Foi, durante demasiado tempo, um dos problemas da historiografia portuguesa: a falta de rigor metodológico e a obediência cega às hierarquias fez com que gerações e gerações de historiadores citassem os seus antecessores sem verificarem as fontes em que eles se tinham baseado. Ou, pelo menos, sem porem em causa as conclusões dos decanos. Com as novas gerações de historiadores é uma tendência, felizmente, em declínio. Luís Soares Carneiro, o Professor de História da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto que investiga sobre teatros europeus do séc. XVIII, é lapidar no que ao Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) diz respeito: como é que foi possível andar-se tantos anos a escrever que o TNSC é uma réplica do San Carlo de Nápoles? Basta olhar para as fachadas e para a planta de um e de outro teatro para se ver que o nosso TNSC não replica o napolitano. É incrível como um erro tão grosseiro foi replicado em sucessivas publicações ao longo de tantas décadas, não é?