Uma das maiores obras dramatúrgicas portuguesas de sempre, de António José da Silva, transformada em ópera de Marionetas pelo compositor António Teixeira fecha em grande esta 2ª série do Super Diva! Estreada no emblemático Teatro do Bairro Alto em Lisboa, esta ópera serve de mote para uma conversa e passeio pelos locais onde as Guerras de Alecrim e Manjerona terão sido apresentadas, com o grande comunicador de música clássica e ópera Jorge Rodrigues e ainda sobre a vida trágica de António José da Silva, morto pela inquisição ou sobre a carreira grandiosa de Luísa Toddi, que começou a brilhar no mesmo teatro. O Chefe Nuno Coelho irá fazer o jantar de bodas na Casa de Dom Lancerote, com muito alecrim e manjerona. O dueto “Moça tonta descuidada” desta ópera oitocentista, irá parar a uma discoteca com Catarina Molder e Luís Rodrigues e os Thunder & Co oferecem uma versão igualmente disco do oráculo do amor.
A didascália da peça, que acompanha o título, declara tratar-se de uma “ópera joco-séria, que se representou no Teatro do Bairro Alto de Lisboa, no Carnaval de 1737”.
Fala-se em ópera joco-séria porque, parodiando a ópera italiana, reclamava o apoio da música e do canto e era representada por meio de ‘’marionettes’’.O título da peça se explica pelo costume, no séc XVII, de as moças casadoiras se reunirem em blocos que tinham por insígnia uma flor.
É o seguinte o seu entrecho: dois caça-dotes, Gil Vaz e Fuas, procuram aproximar-se de duas irmãs ricas, Clóris e Nise, para isso utilizando, o primeiro, do seu criado, Semicúpio. Este, arma os maiores estratagemas para introduzir o seu patrão na casa da pretendida, mas acaba por se enamorar de Sevadilha, criada de Clóris. Entretanto, D. Lancerote, tio das meninas, deseja casá-las com D. Tibúrcio, primo delas. No final, desfeitos todos os equívocos, casam-se os pares e Semicúpio com Sevadilha.
Guerras do Alecrim e da Manjerona, de Antônio José da Silva é uma Ópera Joco-Séria dividida em duas partes, representada no Teatro do Bairro Alto de Lisboa, no carnaval de 1737. A peça narra às peripécias de dois caça-dotes D. Fuas e D. Gilvas tentando conquistar o “amor” de duas irmãs ricas, dona Nize e dona Clóris, ambas participantes de ranchos carnavalescos rivais que tinham por insígnia a manjerona e o alecrim respectivamente. D. Fuas com o auxílio de seu Criado Semicúpio, por sua vez apaixonado por Sevadilha criada de dona Clóris e D. Gilvaz com a ajuda de Fagundes criada da casa, armam as maiores estratagemas para se aproximarem das moças e driblar os cuidados de D.Lancerote tio das moças que pretende casar uma delas com seu sobrinho D. Tibúrcio e enviar a outra para o convento. Tudo termina pelo casamento entre D. Fuas e dona Nize, D. Gilvas e dona Clóris e Semicúpio com Sevadilha contrariando os planos do tio das moças.
É na época das Arcádias que surge o teatro de António José da Silva, o Judeu.
A sua obra – Guerras do Alecrim e Manjerona – é uma célebre peça levada à cena em 1737.
Nesta peça, considerada a sua obra-prima, o autor faz uma sátira a diversos aspectos da sociedade portuguesa da época: a rivalidade entre dois ranchos (alecrim e manjerona), os exageros barrocos, a medicina retórica e balofa, e a decadência moral dos fidalgos. Teatralmente, a obra revela um grande progresso relativamente às produções anteriores de António José da Silva e é largamente responsável pela sua reputação.
Guerras de Alecrim e Manjerona é uma ópera originalmente de marionetas composta pelo compositor português António Teixeira, a partir da obra homónima do grande dramaturgo António José da Silva, o Judeu. Ambos autores com finais de vida trágicos, António José da Silva morre ainda jovem, na fogueira da inquisição e António Teixeira desaparece na força voraz do terramoto.
Estreada no Carnaval de 1737, no emblemático teatro do bairro alto, onde se apresentavam óperas para o povo, com uma forte presença de texto falado, intercalado com números musicais, esta ópera traça uma pesada crítica à sociedade da época, à nobreza falida, à medicina balofa, à justiça ineficaz, num hino ao engenho humano de enganar o seu mais próximo. Semicúpo faz antever o Fígaro do Barbeiro de Sevilha que virá bem mais tarde…
A obra Guerras do Alecrim e Manjerona é uma sátira violenta adocicada pelos cantares e pela música que sempre acompanham as peças. Segundo a tradição, travara-se em Sintra, entre o grupo dos Pisões e o dos Seteais, uma batalha de flores. Partidários uns do alecrim e outros da manjerona, as relações entre as pessoas de diversas categorias sociais azedam-se e chegam a atingir as raias do absurdo. Protesto enérgico e irónico, é um libelo contra os preconceitos da época e mete a ridículo homens e instituições. O cultismo das academias, a que se opõe a linguagem chã e cheia de pilhéria de Semicúpio, o maneirismo dos poetas e de suas árias e a falsidade dos contactos humanos são algumas das linhas de força propostas por António José da Silva.
