Nasci em Lisboa, nomeia 9 de Janeiro de 1939, mas a minha terra é o Tramagal, aldeia do concelho de Abrantes, onde de pequenina fui criada e tenho a casa familiar.”

Hoje conta com 60 anos de carreira fez praticamente tudo  em teatro, televisão e cinema. Com 79 anos, dois filhos e cinco netos.

“Lembro-me muito bem da minha infância e embora fosse triste e medrosa e tivesse chorado muita vez recordo sempre com saudade esse tempo. Como era mais nova que meus irmãos, era sempre tratada um pouco como princesinha, no meio modesto em que vivíamos. A esse carinho dos meus correspondi e correspondo com ternura, embora não seja de grandes manifestações e até às vezes parece fria e orgulhosa.” 

Conta que um dia numa festa na aldeia “entrei no palco a tremer de aflição, mas de repente esqueci-me de tudo…gostaram tanto que foram falar de mim à Sra D. Maria Bastos Duarte Ferreira, mulher de um dos donos da fábrica do Tramagal. Veio ter comigo e disse que se eu quisesse frequentar o Conservatório para tirar o curso de teatro, me trazia para a sua casa de Lisboa e me pagaria os estudos. Foi uma conversa muito importante e de que nunca me esqueço. Fez-me ver as coisas boas e más que podiam acontecer e a responsabilidade que tomava tirando-me da casa dos meus pais. Prometi-lhe que faria tudo para ser sempre a sua “Laranjinha”- é assim que ela sempre me tratava – rapariga simples de que a sua varinha mágica de fada benfazeja queria fazer mais alguma coisa.. 

Depois seguem-se os anos no Conservatório, os três anos da praxe, fazendo exame em Julho desse ano.” 

 

Começar pela televisão 

“Eu comecei a fazer televisão antes de fazer Teatro. Eu estreei-me na primeira peça da RTP ainda andava no conservatório. A primeira peça foi o Monólogo do Vaqueiro com o Ruy de Carvalho, mas já aí eu entrei embora não falasse. A RTP tinha nessa altura várias rúbricas de Teatro, para além das variedades, e a primeira grande peça foi o Mar de Miguel Torga onde eu fazia a ingénua como se dizia na altura. Só depois disso é que fiz o exame do Conservatório, que era em direto, e os exames do Conservatório eram um evento cultural nessa altura. Casa cheia no Teatro Nacional Dona Maria II, iam os empresários mas também ia o público. E acontecia também, mesmo antes do exame, a sua dona Amélia quando precisava de pessoas ia ao conservatório, portanto eu já tinha um pé lá dentro, eu e os meus colegas. Quando fiz o exame, éramos três finalistas, e claro que a sua dona Amélia e o senhor Robles Monteiro estavam a assistir, assim como outras pessoas do Parque Mayer, e quando acabámos o exame e estávamos à espera das notas e alguém foi-me dizer que a sua dona Amélia tinha pedido para eu ir ter com ela. Ela deu-me os parabéns e perguntou-me se eu queria ir para a companhia. Agora imaginam o que era isto para uma miúda de 18 anos ouvir isto. Era um sonho, um deslumbramento. E depois deram-me um papel bastante forte, na peça “As Bruxas de Salem de Arthur Miller, quando eu estava a ensaiar apetecia-me fugir, aquilo era demasiado forte para mim. E o papel era bastante bom o que foi um brindezinho que me foi dado de bandeja para início da carreira.” 

 

 Estudou no Conservatório e trabalhou com todos os grandes da sua época como Carmen Dolores, Rogério Paulo, Amélia Rey Colaço, Fernanda Borsatti e tantos outros. 

Em jovem fez rádio na RCP, uma espécie de magazine com Paulo Alexandre e Isabel Wolmar[. 

Na década de ’70 integrou o elenco residente do Teatro Nacional onde se manteve até à sua extinção. 

Integrou o elenco de “Conta-me Como Foi”, uma série marcante na RTP.