Estávamos em 1984. A Milupa detinha a marca de flocos de cereais “Miluvit”. Precisava de a lançar no mercado com uma imagem que causasse impacto e agradasse mães e crianças por volta dos 4 anos. O trabalho foi encomendado a uma agência de publicidade onde trabalhava Mariana Botelho Neves, A mesma passou a criação do boneco a José Maria Pimentel que pertencia à agência Intermarco-Espiral (que viria a dar origem à Publicis).

O nosso convidado conta que criar o personagem não foi um processo muito elaborado ou demorado. José Maria Pimentel rapidamente percebeu o que queria para esta marca, para esta campanha. “Tinha de ser um miúdo de 4,5 anos, que suscitasse ternura, com aspeto rural, daí as jardineiras e o chapéu de palha, o estar descalço”, diz ao “Agora, Nós”.

O criativo revela que “Vitinho” foi inspirado no seu imaginário infanto-juvenil, mais concretamente em Huckleberry Finn, o fiel companheiro de Tom Sawyer, personagens do escritor norte-americano Mark Twain. Mas também tem um pouco dele, José Maria Pimentel, e da primeira filha, a Ágata, que, na altura, tinha 2 anos.

É então em 1986 que “Vitinho” se estreia na RTP. O boneco animado dava as boas noites às crianças portuguesas, na rubrica “Boa Noite”, que teve 4 temporadas e durou até 1997.

Pouco mais de 30 anos depois do nascimento do “miúdo”, como gosta de o chamar, José Maria Pimentel dá nova vida ao “Vitinho”, agora em livro. Publicou “O Grande Livro do Vitinho” e deu início a uma coleção de 20 livros.

Os dois primeiros já editados têm por título “Um dia eu vou ser grande!” e “É a dormir que se cresce!”. E, cada um deles, tem uma temática, um propósito. “Um dia eu vou ser grande” é um estímulo, uma motivação à autonomia e à autoconfiança. “É a dormir que se cresce!” é um apelo, sensibiliza para as rotinas saudáveis.

José Maria Pimentel gostaria de ver novamente o “Vitinho” no pequeno ecrã. Mas, agora, com um formato diferente, com um propósito mais atual. “Oxalá cada história dos livros dê um desenho animado para televisão”, declara.