O rei medieval era itinerante. Administrava o reino deslocando-se no território e contactando diretamente com os seus súbditos. Quando, em muitos locais, não havia palácio ou casa digna para pernoitar, o Rei acampava. Montavam-se arraiais, como se dizia à época, e o Rei instalava-se na tenda que lhe cabia para comer e dormir, rezava ao altar móvel que transportava consigo, etc, etc. Ora, D. João I, que só se separava da sua amantíssima Rainha por motivo de força maior, vai levar D. Filipa de Lencastre a parir infantes ao longo do reino. Literalmente. O casal não se separava nem quando o rei tinha de viajar e a rainha estava grávida. Assim, parte dos infantes e infantas do prolífero casal nasceram pelos caminhos de Portugal: D. Duarte em Viseu, D. Isabel em Évora, D. João e D. Fernando em Santarém. Mas o caso mais flagrante foi o do nascimento do Infante D. Henrique: os reis e o seu séquito saíram da zona de Leiria no início de Fevereiro de 1394 e chegaram ao Porto no final do mês. Vinte e tal dias de viagem. A criança nasceu uma semana depois.