Muitas vezes não é do conhecimento geral que a flora intestinal tem um papel determinante na manutenção da saúde do nosso organismo, estando na linha da frente no que respeita às nossas principais defesas. A flora intestinal é responsável por prevenir e atacar infeções, doenças nervosas, tumores e até o excesso de peso. Uma boa saúde digestiva e um cuidado regular com a flora intestinal podem garantir uma maior qualidade da saúde geral.

O Dr. João Ramos e o Pf. Jorge Fonseca, gastroenterologista, responderam a algumas questões do nosso público.

 

A microbiota intestinal, comumente chamada de Flora Intestinal é o grupo de bactérias que vivem no intestino, auxiliando em vários processos, como a digestão de alimentos e monitorando o desenvolvimento de microorganismos que causam doenças.

Cuidar bem da flora intestinal é fundamental para manter a saúde do organismo e prevenir problemas que possam causar patologias futuras. Existe uma diversidade enorme de bactérias espalhadas no sistema digestivo, utilizando o corpo humano como hospedeiro, sendo a maioria encontrada no cólon, que é a parte mais longa do intestino grosso.

 

Para manter a flora intestinal equilibrada, o consumo de alimentos probióticos é de fundamental importância para deixar o organismo em ótimo funcionamento. São responsáveis por diversas atividades benéficas, como:

  • Previnem diversas infecções causadas por microorganismos como: bactérias patológicas, leveduras e fungos, equilibrando o pH da flora intestinal.
  • Combatem infecções devido à produção de antibióticos naturais, que são absorvidos pelo sangue.
  • Melhoram o processo de digestão, contribuindo para produção de enzimas responsáveis pela degradação de nutrientes complexos, ajudando em uma melhor absorção dos mesmos;
  • Reduzem as diarreias, a obstinação e os gases intestinais
  • Eliminam diversas toxinas;
  • Melhoram o aspecto da pele, deixando-a com aparência mais saudável;
  • Estimulam o sistema imunológico;
  • Normalizam a produção de vitaminas do complexo B e K no intestino;
  • Reduz a absorção de moléculas de colesterol.

 

A alimentação é um fator primordial para manter o equilíbrio da flora intestinal. Se não houver um hábito de mastigar bem os alimentos, eles chegarão mal digeridos no intestino, causando problemas como:

  • Menor absorção dos nutrientes, uma vez que o organismo absorve partículas simples e menores.
  • O alimento mal digerido acarreta em uma maior multiplicação de bactérias ruins, devido à fermentação que é causada por estes alimentos mastigados de forma incorreta, disputando espaço com as bactérias benéficas.

 

 

É necessário fazer uma alimentação correcta com alimentos que facilitem o processo digestivo, tais como frutas e legumes, que são, tipicamente, ricos em fibra, carnes brancas e peixes não gordos, por serem mais leves e de fácil digestão, iogurtes, que garantem a ingestão de probióticos, água, entre outros. O sedentarismo também não ajuda e o stress, aliado a refeições rápidas, muitas vezes em pé, ao balcão de um café, são tudo factores que podem levar a uma má saúde digestiva. Além destes factores, o uso recorrente de medicamentos como anti-inflamatórios e antibióticos causam um crescimento do número de casos de sensibilidade digestiva.

 

A obstipação e flatulência são normais num bebé, principalmente nos primeiros 3-6 meses de vida. Mais do que a influência da qualidade do leite materno como resultado da alimentação da mãe, estes problemas digestivos dos bebés são comummente resultado do estado nutricional da mãe e da fisiologia da mama. Quando começamos a diversificar a alimentação da criança, devemos, então, incentivar à ingestão de alimentos realmente bons, o menos processados possível.

 

Nosso intestino tem um ritmo que avisa o momento da evacuação e, se este aviso não for seguido, talvez só volte a acontecer no dia seguinte

Quem não vai à WC com a frequência ideal e não evacua em quantidade suficiente pode ter problemas no futuro.

O uso inadequado de laxantes, pode causar colite (inflamação do cólon), aparecimento de distúrbios anatómicos pélvicos devido a pressão peristaltica, deslocamento retal e doenças anais, como hemorroidas, fissuras e até fístulas.

Casos mais graves, problemas disfuncionais e lesionais podem contribuir para o aparecimento de diverticulite (inflamação nos apêndices do cólon) e até obstruir o intestino, necessitando de uma cirurgia de emergência para libertar a passagem.

Além dos problemas de saúde, a prisão de ventre pode causar, desconforto intestinal, gases em excesso e cólicas pelo acúmulo de fezes.

Um intestino que funcione não significa, no entanto, que você tenha de ir ao WC todos os dias. Neste caso, não existe regra para o hábito intestinal.

A frequência pode variar de três vezes ao dia a três vezes por semana, dependendo da pessoa. O importante é que se tenha uma sensação de evacuação completa.

A evacuação tem de ser precedida por vontade de evacuar, não deve exigir esforço (força) e deve apresentar consistência pastosa.

A baixa ingestão de líquidos é outro fator que leva à prisão de ventre. Isso porque os líquidos ajudam a hidratar as fezes e melhorar sua consistência.