Tinder é uma aplicação de relacionamento que, ao selecionar fotos e alguns dados extraídos da conta do Facebook, permite que o utilizador fique disponível para um eventual relacionamento para ser avaliado por interessados(as).

Lançado em janeiro de 2013, rapidamente atingiu a marca de um milhão de utilizadores e em dezembro desse ano já contabilizava 500 milhões de perfis, crescendo na ordem de 15% a cada semana.

Sean Rad, CEO da empresa, disse que o Tinder “veio para resolver um problema fundamental que as pessoas têm em relação à descoberta de outras pessoas”, ou seja, segundo o executivo, uma parte expressiva dos indivíduos não consegue ter uma boa noção a respeito de quando alguém está, efetivamente, interessado nelas e, desta forma, a aplicação “resolve”, de maneira rápida e prática, o impasse situacional.

Além disso, o Tinder igualmente auxilia na quebra de outra grande barreira que, muitas vezes, precisaria ser contornada junto dos que são prejudicados por elementos imponderáveis (como, por exemplo, o que dizer, como se apresentar, decidir ser ou não mais espontâneo, etc.), além de praticamente eliminar alguns elementos da comunicação não-verbal (gestos e posturas) que agem de maneira decisiva, influenciando positiva ou negativamente o resultado final da “abordagem”.

Dessa forma, com esses empecilhos resolvidos, o utilizador ainda tem o conforto de fazer o seu processo de escolha e seleção desde casa ou da privacidade do seu ambiente, o que lhe transmite, obviamente, uma maior sensação de controlo. Resumindo, não precisamos mais dos ambientes físicos, caso desejemos conhecer alguém. Basta ligarmo-nos à aplicação. Quase como um jogo, vamos marcando as pessoas do nosso agrado até que, no caso de sermos também selecionados, a conversa se possa iniciar.

• Aplicações de namoro podem ser mais estimulantes do que as práticas reais da vida real?

Na nossa era tecnológica, as formas de estabelecer novos laços invariavelmente passam pela internet e pelas redes sociais. Segundo um artigo publicado no The Wall Street Journal, de acordo com os advogados especializados em divórcio nos EUA, 80% dos casos recentes são decorrentes de relações que começaram online, que incluem trocas de e-mails, mensagens de texto e contatos frequentes via Facebook. Outra fonte já aponta que em França, 50% dos casos de divórcio tiveram origem nas redes sociais.

Portanto, é possível que o romantismo, elemento considerado como uma das molas-mestras de qualquer relação, se tenha reduzido a algumas linhas de piropos digitais que são mescladas com emojis e que, nem de longe, captam a intensidade das nossas emoções, pois além de reduzir a nossa capacidade de expressão, não conseguem aferir o grau de aceitação do outro a nosso respeito.

• A personalidade eletrónica pode ser positiva?

Embora ela não seja real, essa identidade eletrónica é o meio através do qual nos expressamos nas redes sociais. Essa versão psicológica de nós mesmos é cheia de vida e de vitalidade e

não parece ser afetada pelas velhas regras de comportamento, trocas sociais e etiquetas do quotidiano.

Na vida digital, as pessoas tornam-se, por exemplo, mais assertivas, menos contidas e, decididamente, mais desobedientes, pois a e-personalidade age como uma força que leva os indivíduos a transcenderem as suas limitações ao permitir que as inibições possam ser facilmente superadas.

Assim, a personalidade eletrónica possibilita uma oportunidade para que as vivências da vida virtual possam-se sobrepor às limitações encontradas no quotidiano. Em muitos casos, inclusive, essa versão virtual complementaria a personalidade real ao atuar como uma extensão da nossa “persona”. Tal desenvoltura poderia ser compreendida como um modelo “recriado” (ou melhorado) de nós mesmos ao oferecer um senso maior de eficiência interpessoal – algo funcionando com um “terceiro braço”.

A grande questão, entretanto, é o momento no qual o encontro virtual deva ter o seu seguimento consumado no mundo físico. E a dúvida, muito possivelmente, não será daquelas mais comuns que tanto temos, como decidir a respeito de qual roupa usar ou ainda que lugar sugerir, mas (aqui vem o problema) “qual” personalidade apresentar?

Devemos levar connosco uma versão do nosso perfil digital, que é aquele recheado de glamour e de selfies realizadores – e que serviu de base para que fossemos escolhidos – ou agir de acordo com nossa personalidade real?… Pois é, este é, efetivamente, um grande impasse.

• Estaríamos a perder a capacidade de interação?

