O leite é um alimento universal e presente em quase todos os momentos das nossas vidas. O leite sempre foi visto como um dos alimentos mais completos. Mas, cada vez mais, surgem correntes a quererem tirá-lo do pódio. E se o leite materno é indiscutivelmente o alimento mais indicado para os bebés, já o consumo de leite de origem animal tem vindo cada vez mais a ser posto em causa.
O grande culpado? A lactose. Este é o açúcar natural do leite, que é composto por duas unidades mais simples de açúcar: a glicose e a galactose. Para que se faça uma digestão correta da lactose, é necessária uma enzima que quebre a ligação entre a glicose e a galactose, para que estes açúcares possam ser absorvidos pelo intestino. A enzima necessária para este processo chama-se lactase. Quando esta enzima deixa de ser produzida em quantidades suficientes à digestão da lactose, surge a intolerância, com todos os sintomas que lhe estão inerentes.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, um terço da população portuguesa sofre de distúrbios do sistema digestivo associados à intolerância à lactose. A acrescentar a esta margem de pessoas que sofre de intolerância, juntam-se os outros que, não tendo sintomas, estão a reduzir o consumo de lacticínios, uma vez que circula atualmente muita informação a demonizar o leite como alimento, nomeadamente porque está ‘carregado de hormonas impróprias para humanos’, porque ‘engorda’, porque afinal ‘não fixa assim tanto o cálcio’, etc.
Afinal, devemos ou não consumir leite?
A favor
Mário Morais de Almeida defende que todos devemos beber leite, desde que na medida certa e não excessivamente.
“O leite materno é um elemento essencial tanto para a saúde do bebé como para a relação mãe e filho. Deve ser tomado até, pelo menos, aos 6 meses de idade”, afirma.
Caso a mãe já não tenha leite, pode substitui-lo por um leite em pó muito próximo ao de vaca.
“O leite é de uma riqueza nutricional enorme e garante parte das proteínas e do cálcio de que tanto necessitamos”, esclarece.
“Claro que existem as pessoas intolerantes ao leite ou à lactose e essas, obviamente, que não devem beber. Muitas dessas pessoas podem obter as propriedades do leite na alimentação, como o queijo, a manteiga…”, explica.
Para quem tem alergia ao leite, os leites de burra e de cabra não são uma boa opção.
Curiosamente, existem tratamentos para as alergias ao leite e há vários casos em que essas intolerâncias são curadas apenas com o tempo.
“Existe sempre aquele argumento do “somos o único animal que bebe leite, mas isso não é válido, até porque não têm o mesmo desenvolvimento do que nós”, conclui.
Contra
Manuel Pinto Coelho defende que não devemos beber leite.
“O leite contém uma proteína chamada caseína que não faz nada mais nada menos do que “esburacar” o nosso intestino (poroso). O que acontece depois disso, é que começa a “destruir” as paredes do intestino e passa para o sangue o que é uma coisa inacreditável. O sangue é para ter plaquetas e glóbulos e não “substâncias alimentares”. E tudo isso desencadeia as doenças auto-imunes”, explica.
O leite de vaca pode potenciar certas patologias: colites; flatulência; crises diarreicas; desconforto abdominal; doenças alérgicas como asma, bronquite, rinites; dores musculares e articulares; diminuição das plaquetas; dermatites; agitação, enxaqueca e arteriosclerose.
Manuel defende que os lacticínios não fazem falta às pessoas, antes pelo contrário…
“Somos o único animal que bebe leite de outros animais. Alguma vez viu alguma vaca a beber leite de outro animal? Claro que não”, afirma.