A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica, cada vez mais frequente na nossa sociedade, e a sua prevalência aumenta muito com a idade, atingindo ambos os sexos e todas as idades.

Segundo o Observatório da Diabetes, em Portugal, 38,4% da população tem Diabetes ou Hiperglicemia Intermédia (Pré-Diabetes), sendo que, a Diabetes tem assumido, ao logo da década de 2000, um papel preponderante nas causas de morte.

Existem várias manifestações desta doença, que surgem em períodos distintos da vida dos indivíduos – Diabetes tipo 1, tipo 2, Hiperglicémia, Diabetes Gestacional.

As pessoas com Diabetes podem vir a desenvolver uma série de complicações, necessitando, por isso, de desenvolver um método de prevenção, através de um controlo rigoroso da hiperglicemia, da hipertensão arterial, entre outros, bem como de uma vigilância periódica aos órgãos mais sensíveis, como a retina, os nervos, os rins e o coração.

 

O que é a diabetes?

A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia.

 

Quem está em risco de ser diabético?

A diabetes é uma doença silenciosa que se pode desenvolver sem sintomas durante muitos anos. É uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos:

  • Pessoas com familiares diretos com diabetes;
  • Homens e mulheres obesos;
  • Homens e mulheres com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
  • Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez;
  • Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
  • Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
  • Quais são os sintomas típicos da diabetes?

 

Todas as pessoas em risco devem fazer análises. Quando já tem valores muito elevados, manifesta-se:

Nos adultos – A diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas:

  • Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria);
  • Sede constante e intensa (polidipsia) e secura na boca;
  • Fome constante e difícil de saciar (polifagia);
  • Fadiga;
  • Comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais;
  • Visão turva.

 

Nas crianças e jovens – A diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre eles encontram-se:

  • Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama;
  • Ter muita sede;
  • Emagrecer rapidamente;
  • Grande fadiga, associada a dores musculares intensas;
  • Comer muito sem nada aproveitar;
  • Dores de cabeça, náuseas e vómitos.
  • Feridas de cura lenta;
  • Infeções recorrentes;
  • É importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos.

Os sintomas surgem com maior intensidade quando a glicemia está muito elevada. E, nestes casos, podem já existir complicações (na visão, por exemplo) quando se deteta a doença.

 

Como se diagnostica a diabetes?

Se sentir alguns ou vários dos sintomas deve consultar o médico do centro de saúde da sua área de residência, o qual lhe pedirá para realizar análises ao sangue e à urina.

 

Pode ser diabético…

– Se tiver uma glicemia ocasional de 200 miligramas por decilitro ou superior com sintomas;

– Se tiver uma glicemia em jejum (oito horas) de 126 miligramas por decilitro ou superior em duas ocasiões separadas de curto espaço de tempo.

 

Que tipos de diabetes existem?

  • Diabetes Tipo 2 (Diabetes não Insulinodependente) – É a mais frequente (90 por cento dos casos).

O pâncreas produz insulina, mas as células do organismo oferecem resistência à ação da insulina. O pâncreas vê-se, assim, obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos.

Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos, consiste na adoção de uma dieta alimentar, por forma a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Recomenda-se também a atividade física regular.

Caso não consiga controlar a diabetes através de dieta e atividade física regular, o doente deve recorrer a medicação específica e, em certos casos, ao uso da insulina. Neste caso deve consultar sempre o seu médico.

 

  • Diabetes Tipo 1 (Diabetes Insulinodependente) – É mais rara.

O pâncreas produz insulina em quantidade insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situações. Como resultado, as células do organismo não conseguem absorver, do sangue, o açúcar necessário, ainda que o seu nível se mantenha elevado e seja expelido para a urina.

Contrariamente à diabetes tipo 2, a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e nos jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos.

Não está diretamente relacionada, como no caso da diabetes tipo 2, com hábitos de vida ou de alimentação errados, mas sim com a manifesta falta de insulina. Os doentes necessitam de uma terapêutica com insulina para toda a vida, porque o pâncreas deixa de a produzir, devendo ser acompanhados em permanência pelo médico e outros profissionais de saúde.

 

  • Diabetes Gestacional – Surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação. No entanto, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo.

A diabetes gestacional requer muita atenção, sendo fundamental que, depois de detetada a hiperglicemia, seja corrigida com a adoção duma dieta apropriada. Quando esta não é suficiente, há que recorrer, com a ajuda do médico, ao uso da insulina, para que a gravidez decorra sem problemas para a mãe e para o bebé.

Uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes.