A ação decorre em Sintra mais precisamente na quinta de Don Lanzarote . Eis que surgem as suas duas sobrinhas D. Nise e Dona Clóris com o rosto coberto, com a sua criada Sevadilha, perseguidas pelos caça-dotes don Fuas e D. Gil Vaz e pelo criado Semicúpio. Depois de muitas declarações amorosas e piropos as raparigas cedem e prometem voltar a vê-los, permitindo ao criado Semicúpio ficar a conhecer a sua morada e oferecendo a cada um ramo de Manjerona e outro de Alecrim, desafiando-os a ver qual deles faria durar mais cada raminho e assim conquistá-las e a criada Sevadilha oferece também um malmequer ao criado Semicúpio. Semicúpio segue-as e informa os seus falidos e famintos senhores de que as raparigas a quem eles se declararam nãp são nada mais nada menos que as suas vizinhas , as ricas sobrinhas de Don Lanzerote, que fez fortuna com minas e que o velho tem a casa tão bem fechada e guardada que seria melhor desistirem da empresa. Ambos depositam as suas esperanças na astúcia do criado. Fagundes, outra criada de Don Lanzerote, procurando as duas raparigas, acaba por revelar a D. Fuas que uma das sobrinhas irá casar com um primo rico que virá escolher uma delas no dia seguinte e a outra irá para o convento. Este promete-lhe alvísseras em troca de um encontro com Nise. Fagundes diz-lhe para aparecer à noite debaixo da cozinha que logo lhe dirá o que fazer”Dona nise há-de ser sua apesar das cautelas do tio e das carícias do noivo”. O sobrinho Tibúrcio chega mostrando a sua avareza, tomado de interesse pela criada, fica ecandalizado pelo tio deixar as moças aderirem às rivalidade dos dois ranchos do alecrim e da manjerona ao qual o tio reponde que desde que não custe dinheiro não vê porque não. Semicúpio inicia o seu plano e simula uma indisposição aguda que uma balde de água gelado lançado por Fagundes vem acalmar. Dom Lancerote vendo o criado a tremer de frio pede a Sevadilha para o cobrir com o seu capote.
Clóris, do reino do alecrim surge e pergunta a Semicúpio qual o oficio de seu amo ao qual Semicúpio responde que há-de ter o oficio de defunto quando morrer e tem muitas posses incluindo uma quinta entre o quarto e o sexto dia da semana, tão grande que são necessárioas 24 horas para se percorrer toda. Nise encantada dá recado a Dom Gilvaz para ter paciência e ser persistente, que ela será sua. Semicúpuio parte levando o capote de Dom Lancerote “ Se a ocasião faz o ladrão então hei-de sê-lo para não perder a ocasião. Don Lanzerote fica furioso com Sevadilha por esta ter deixado roubar o capote ameaça rasgar-lhe a capa n odueto hilariante “Moça tonta, descuidada. Entretanto Semicúpuio “césar dos alcoviteiros” dá boas novas a Don Gilvaz e vêm Don Fuaz ir ter com Nise, subindo as escadas lançadas por Fagundes perante a senha mangerona, decidem aproveitar, Don Gilvaz consegue entrar mas Fagundes acaba por atirar com o Semicúpio das escadas abaixo, que parte levando-as consigo. Don Fuaz fica muito espantado por encontrar outro encapiçado e pede contas a Dona nise, que diz nada saber. Zangam-se. Entretanto Don Gilvaz convence Fagundes a ir buscar Clóris e jura-lhe amor eterno.Sevadilha afogueada avisa Clóris que o velho está a acordar que os intrusos devem partir sem demora se ir embora, mas como se as escadas foram levadas, a porta está fechada e a chave debaixo do traveiro do tio. Dom Lancerote chama Fagundes e Sevadilha. Perante a emiente descoberta dos intrusos, Semicúpio lança o alerta de que a casa está a arder. Saiem todas para fora e Semicúpio com os dois amos prontificam-se a apagar o fogo ao que Don Lancerote fica muito agradecido. Entretanto Fagundes tenta intoduzir Dom Fuaz escondido dentro de uma caixa, na casa, mas esta está tão pesada que pede ajuda a Semicúpuio, que ali vê uma oportunidade para introduzir Dom Gilvaz tb dentro da casa, entrando este dentro da caixa. Tibúrsio faz a corte a Sevadulha que o escorraça. Dom Lancerote queixa-se da sua indecisão e sentam-se ambos ao pé da caixa, alicia-o enumerando o seu dote. A caixa aos saltos acaba por atirá-los ao chão. Fogem todos com medo do que a caixa pudesse conter, ficando apenas Dona Nise desejosa de finalmente encontrar Don Gilvaz, só que o primeiro a sair da caixa é Dom Fuas e Dom Gilvaz cheio de cíumes, declara Nise infiel, esta parte com Fagundes, Clóris procura Don Fúas, mas Don Gilvaz pensando que é Nise continua a injuriá-la e como está tudo às escuras os dois amigos pensando-se inimigos batem-se em duelo, mas não acertam em nada pois estão às escuras. Entretanto Don Lancerote e Tiburcio tentam ganhar coragem para abrir a caixa, mas sendo os dois grandes medrosos, Semicúpio aproveita para os por um contra o outro dando um par de estalos a cada um que pensa que foi outro…Nise vem ter com Dom Gilvaz, mas encontra Don Fuaz, pede-lhe para o ajudar a ver Clóris. Esta diz-lhe para esperar na alcova. Entretanto Don Gilaz sai do caixote e mais uma vez cupla Nise de infidelidade, que farta de ser injuriada vai-se embora. Depois de esclarecida a situação Don Lancertoe mandra chamar as sobrinhas para Tibúrcio escolher definitivamente uma delas. Mas semicúpio aparece com os seus amos mascarados de mulheres e alega que aquele senhor se meteu e prometeu casar àa duas filhas. Escandalizado Don Lancerto e expulsa Tibúrcio de casa, que fica com um cólica de nervos tão grande que está a morrer e claro quem virá será Semicúpio “Se não há filosofia natural porque não haverá medicina…” e o que não mata engorda.
“Cada um é senhor da sua vida e pode-se curar como quiser…” Fagundes a semear e nós a colher…