O que é o Programa Nacional de Vacinação (P.N.V.)?

É o esquema de vacinação proposto para toda a população, em que as diferentes vacinas e doses são distribuídas ao longo dos anos, desde o recém-nascido.
É um programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas presentes em Portugal. Apresenta esquemas de vacinação aconselhados, constituindo cada um deles uma receita universal.
As vacinas que fazem parte do PNV podem ser alteradas de um ano para o outro, em função da adaptação do programa às necessidades da população, nomeadamente pela integração de novas vacinas.

esquema vacina

Siglas utilizadas para a designação das vacinas
BCG – Vacina contra tuberculose;
VHB – vacina contra Hepatite B;
DTPaHibVip – vacina pentavalente contra Difteria, Tétano, Tosse convulsa, Poliomielite e Hemophilus influenzae b;
DTPaHib – vacina contra Difteria, Tétano, Tosse convulsa e Haemophilus influenzae b;
DTPaVIP – vacina contra a Difteria, Tétano, Tosse convulsa e Poliomielite;
MenC – vacina contra Neisseria meningitidis C (meningite);
VASPR – Vacina contra sarampo, papeira e rubéola; HPV – Vacina contra vírus do Papiloma humano [(a) apenas para raparigas];
Td – Vacina contra o tétano e a difteria.

 

Programa-Nacional-de-Vacinação

 

As vacinas são uma das armas mais eficazes da medicina contra uma grande variedade de doenças.

As vacinas são o testemunho de como a ciência tem evoluído no combate a epidemias e a diversas patologias que anteriormente eram mortais e hoje em dia estão controladas.

Fora do Plano Nacional de Vacinação existem outras vacinas que podem ser necessárias em situações particulares, como quando se viaja para países onde há um risco de infeção ou apenas para reduzir o risco de transmissão de doenças.

Como não constam do Plano Nacional de Vacinação não são gratuitas e a sua administração fica ao critério de cada cidadão. No entanto, poderão ser obrigatórias em caso de viagens.

Hepatite A
É pouco frequente em Portugal e geralmente não evolui para um estado crónico mas o vírus que a provoca pode estar presente na água e em alimentos.
Esta vacina é recomendada a quem vai viajar para países onde a incidência da doença seja alta ou haja um surto, mas também a quem padece de uma doença de fígado crónica.

Rotavírus
Este vírus é responsável pelos casos de diarreia aguda e gastroenterite nas crianças. Contrai-se por ingestão de água e alimentos contaminados e as formas mais graves podem originar desidratação. A vacina deve ser administrada às seis semanas e o reforço antes de completar seis meses.

Varicela
É uma doença contagiosa, frequente nas crianças, não tendo na generalidade dos casos consequências de maior. Nos adultos é menos frequente, mas tem manifestações mais graves, como insuficiência respiratória aguda. A transmissão do vírus faz-se por via respiratória ou contacto com as lesões cutâneas que provoca.

Pneumococo
Esta bactéria provoca otites, pneumonia, infeções de garganta e, mais raramente, meningite, mas na sua forma mais grave.

Gripe sazonal
Na generalidade dos casos, a gripe é uma doença que não acarreta complicações graves, mas a sua transmissão por via respiratória é rápida e nas pessoas debilitadas pode ter algumas consequências para a saúde.
A vacina deve ser tomada em outubro e novembro pelos grupos de risco, ou seja, por pessoas com mais de 65 anos, pessoas que estão internadas em centros hospitalares, portadores de doenças crónicas, grávidas no segundo ou terceiro trimestre e prestadores de cuidados de saúde.

Cólera
Esta infeção intestinal é provocada pela bactéria vibrio cholera que pode ser encontrada na água e comida. Os casos mais graves dão origem a desidratações que podem ser fatais.
A vacina é aconselhada a quem vai viajar para países onde existam surtos de cólera. É administrada em duas doses e a primeira deve ser tomada duas semanas antes da partida.

Febre amarela
Provocada pela picada de um mosquito, pode originar, nos casos mais graves, icterícia e quadros hemorrágicos graves.
A vacina é recomendada a quem vai viajar para zonas tropicais de África, América Central e do Sul. Deve ser tomada dez dias antes da viagem e deve ser reforçada passados dez anos.

Febre tifóide
Causada pela bactéria salmonella typhi, que pode contaminar água e alimentos, quando não é tratada pode originar complicações gastrointestinais.
A vacina é recomendada a quem vai viajar para países com surtos de febre tifoide. Deve ser tomada uma semana antes da viagem e deve ser reforçada a cada três anos.

vacina no braço


Que vacinas existem?
Pediátricas

O sistema imunitário do recém-nascido é ainda imaturo e inexperiente. Nos primeiros 3 meses de vida, os anticorpos da mãe, passados para o filho através da placenta, fornecem alguma proteção, embora não contra todas as doenças. Dos 3 meses até cerca dos dois anos de vida, altura em que o seu sistema imunitário já é suficientemente maduro, a criança continua a estar particularmente suscetível às infeções.