Se formos pensar tecnicamente, a corrida da atratividade tornou-se muito mais obra dos algarismos psicométricos de combinação do que a nossa habilidade real de escolha ou de ser escolhido. Nesse caso, um programa define “quem” potencialmente poderia interessar-nos, tirando assim do nosso controlo as possibilidades de direcionar o nosso destino. Considerando que muitos utilizadores gastam uma quantidade expressiva de tempo a cuidar dos seus perfis nas redes sociais, aumentar o nível de atratividade pessoal tornou-se praticamente fruto direto da habilidade de cada um de utilizar os seus perfis virtuais.

Assim, possivelmente, muitas dessas pessoas preferem julgar 50 fotos em dois minutos do que gastar 50 minutos a avaliar um

parceiro em potencial. Gastar 90% do seu tempo focado apenas na elegibilidade da aparência de alguém pode-se revelar, no final, um enorme equívoco.

Não seria nada mal lembrarmo-nos que a originalidade e os atributos psicológicos não podem jamais ser substituídos por algum programa estatístico e que a nossa personalidade ainda é uma das formas mais eficazes de se encontrar alguém. Seja ela do jeito que for.

Entenda-se que encontrar a alma gémea não pode ser reduzido, nunca, a uma possibilidade algorítmica de um aplicativo da web.

• Na prática, como funciona o Tinder?

Simples e fácil, como se quer na nossa lista de apps de encontros. A aplicação usa os dados de GPS para determinar a localização do utilizador. Depois, através do Facebook, é criado um perfil (e não se preocupe porque nada do que acontece no Tinder é publicado no Facebook) que apenas inclui o primeiro nome, idade, fotos escolhidas pelo próprio e páginas de que tenha ‘gostado’ na rede social Facebook – que é basicamente a informação necessária para se saber o grau de compatibilidade.

A seguir fica tudo nas mãos da aplicação: encontra potenciais combinações perto do utilizador. O mais importante: se gostar deles, deslize para a direita; se não lhe agradar, deslize para a esquerda. Se eles também gostarem do que veem, é o jackpot e podem começar a trocar mensagens.

• Mais há mais aplicações além do Tinder

WHIM (IOS)

A Whim é uma app diferente de todas aquelas que podemos encontrar no mercado e foi criada com o objetivo de reduzir o tempo entre o primeiro contacto online e o encontro entre os dois interessados. Quando entra na aplicação, o utilizador tem de escolher entre três encontros possíveis.

Depois, às 18 horas, recebe uma notificação que o informa sobre a disponibilidade da pessoa para o encontro (onde é sugerido o local e a hora). É verdadeiramente casamenteira!

A seguir fica tudo nas mãos da aplicação: encontra potenciais combinações perto do utilizador. O mais importante: se gostar deles, deslize para a direita; se não lhe agradar, deslize para a

esquerda. Se eles também gostarem do que veem, é o jackpot e podem começar a trocar mensagens.

EHARMONY (IOS, ANDROID, WINDOWS PHONE)

Apesar de já existir há 10 anos, esta aplicação modernizou-se e chegou aos iPhones, Androids e Windows Phones. Primeiro é preciso responder a um extenso questionário. Depois a aplicação dá-lhe uma lista dos utilizadores mais compatíveis, com quem pode dar liberdade ao seu lado mais romântico nas mensagens que irá trocar.

O acompanhamento é feito diariamente, o que significa que todos os dias lhe serão sugeridas pessoas novas. Segundo o site de encontros, 5% dos casamentos nos Estados Unidos da América começaram com um empurrãozinho do eHarmony.

HINGE (IOS)

A Hinge é uma app bem mais seletiva que não está ao alcance de qualquer um. Pelo menos daqueles que não pretendem gastar um pouco de dinheiro para encontrar uma boa cara-metade… E também daqueles que querem tudo menos banalizar uma relação amorosa.

Utilizando a Hinge, o utilizador terá acesso a uma comunidade fechada onde cada “match” promete ser um tiro certeiro do cupido. Um “must-have” na nossa lista de apps de encontros.

COFFEE MEETS BAGEL (IOS, ANDROID)

Com o Coffee Meets Bagel a escolha está toda do lado delas! Todos os dias, ao meio dia, a utilizadora recebe uma lista de utilizadores que gostaram dela. A partir daí, é ela que pode dizer se gosta ou não do que está a ver. Uma app que procura, acima de tudo, qualidade ao invés da quantidade. E que lança uma pergunta no início do “match” para quebrar o gelo.

GRINDR (IOS, ANDROID)

Uma cara-metade não tem sexo. Pode ser homem ou mulher… o importante é o sentimento que os dois partilham, certo? A Grindr é a app certa para homens gays, bi e curiosos.