Carlos Evangelista não é o ortopedista comum. É especialista em doentes maiores de 65 anos. “A ortopedia geriátrica é um conceito que tenho vindo a defender há 10 anos a esta parte e é um conceito de dar aos seniores a melhor qualidade de vida. Nós defendemos que, independentemente da idade, qualquer pessoa tem direito a ter qualidade de vida. Aquele conceito que existia que “a pessoa tem 80 anos, já não vale a pena” é errado. Nós vamos durar até aos 90. Hoje podemos durar até aos 100″, defendeu.
O ortopedista não gosta de trabalhar com prazos de validade e é conhecido no meio por dar uma oportunidade a quem não a encontra noutros sítios.
O objetivo mais importante na ortopedia geriátrica é a capacidade de andar. A incapacidade de andar numa pessoa significa a perda da sua independência e implica a sua não integração na sociedade, deixando de ser um valor acrescentado para as suas famílias.
De todas as patologias que acometem os indivíduos a partir da quarta década de vida, “a osteoartrose é a mais comum, estimando-se que ocorra em 90% da população adulta”.
A osteoartrose, mais conhecida como artrose, resulta de uma desregulação do processo de desgaste da cartilagem e da sua reparação.
A função básica da cartilagem é diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam o movimento, funcionando como mecanismo de absorção do choque. Para que este atrito seja diminuto existe no espaço articular o líquido sinovial, que lubrifica as articulações. Atualmente é possível combater esta situação com um tratamento denominado viscosuplementação. Este processo consiste numa série de injeções intra-articulares que têm como objetivo restaurar a qualidade e a concentração do ácido hialurónico, melhorando a lubrificação e a absorção do choque e, subsequentemente, diminuindo a dor.
Principais causas de quedas dos idosos em casa
Existem fatores de risco relacionados com o idoso, fatores de risco no ambiente, nomeadamente a sua casa, e fatores resultantes da interação de ambos. Estes fatores ao serem identificados permitem a previsão e prevenção de algumas situações que podem propiciar uma queda. São aqui referidos alguns fatores de risco que poderão contribuir para as quedas nos idosos, bem como pequenas dicas que poderão ajudar a tomar algumas medidas de prevenção:
■ História de quedas anteriores;
■ Diminuição sensorial: com a idade é comum o défice visual, pelo que se torna aconselhável uma consulta de rotina anualmente ou quando são detetadas alterações, de forma a identificar a necessidade de colocação ou atualização de próteses oculares. Certifique-se que a luz em casa é suficiente e adequada para o idoso. Tenha ainda atenção à capacidade auditiva, que deve igualmente ser corrigida.
■ Perda de capacidade mental: em situações de demência pode ser necessário limitar algumas atividades por motivo de segurança, remover objetos em casa que possam ser perigosos e avaliar a necessidade de apoio nas várias atividades de vida diárias.
■ Alterações de mobilidade: deve ser avaliada a necessidade de auxiliares de marcha, como bengalas, andarilhos, canadianas, ou alterações em casa, como correção de sanitários baixos, cama ou banheira, o uso de luzes noturnas no quarto e casa de banho. Os sapatos não devem ter saltos para não prejudicar o equilíbrio, devem ter o tamanho correto e sola antiderrapante, devendo evitar os chinelos.
■ Medicação: é comum os idosos tomarem medicamentos de forma regular e permanente, pelo que se deve tomar especial atenção ao início de novos medicamentos, uma vez que algumas quedas se relacionam com alterações recentes (inferiores a 2 semanas) da terapêutica habitual do idoso.
■ Alterações urinárias: o idoso poderá sentir necessidade de urinar várias vezes durante a noite e nestes casos, ter uma mesa-de-cabeceira com dispositivos urinários (urinol, arrastadeira), é uma estratégia que pode revelar-se útil, de forma a evitar as frequentes idas noturnas à casa de banho.
■ Viver sozinho: este facto pode aumentar não só o risco de quedas como também as suas consequências, uma vez que o idoso após a queda pode não ter possibilidade de providenciar ajuda. Existe um projeto de parceria entre a Cruz Vermelha, o Programa de Apoio Integrado a Idosos (PAII) e a PT que se denomina de TeleAlarme, que consta de um dispositivo telefónico que os idosos colocam ao peito, podendo inclusivamente tomar banho com ele, e que em caso de necessidade é só premir o botão e é desencadeado um sistema de alta voz, onde a operadora da Cruz Vermelha comunica com o idoso e/ou encaminha a ajuda ou socorro adequado.