A Igreja do Sagrado Coração de Jesus é a peça mais importante da arte moderna religiosa em Portugal. À época provocou pasmo e desagrado entre muitos dos fiéis e é curioso observar como, ainda hoje, 50 anos depois, há quem ache este complexo (é muito mais do que uma igreja) desagradável. Tal como a grande maioria dos não-iniciados em História da Arquitetura não compreendem nem apreciam muitas das obras do grande Le Corbusier (para dar um exemplo), este monumento nacional não gera adesão popular. Mas a verdade é que, ao contrário do que usa dizer-se, os gostos discutem-se, sim, e, acima de tudo, educam-se. As explicações do arquiteto José Manuel Fernandes neste Visita Guiada são disso uma prova cabal. Mesmo que se continue a resistir a “habitar” o espaço projetado por um grupo de jovens arquitetos liderados por Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas nos anos 60, há que reconhecer a audácia, o rasgo, a atualidade da obra. Que continue desconcertante é mais uma prova da sua dimensão original. À partida, a grande maioria das pessoas só consegue gostar daquilo que (re)conhece.