa de Mateus que não o da sua administração que é confiada a um só deles. O Património Nacional beneficia assim de um precioso serviço inteiramente prestado por privados.