Noiserv e Inês Sousa fazem parte da mesma família de bandas – a Pataca, que tem debaixo da sua alçada tanto os You Can’t Win, Charlie Brown (de que Noiserv faz parte) como os Julie & The Carjackers (de que Inês Sousa faz parte). Por isso foi simples ‘convencer’ a colega e amiga a entrar na aventura do Festival da Canção, para representar a última música da 2.ª Semifinal.

No Facebook, alguns seguidores quiseram saber por que não se escolheu David como intérprete da própria canção.

Achei que o desafio mais engraçado era fazer uma música para outra pessoa, que era uma coisa que nunca tinha feito. Para perceber como é que outra pessoa podia cantar as minhas músicas que são feitas sempre num ambiente muito “eu sozinho” e que acabam por ter uma vida que é só a minha e achei que era giro outra pessoa poder cantar isso; e porque achei desde o princípio que o convite era mais com a ideia de conseguir criar estes dois momentos: o momento de composição e o momento de interpretação, confessou-nos.

Os ingredientes que compõem a canção que escolheu apresentar no Festival são os mesmos que usaria num trabalho em nome próprio, mas a voz veio alterar aquilo que seria expectável de um tema cantado por si.

As minhas canções não têm a estética mais festiva que associo geralmente ao Festival da Canção. Mas se me convidaram foi porque queriam uma coisa feita numa estética Noiserv. Portanto a música não fugirá àquilo que à partida são as músicas de Noiserv, mas neste caso com outra pessoa a cantar.

Precisamente por isso, seria fácil encontrar este novo tema num disco de David Santos. Os dois primeiros discos do cantor e compositor são em inglês, o último disco (editado no ano passado) é maioritariamente instrumental mas tem já três canções cantadas em português – o que faz com que o tema que escreveu para o Festival tenha vindo muito no caminho dessas.

Estava já com as melodias e as métricas portuguesas na cabeça. Eu não sou nada defensor da ideia de que se somos portugueses temos de cantar em português, eu acho que independentemente da língua percebe-se que somos portugueses por outras coisas e não pela língua em que estamos a cantar, mas fez-me sentido que, se vamos representar o nosso país lá fora, que a nossa língua de alguma forma possa estar lá. E por isso escolhi que fosse em português.

A canção n.º 8 da 2.ª Semifinal será cantada por Inês Sousa e chama-se Se o Tempo Não Falasse. Foi a última a ganhar nome – e intérprete – e é também a última que ouviremos nas semifinais deste ano. Mas participar no evento, para Noiserv, tem um carácter diferente de qualquer outra edição.

Quando o convite foi feito numa ideia não de mudar o conceito do Festival – porque não é como se fosse mau – mas que de repente houvesse aqui uma nova geração dos músicos da minha idade a fazer novas músicas, é um orgulho fazer parte disso. Esse quase preconceito que poderia haver com o Festival – de ser antiquado ou não apelativo – deixa de existir. 

No dia 26 de fevereiro estamos assim todos convidados para assistir a um renovado Festival da Canção, feito de intérpretes, também eles, da nova geração.