Os seres humanos passam cerca de um terço da sua vida a dormir, e nas crianças esta atividade ainda é mais importante, pois contribui para o crescimento tanto físico como cognitivo e emocional. Embora seja habitual em certas idades, a verdade é que um nem sempre é normal uma criança dormir mal, podendo comprometer o seu desenvolvimento e afetar toda a família.
A maioria das pessoas não sabe no que consiste a Consultoria de Sono Infantil. Esta é uma área de estudos recente no mundo, com 13 anos de existência, e em Portugal existem apenas quatro profissionais a desenvolver diariamente este trabalho. Um deles é Ana Maria Pereira, terapeuta formada em Psicologia.
“Nós passamos 1/3 das nossas vidas a dormir, tal é a importância desta atividade para o nosso organismo. No que toca aos bebés até aos 5 anos, há muitas diferenças em relação ao sono dos adultos”, explica a terapeuta.
“Os bebés têm necessidade de 10/11 horas de sono noturno, idealmente sem interrupções. Até aos 2/3 anos é quando o cérebro se desenvolve mais rápido. Quando entram em sono leve, os bebés “arquivam em gavetas” tudo o que aprenderam enquanto estiveram acordados. Depois, quando entram em sono profundo, é quando o corpo começa a segregar a hormona de crescimento. Por isso, dormir mal compromete o desenvolvimento da criança”.
Ana desenha o plano de acordo com a dinâmica da família e do problema específico da criança, mas explica que o problema de sono mais frequente nos bebés é a insegurança. Difícil mas não impossível, Ana identifica as necessidades de sono do bebé consoante a sua idade e desenha para os pais um plano de 10 dias, com vista a obter um sono mais saudável e reparador não só para o bebé, mas também para os seus cuidadores.
As palavras-chave deste plano são consistência e persistência, e a terapeuta sublinha a importância de ambas, afirmando que, embora os resultados só sejam visíveis por volta do sétimo dia, o sucesso é quase garantido, desde que não se desista.
O mais importante, de acordo com Ana, é que os bebés tenham uma rotina previsível que os faça sentir seguros.
A terapeuta de sono infantil explica que existem várias maneiras de criar esta rotina e contribuir para um melhor sono da criança (e dos pais):
- Programar os horários de sono e cumprir ao máximo a hora de ir dormir, para que o bebé se habitue à rotina
- Criar um ritual para o sono, sempre na mesma sequência, para dar sinais ao bebé de que está na hora de ir dormir (por exemplo, 30 minutos antes de ir dormir, dar banho à criança, levá-la para o quarto, ler uma história e pô-la na cama)
- Evitar a exposição à luz, especialmente branca e azul, pois faz o organismo pensar que ainda é de dia e dificulta o adormecer
- Cuidados com certos alimentos que contribuem para um melhor ou pior sono (por exemplo, os bróculos são de evitar se a criança tiver dificuldade em adormecer)
- Afastar tudo o que emita radiação, eletricidade estática ou campos magnéticos (usar roupa de cama de algodão 100% biológico, desligar todos os aparelhos eletrónicos como televisões e carregadores da ficha)
- Dormir com inclinação até um ano de idade
- Não “roubar” sestas, quando a criança dorme mal – “Há pais que, quando a criança dorme mal, não a deixam dormir uma das sestas à tarde para depois dormir melhor à noite, mas na verdade isso tem o efeito oposto. Um mau sono diurno vai dar origem a um mau sono noturno”