Esta ópera de Verdi censurada desde o seu início por retratar a morte de um monarca, suscita uma conversa com o cirurgião cardio-toráxico José Fragata sobre o trabalho de grupo, tal como numa ópera, que uma cirurgia representa. O chefe Vítor Sobral vai criar uma receita para a divina Callas , eternizada nesta ópera, que ressuscitada viria a Lisboa. Os Sabores Líricos não só mudam finais trágicos à história como mudam finais trágicos de Divas! Uma Amélia moderna, na voz de Catarina Molder é perseguida por um homem mascarado, na noite Lisboeta. O consultório da voz revela o que é uma partitura. Os Amor Electro presenteiam-nos com uma versão pop sinfónica do famoso lamento de Amélia “Morrò ma prima in grazia”.
Um Baile de Máscaras de Giuseppe Verdi parte de um libreto escrito por Scribe para outro compositor. O título seria Gustave III, retratando a morte do rei liberal da Suécia às mãos de conspiradores políticos, durante um baile de máscaras. Este projecto sofre múltiplas censuras até levar a acção para uma longínqua Boston colonialista e transformando o Rei num inofensivo conde, Riccardo de Warwick. Sempre presente o tema do destino fatal ao qual se está predestinado, esta ópera de 3 actos retrata um amor proibido com um desenlace trágico.
Riccardo, conde Warwick e governador de Boston dá uma audiência onde o seu pagem Óscar lhe mostra a lista de convidados para o Baile de Máscaras. O conde fica radiante ao deparar com o nome de Amélia. Mas a mulher que ama, é esposa do seu conselheiro e fiel amigo Renato, facto que o enche de má consciência. Renato chega alertando que conspiram contra a vida do conde e que ainda não descobriu os culpados. Um juiz intervém, exigindo um pedido de expulsão da feiticeira Ulrica. Óscar defende a velha senhora alegando que esta é inofensiva e apelando ao conde para ver com os seus próprios olhos. Dito e feito Riccardo dirige-se mascarado de pescador à cabana da vidente. Também Amélia se dirige aos concelhos de Ulrika, queixando-se da sua paixão proibida. Ulrica diz-lhe que ela terá de ir à montanha sozinha, à meia-noite apanhar uma erva especial. Quando Riccardo lhe dá a mão para ler, Ulrika fica muito perturbada e diz-lhe para partir, mas este insiste e finalmente a feiticeira revela-lhe que será morto pelo primeiro homem que lhe der um aperto de mãos. Neste instante Renato chega e aperta-lhe a mão. Riccardo não leva a sério o vaticínio e ri na famosa Ária “schezo e folia.
Amélia morta de medo dirige-se à montanha deserta, na escuridão da noite onde canta a sua grande ária “Ecco l’orrido campo”. Riccardo junta-se a ela, mas eis que surge Renato dizendo que os conspiradores estão perto para o matar. Amélia vela o seu rosto. O conde pede ao amigo para levar a dama oculta e por nada revelar a sua identidade, que ele seguirá outro caminho. Os salteadores acabam por apanhar Renato e desvelam o véu da dama: é Amelia.
Renato decide matar a mulher. Esta pede-lhe que a deixe antes de morrer, despedir-se do único filho de ambos na comovente ária “Morrò ma prima in grazia”. Renato poupa-lhe a vida , mas decide que Riccardo tem de pagar. Os conspiradores chegam e tiram à sorte quem deverá matar o conde. O conselheiro exige que seja Amélia a tirar o nome: Renato.
No baile, graças às indicações involuntárias de Óscar, o conselheiro identifica o conde mascarado. Amélia também e suplica-lhe que parta, que a sua vida corre perigo. Riccardo diz-lhe que o amor deles tem de acabar e que a enviará e ao marido para Inglaterra. Despedem-se. Renato aproxima-se e apunhala-o dizendo “eis também o meu Adeus”. Antes de morrer o conde assegura a Renato que Amélia é inocente e pede a todos que não o vinguem.