No primeiro Diga Doutor de 2019 devemos planear o novo ano no que toca à nossa saúde. No último Agora Nós de 2018, o Dr. João Ramos deu algumas resoluções de ano novo para a nossa saúde. Na primeira emissão de 2019 passamos da teoria à ação e o nosso médico preferido dá-nos dicas e faz algumas sugestões importantes para marcarmos já no nosso calendário de saúde para o ano novo.
1.Vá ‘às compras’ e aproveite para rechear a sua despensa com o que faz melhor ao nosso corpo
- Chá verde
Já são vários os estudos a ligar a L-tianina (presente no chá verde) à prevenção da gripe. Num deles, foi usada uma amostra de 197 trabalhadores da saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros. Desse total, 98 receberam cápsulas de L-tianina e 99 receberam placebo. A incidência de casos de gripe foi significativamente menor naqueles a quem foi dado este suplemento, com apenas 4 participantes do primeiro grupo a ficarem doentes.
Já no grupo a quem foi administrado placebo, esse número subiu para 13.
- Probióticos
Não vamos florear a situação: probióticos são bactérias, que tomadas na dose certa só trazem vantagens para o organismo, principalmente no reforço do sistema imunológico.
Um estudo alemão feito com uma amostra de 479 pessoas entre os 18 e os 67 anos veio provar que o consumo de três probióticos (Lactobacillus gasseri, Bifidobacterium longum SP, B. bifidum MF), durante três meses de inverno poderia influenciar na gravidade dos sintomas, incidência e duração da gripe comum.
O consumo de bactérias probióticas diminui os episódios de gripes e constipações em dois dias e reduziu a severidade dos sintomas em 20%.
É sempre bom relembrar que os probióticos encontram-se em alimentos comuns como o iogurte, os pickles ou o queijo envelhecido.
- Alimentos ricos em vitamina C
Durante décadas, a laranja foi sempre apresentada como o fruto com mais potencial de vitamina C do mercado. Mito. Existe uma vasta lista de alimentos mais ricos neste nutriente, como é o caso do kiwi, o camu-camu, a papaia ou o pimento vermelho cru.
Por isso, o ideal é apostar nestes alimentos o ano inteiro como forma de prevenção e de uma forma mais intensiva no inverno, altura em que o sistema imunitário precisa de uma dose extra de proteção.
- Leite dourado
Este leite é feito com base em bebidas vegetais, curcuma, mel e especiarias. A curcuma fortalece o sistema imunitário e é anti-inflamatória. Além disso, ao ser servido quente e com gengibre, junta-se o efeito termogénico, o que é bom para aquecer as noites frias.
- Kuzu
O Kuzu é um amido de uma raiz com origens na América do Sul e das montanhas do Japão. É usado na culinária como espessante – para engrossar molhos, por exemplo – mas tem fins terapêuticos muito variados.
Além de fortalecer o sistema imunitário, pode ser usado em casos de constipação ou gripes ainda em fase inicial.
Para atuar como revitalizante ou para evitar uma gripe mais forte, siga esta receita: dissolva uma colher de chá rasa de kuzu num pouco de água fria. Junte uma chávena de água fria e deixe levantar fervura enquanto mexe constantemente. Adicione uma pitada de sal ou um pouco de molho de soja.
2.Conjugue a atividade física com a prática da meditação
Toda a gente sabe que os ginásios estão a abarrotar quando começa um novo ano, mas o que nem toda a gente sabe é que, para além dos conhecidos benefícios da atividade física, temos ainda mais benefícios para a nossa saúde se a conjugarmos com a prática da meditação.
- Um estudo recente Wisconsin School of Medicine and Health concluiu que as pessoas que praticam meditação, complementada com exercício físico moderado, ganham defesas extra contra gripes e constipações.
A investigação teve em conta uma amostra de 149 pessoas, dividida entre quem praticava meditação, quem praticava meditação conjugada com exercícios de corrida ou bicicleta e, por fim, também por aqueles sem qualquer tipo de atividade.
Os resultados são surpreendentes: as pessoas que meditavam tiveram 27 episódios de sintomas relacionados com gripes e constipações, que duraram 257 dias e as que conjugavam a meditação com outro tipo de exercício, diminuíam esses episódios para 26, com duração de 241 dias.
Já as que não meditavam nem tinham qualquer atividade física, tiveram sintomas gripais 40 vezes, com uma duração total de 453 dias.
3.Limpe e areje a sua casa
Está frio e a verdade é que pouco apetece abrir as janelas para deixar a casa arejar. Mas é essencial, isto se quiser evitar que o seu quarto passe a ter o ambiente ideal para a propagação de vírus.
Além disso, há sempre vantagens em respirar ar fresco. Sair de um ambiente fechado e fazer uma caminhada num jardim só traz benefícios para a saúde.
Não existem milagres para um inverno sem gripes. Existem sim pequenas mudanças, como esta, que podem fazer a diferença e contribuir para que passe os meses mais frios sem espirros, tosses e constipações.
4.Agende as suas vacinas e as das suas crianças
As vacinas antigripais e antipneumónica devem ser tomadas antes do início do inverno.
As crianças devem seguir o calendário vacinal do Plano Nacional de Vacinação e seguir a ordem de visita ao pediatra ou médico de família que está definido no boletim infanto-juvenil.
5.Marque já as suas consultas de rotina
Muitas pessoas deixam esta prática para o final do ano, mas pode planear com antecedência e programar já as datas das consultas e exames necessários consoante o seu sexo e idade.
Os adultos homens devem fazer as suas consultas de rotina uma vez por ano e, a partir dos 50 anos, ter uma vigilância mais apertada, nomeadamente no que toca à saúde da próstata.
As mulheres devem ter, para além da prevenção habitual igual à dos homens, atenção à saúde ginecológica uma vez por ano ou quando há sintomas. A vigilância da tiroide deve também ser muito mais frequente no sexo feminino.
Controle a medicação e partilhe dúvidas com o seu médico. Não se esqueça de levar sempre às consultas os últimos exames e a lista dos medicamentos que está a tomar.
6.Agende com antecedência exames mais invasivos
Os homens devem fazer uma colonoscopia total a cada 5 anos desde os 50 anos.
As mulheres devem fazer uma mamografia a partir dos 40/50 e a cada 2 anos.
A partir dos 65 anos deve fazer-se uma densitometria óssea e um ecocardiograma uma vez por ano.
7.Marque as intervenções cirúrgicas necessárias
Se for necessária alguma intervenção cirúrgica, mesmo que pequena, programe-a para uma altura de férias ou em que tenha apoio familiar garantido.