“A ópera Os contos de Hoffmann é a derradeira tentativa do compositor francês Jaques Offenbach, de compor uma ópera séria. Muito conhecido pelas suas operetas irressítíveis e pelo famoso Kankan, Offenbach morre sem terminar esta opera, suscitando múltiplas e diferentes versões.
Numa taberna em Nürenberg, a musa aparece, tomando a aparência de Niklausse (nesta opera interpretado por uma mulher) o fiel companheiro de Hoffman, explicando que tem sido responsável pelo fracasso de todos os amores do poeta, para ele se devotar inteiramente à poesia. A primadona Stella, a actuar na ópera Don Giovanni de Mozart, envia um bilhete a Hoffmann, marcando encontro para aquela noite, no seu camarim, depois da récita. O bilhete e a chave do camarim são interceptados por Lindorf, que assume em toda ópera várias versões do espírito maléfico do poeta. Os estudantes chegam à taberna e pedem a Hoffmann para lhes cantar a Balada de Kleinsack. A meio da história em vez de descrever a cara do anão, Hoffmann começa a divagar, obsecado com a imagem de Stella, que amou outrora. De seguida, propõe contar a história dos seus três malogrados amores. O primeiro Olimpia, uma linda boneca de corda. O seu inventor Spalanzani, apresenta-a ao poeta como sua filha. O cientista Coppelius, que lhe construi os olhos, quer uma participação financeira da invenção. Chegam convidados para ver o prodígio. Esta canta a famosa ária “Les oiseau dans la charmille” em que vai ficando sem corda. Hoffmann dança maravilhado com Olimpia, que vai levando mais corda, num crescendo vertiginoso até se desconjuntar toda, perante o olhar horrorizado do poeta.
Em Munique, Hoffmann conhece o seu segundo amor: Antónia, uma jovem cantora lírica com tuberculose. Sempre que Antónia se lembra da sua defunta mãe, também cantora, começa a cantar piorando a sua condição.O seu pai Crespel , tem-na fechada. Hoffmann aparece e apaixonam-se. O doutor Miracle chega convendo Crespel que tem a receita para a cura da sua filha e embora Hoffmann tente fazer ver que o doctor Miracle é o espírito do mal,Miracle alicia Antónia a cantar, dizendo-lhe que não se pode perder um talento assim. Saca do seu violino e toca frenéticamente até a jovem sucumbir, desaparecendo logo a seguir. Quando o pai regressa e vê a filha morta, culpa Hoffmann do sucedido.
Em Veneza, na galeria de um palácio à beira do Grande canal, os convidados esperam a bela cortesã Giulietta, que canta com Niklausse a famosa Barcarole “Belle nuit, ô nuit d’amour”. Giulietta acompanhada do seu amante Schlemil convida todos para uma partida de cartas. Dapperttutto tira um grande diamante do bolso e revela o meio de fazer Giulietta apaixonar-se por Hoffmann. É só olharem para o diamante para este fazer as suas almas fundirem-se. Ambos caem apaixonados, Schlemil rancoroso quer vingar-se, desafiando Hoffmann para um duelo. Com a espada de Dapertutto, o poeta consegue matar o rival, obtendo ainda a chave do quarto de Giulietta. Nesse momento vê- a passar no canal, nos braços de outro amante.
Na taberna a história terminou, assim como a ópera Don Giovanni. Sem dúvida que Stella personifica os três amores de Hoffmann, mas este está tão embriagado que nem repara que é com Lindorf que a primadona sai do teatro.” Catarina Molder