 

Outras complicações associadas à diabetes:

Retinopatia – lesão da retina;

Nefropatia – lesão renal;

Neuropatia – lesão nos nervos do organismo;

Macroangiopatia – doença coronária, cerebral e dos membros inferiores;

Hipertensão arterial;

Hipoglicemia – baixa do açúcar no sangue;

Hiperglicemia – nível elevado de açúcar no sangue;

Lípidos no sangue – gorduras no sangue;

Pé diabético – arteriopatia, neuropatia;

Doenças cardiovasculares – angina de peito, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais;

Obstrução arterial periférica – perturbação da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés;

Disfunção e impotência sexual – a primeira manifesta-se de diferentes formas em ambos os sexos;

Infeções diversas e persistentes – boca e gengivas, infeções urinárias, infeções das cicatrizes depois das cirurgias.

 

O que é a insulina?

A insulina é uma hormonal hipoglicemiante segregada pelas células beta dos ilhéus de Langerhans do pâncreas, que é usada no tratamento dos doentes diabéticos. Pode ser obtida a partir do pâncreas do porco ou feita quimicamente e de forma idêntica à insulina humana através do uso de tecnologia do DNA recombinante ou da modificação química da insulina do porco.

Em Portugal só é comercializada insulina igual à insulina humana, produzida com recurso a técnicas de engenharia genética, sendo as reações alérgicas muito raras em virtude da sua grande pureza. No mercado estão disponíveis diversas concentrações de insulina. No nosso país, só se encontra disponível a concentração U-100 (1ml=100 unidades).

 

Por que é que a insulina é necessária para o tratamento da diabetes tipo 1?

Porque, nos doentes com a diabetes tipo 1, as células do pâncreas que produzem insulina foram destruídas, motivo pelo qual este produz muito pouca ou nenhuma insulina. Como sem insulina não se pode viver, a administração de insulina produzida laboratorialmente é um tratamento imprescindível de substituição.

 

Como se usa a insulina?

O tratamento com insulina é feito através de injeção na gordura por baixo da pele ou através da utilização da bomba de perfusão subcutânea de insulina.

Até à data o desenvolvimento científico ainda não conseguiu produzir nenhuma forma de insulina que possa ser tomada por via oral, uma vez que o estômago a destrói automaticamente.

 

Onde se injeta a insulina?

A insulina pode ser injetada na região abdominal, nas coxas, nos braços e nas nádegas. A parede abdominal é o local de eleição para uma mais breve absorção da insulina de ação rápida. Deve ser usada para as injeções realizadas durante o dia. A coxa utiliza-se preferencialmente para as injeções de insulina de ação intermédia, sendo a região das nádegas uma boa alternativa.

Deve proceder-se à rotação dos locais onde se administra a injeção, de forma a evitar a formação de nódulos, porque estes podem interferir na absorção da insulina.

 

O que significa ter a diabetes controlada?

Significa que os níveis de açúcar no sangue se encontram dentro dos parâmetros definidos pelos especialistas. É o médico que, de acordo com fatores como a idade, tipo de vida, atividade e existência de outras doenças, define quais os valores de glicemia que o doente deve ter em jejum e depois das refeições.

Convém lembrar-se de que os valores do açúcar no sangue variam ao longo do dia, motivo pelo qual se fala em limites mínimos e limites máximos.

 

Como se sabe se a diabetes está controlada?

Diariamente, é o doente que se analisa e vigia a si próprio, quer através do seguimento da alimentação correta e da prática de exercício, quer da realização de testes ao sangue e à urina em sua casa.

Consequentemente, a melhor forma de saber se a diabetes se encontra ou não controlada é realizando testes de glicemia capilar (picada no dedo) diariamente e várias vezes ao dia.

Se os valores estiverem dentro dos limites indicados pelo médico, a diabetes está controlada. Se não, o doente deve consultar o médico assistente.

 

Como prevenir a diabetes?

  • Controlo rigoroso da glicemia, da tensão arterial e dos lípidos;
  • Vigilância dos órgãos mais sensíveis, como a retina, rim, coração, nervos periféricos, entre outros;
  • Bons hábitos alimentares;
  • Prática de exercício físico;
  • Não fumar;
  • Cuidar da higiene e vigilância dos pés.

 

O que é a Hiperglicemia intermédia?

A hiperglicemia intermédia é o termo que substitui a expressão pré-diabetes. A hiperglicemia intermédia corresponde a um estado em que a glicemia está elevada (acima de 110 mg/dl) mas não o suficiente para diagnosticar Diabetes (acima de 200 mg/dl em qualquer altura do dia).

Em 2011 a hiperglicemia intermédia foi detetada em 26,5% da população portuguesa com idades entre os 20 e os 79 anos, não devemos esquecer que este valor não contempla os indivíduos que não fizeram qualquer teste de glicemia capilar.

A hiperglicemia intermédia é um grande fator de risco para o desenvolvimento de Diabetes. Nesta fase a alteração de estilos de vida através de uma alimentação saudável e prática regular de exercício físico pode ser suficiente para reverter a situação.

Se tem frequentemente a glicemia acima de 110 mg/dl consulte o seu médico assistente e peça um acompanhamento nutricional.

 

 

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