Doença inflamatória do intestino
A Doença Inflamatória Intestinal é uma condição na qual o intestino se torna vermelho, inchado e com presença de úlceras. As Doenças Inflamatórias Intestinais podem ser divididas em dois grupos principais: a Colite Ulcerosa e a Doença de Crohn. A designação de doença inflamatória intestinal aplica-se essencialmente à doença inflamatória crónica intestinal de causa desconhecida, uma vez que existem outras doenças intestinais inflamatórias ou infecciosas que não se encaixam nesta definição. Para lá da Doença de Chron e da Colite Ulcerosa, a doença inflamatória intestinal engloba também a colite indeterminada.
Tem-se verificado um aumento acentuado da incidência da doença nos países do hemisfério sul, embora continue a ser mais frequente nos países do hemisfério norte e nos estratos socio-económicos mais elevados. A idade de início da doença inflamatória intestinal apresenta dois picos de maior incidência, um entre os 15 e os 30 anos, e um segundo pico entre os 60 e os 80 anos, sendo este mais frequente na Doença de Crohn. A doença inflamatória intestinal não deve ser confundida com a síndrome do colon irritável, doença que afecta a contractilidade do cólon. Aqui nunca ocorre inflamação e é uma perturbação muito menos grave do que a doença inflamatória intestinal.
Quais as causas da Doença inflamatória Intestinal?
Não parece haver nenhuma característica comum entre as pessoas portadoras da Doença Inflamatória Intestinal. Qualquer pessoa pode desenvolver essa doença, independentemente do género, raça ou idade. As pessoas são mais frequentemente diagnosticadas entre os 15 a 25 anos e entre os 45 a 55 anos de idade. As causas são desconhecidas e, provavelmente, envolvem diversos factores. Provavelmente, existirá uma tendência genética que, ao interagir com factores ambientais, desencadeia uma resposta imunológica descontrolada que provoca o processo inflamatório crónico intestinal. O tabaco tem sido associado ao desenvolvimento de Colite Ulcerosa.
Como se manifesta a Doença inflamatória Intestinal?
As manifestações da doença inflamatória intestinal são diferentes para a colite ulcerosa e para a Doença de Crohn. No caso da Doença de Crohn, ocorre uma inflamação que atravessa toda a espessura da parede intestinal e que pode ocorrer em qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até o ânus. O sintoma mais comum é a dor abdominal, que pode estar associada a diarreia, hemorragia, perda de apetite, perda de peso, fraqueza, fadiga, náuseas, vómitos, febre e anemia. A cirurgia pode ser necessária, mas não cura a doença.
A colite ulcerosa ataca o revestimento interno do intestino grosso causando inflamação, ulceração e hemorragia. Durante uma crise de colite ulcerosa, os pacientes quase sempre apresentam diarreia com sangue associada a cólicas, cansaço, perda de apetite e perda de peso. A remoção do cólon é, em alguns casos uma opção terapêutica. Podem ocorrer outros sintomas não relacionados diretamente ao intestino tanto na colite ulcerosa como na Doença de Crohn. Dentro desses sintomas, destaca-se a artrite, com articulações inchadas, doridas e rígidas; úlceras orais; febre; olhos avermelhados, doridos e sensíveis à luz; erupções cutâneas.
Como se diagnostica a Doença inflamatória Intestinal?
O diagnóstico começa pela história clínica e pelo exame médico, sendo complementado por outros exames, nos quais se podem incluir análises laboratoriais ao sangue e fezes, estudos radiológicos e exames endoscópicos que permitem recolher amostras de tecido para estudo mais detalhado. É importante estudar todo o tubo digestivo de modo a avaliar a extensão e gravidade do quadro clínico. Uma vez que os sintomas da doença inflamatória intestinal são idênticos aos presentes noutras condições, é essencial que este diagnóstico seja rigoroso de modo a se optar pelo tratamento mais adequado. Por outro lado, o portador de doença inflamatória intestinal deve realizar estes exames regularmente, de modo a se poder acompanhar a evolução da doença e a resposta ao tratamento.
Como se trata a Doença inflamatória Intestinal?
O tratamento pode ser médico e/ou cirúrgico, dependendo do tipo de doença e da sua extensão. Esse tratamento deve ajudar a aliviar os sintomas e estimular a cicatrização das lesões intestinais. De um modo geral, esse tratamento evolui por etapas progressivas até se conseguir a resposta desejada. Interessa, igualmente, conseguir interromper as crises inflamatórias e prevenir futuras recaídas, o que é actualmente mais viável através das novas terapêuticas biológicas e imunomoduladoras. O controlo da inflamação permite, não apenas um importante alívio sintomático, como reduz a necessidade de cirurgia, de uso de medicamentos mais agressivos e de internamentos. O alívio dos sintomas pode ser obtido mediante o uso de medicamentos anti-diarreicos, anti-espasmódicos ou fármacos que ajudem a absorção alimentar. Todos estes medicamentos devem obedecer a uma prescrição médica.
Os aminosalicilatos e os corticóides são úteis nas fases aguda da doença e os imunomoduladores ou agentes biológicos são importantes quando as crises são frequentes de modo a reduzir a utilização de corticoides ou quando estes não são eficazes. A prevenção da osteoporose nesta doença é importante, uma vez que ela pode surgir como consequência de uma má absorção do cálcio ou como resultado do uso de corticoides. A cirurgia poderá ser necessária nas formas mais graves de doença inflamatória intestinal.
Como se previne a Doença inflamatória Intestinal?
Não existindo uma causa conhecida, estas doenças não podem ser prevenidas. A manutenção de uma boa saúde geral, de uma dieta equilibrada são formas importantes de reduzir as complicações desta doença, de evitar a perda de peso e a anemia. Não fumar é essencial e permite reduzir o número de agudizações da doença. Uma vez que a doença inflamatória intestinal aumenta o risco de cancro do cólon, é muito importante uma avaliação regular, com realização de colonoscopia, a intervalos definidos pelo médico. Assim será mais fácil diagnosticar e tratar precocemente qualquer complicação que possa surgir.