Estudos recentes comprovam que o sistema imunitário, desde o nascimento, é capaz de responder a inúmeros estímulos antigénicos, quer das vacinas quer dos agentes infeciosos, e portanto, embora a criança faça bastantes vacinas no seu primeiro ano de vida, não há que recear que todos esses estímulos vão sobrecarregar o seu sistema imunitário. Uma semana no infantário, a que algumas mães chamam o “infectário”, proporciona mais estímulos do que todas as vacinas que ela irá fazer ao longo da sua vida.

Por isso é fundamental vacinar as crianças precocemente, para evitar doenças graves como a tosse convulsa ou certas meningites, mais frequentes nos primeiros meses de vida, que podem causar lesões permanentes ou até fatais.

Algumas destas doenças estão eliminadas em Portugal, devido às vacinas, mas é bom não esquecer que hoje em dia estamos à distância de poucas horas de avião de países onde essas doenças existem, e se não mantivermos uma taxa de vacinação elevada corremos o risco de as ver reaparecer.

Mais recentemente entrou no PNV a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), agente responsável por cancro do colo do útero, que é administrada aos 13 anos, ainda dentro da idade pediátrica, embora vá proteger contra uma doença que só se manifesta já na idade adulta

Vacinas de adulto
Considerar que as vacinas são assunto de crianças e jovens é uma perspetiva cada vez mais desajustada da realidade. Nem tão pouco podemos reduzir a vacinação dos adultos à vacina antitetânica (com reforços cada 10 anos) e à vacina anual da gripe, sem que com isto estejamos a diminuir a importância do seu cumprimento em termos de Saúde Pública.

O envelhecimento inexorável do ser humano, com a consequente diminuição de defesas do organismo, o acometimento por doenças elas mesmo imunosupressoras ou então tratamentos com medicamentos imunodepressores ou a própria radioterapia, causem diminuição das defesas do organismo e condicionam mais risco de doenças infeciosas. Também a falta de baço ou o transplante de órgãos são situações que expõem a maior risco de infecções e, por isso, proteger por vacinação pode ser uma ajuda importante.

A vacina contra o pneumococo, agente frequente de pneumonias, é um dos exemplos claramente recomendada para os adultos com mais de 65 anos ou que mesmo mais novos tenham doença que condicione maior risco de infeção por esta bactéria, como por exemplo a diabetes e outras doenças crónicas. As pessoas que não tem baço, independentemente da razão (acidente, doença) tem maior risco também desta doença e deverão ser vacinadas contra o pneumococo e também contra a Neisseria meningitidis e o H. influenzae, causadoras de infeções generalizadas e meningites.

É também já possível vacinar contra a zona, uma doença causada pela reativação do vírus da varicela e que causa frequentemente no adulto, em particular nos mais idosos, uma doença caracterizada pelo aparecimento de vesículas cutâneas e depois crostas e que se pode prolongar por muito tempo com dor local intensa e incapacitante.

Vacinas viajante
No que se refere a vacinas para o viajante há algumas, de que é exemplo a vacina da febre amarela, que são mesmo obrigatórias na deslocação para alguns países onde existe risco da doença. Nessa situação a vacina terá que ser administrada a não ser que haja contra-indicação médica, devendo nesse caso ser emitida uma escusa médica. Outras, consideradas vacinas específicas para o viajante, são recomendadas em determinadas circunstâncias, que dependerão das condições de saúde de quem viaja, do local de destino e tempo de permanência entre outros aspectos: vacina da hepatite A, da febre tifóide, da encefalite japonesa, da encefalite da carraça, entre outras. Mas também as vacinas, ditas de rotina, tem nesta consultas a oportunidade de serem actualizadas.

Assim, vale a pena pedir ajuda médica antes de viajar para locais em desenvolvimento e/ ou com risco de doenças tropicais. A prevenção de muitas doenças, em particular infecciosas, é possível. As vacinas são uma das formas de o fazer com eficácia e segurança.

Reforços

A quantidade de anticorpos produzidos pela vacina ou pela doença natural vai diminuindo ao longo do tempo. Apesar disso, podemos geralmente contar com a memória imunológica para que este nível de anticorpos suba rapidamente ao entrar em contacto com o microrganismo. Nalgumas doenças é necessário ter um nível alto de anticorpos para haver proteção. Este problema tem particular importância no caso de doenças em que o tempo entre o contacto com o agente infecioso e o aparecimento da doença é curto, havendo toda a vantagem em ter de antemão um nível elevado de anticorpos, para evitar que surjam manifestações da doença antes de o sistema de memória imunológica ter tempo de promover a produção de anticorpos em quantidade suficiente. Nestes casos, pode haver necessidade de dar periodicamente doses de reforço, de modo a manter este nível alto. Há doenças em que, apesar de ser necessário um nível alto de anticorpos, o tempo de incubação é longo, permitindo que se faça uma dose de reforço mesmo depois do contacto com o agente infecioso, se já passou demasiado tempo após a última dose de vacina, como é o caso do tétano.

Não basta vacinar-se uma vez para ficar devidamente protegido. Em geral, é preciso receber várias doses da mesma vacina para que esta seja eficaz. Outras vezes é também necessário fazer doses de reforço, nalguns casos ao longo de toda a vida.

A vacinação, além da proteção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença.