A deficiência de vitamina D está relacionada a várias doenças. Os trabalhos mostram que baixos níveis dessa vitamina relacionam-se com doenças autoimunes, doença inflamatória intestinal, infeções bacterianas e virais, doenças cardiovasculares, cancro e doenças neurodegenerativas. Idosos, crianças, grávidas e mulheres amamentando, negros e obesos têm maior chance de desenvolver deficiência de vitamina D.

A vitamina D desempenha um papel fundamental na saúde óssea. É responsável pela otimização da absorção de todo o cálcio que ingerimos e evita a sua eliminação renal, disponibilizando-o para o osso e todas as funções que tem no organismo. Essa é a sua principal ação, mas tem muitas mais. Desde logo na função muscular, pois tonifica os músculos, e, por essa via, evita quedas. Hoje sabemos que a vitamina D tem funções em muitos tecidos e órgãos, onde interage com uma série de agentes, cujos equilíbrios parecem fundamentais para a manutenção da nossa saúde e prevenção de uma série de doenças.

 

Como aumentar os índices de vitamina D?

A vitamina D é classicamente denominada a vitamina do sol. A exposição solar leva a nossa pele a iniciar uma séria de reações bioquímicas que culminam com a produção da vitamina D ativa (calcitriol). A exposição solar é responsável por 80 a 85% das nossas necessidades diárias. Na maior parte do ano é fácil suprirmos as

necessidades diárias. Basta expor ao sol face e mãos, no máximo meia hora, entre as 11 e às 15 horas, sem protetores solares.

Alguns alimentos também podem ser naturalmente fonte dessa vitamina, como bacalhau, salmão selvagem e ovos. A alimentação é pobre em vitamina D e responde apenas por 15 a 20% das nossas necessidades.

Além disso, existe a suplementação de vitamina D prescrita por médico através da utilização de diferentes excipientes (cápsula, gota, comprimido sublingual ou injeção).

 

Qual o nível ideal de vitamina D para crianças e adultos?

Atualmente, valores acima de 30 ng/mL são considerados normais. No entanto, muitas pesquisas têm sido feitas aceitando níveis bem mais elevados. Por exemplo, nos trabalhos que acompanham pessoas com esclerose múltipla, e que são tratadas com altas doses de vitamina D, os níveis séricos chegam a 100ng/mL sem qualquer prejuízo. Já é uma tendência internacional considerar o nível ótimo entre 50-80ng/mL. Para crianças, os valores considerados normais seriam os mesmos.

Quais os sinais que o corpo emite que podem ser indicativos de que os índices estão abaixo do mínimo aceitável?

Se a pessoa fica com gripe ou constipada com frequência pode ser um sinal de deficiência de vitamina D, assim como alterações na concentração e no humor, fácil irritabilidade, fraqueza e alterações do sono. Por ser uma vitamina que regula vários sistemas no nosso corpo, os sinais e sintomas variam de pessoa para pessoa. O exame mais acurado envolve dosar a vitamina D no sangue. Alguns medicamentos interferem na absorção e utilização da vitamina D, como antiácidos, corticoides, laxativos e quimioterapia. A ingestão de bebidas alcoólicas também causa essa interferência.

 

Que problemas de saúde estão relacionados com a carência de vitamina D?

Os problemas mais óbvios são os ósseos ou seja a sua descalcificação generalizada. Os ossos ficam mais frágeis e muito suscetíveis a fraturas, mesmo em percalços banais, pequenas quedas, por exemplo.

A carência crónica pode fazer-se sentir a muitos níveis. As carências mais profundas de vitamina D estão associadas a doenças cardíacas, diabetes, infeções, doenças autoimunes e mesmo alguns tipos de cancro, embora não haja uma relação causal inequívoca.

Alguma etapa da nossa vida deve implicar um reforço desta vitamina?

Na infância a carência de vitamina D pode levar ao raquitismo, situação que foi bem conhecida da população portuguesa e que levou ao uso do célebre e abominável “óleo de fígado de bacalhau”. Essa situação está completamente abolida da nossa sociedade graças aos cuidados médicos e à inclusão da vitamina D nos suplementos vitamínicos. Outro período crítico é o envelhecimento, em especial na mulher após a menopausa. Com a menopausa os ovários diminuem progressivamente a sua produção hormonal, o que acelera a descalcificação óssea. Essa circunstância deve merecer a devida atenção, com a ingestão adequada de produtos lácteos ou suplementação de cálcio e maiores cuidados com a vitamina D.

 

Quando o défice é demasiado profundo para ser reposto pelas vias normais, que tratamentos existem disponíveis?

A suplementação de vitamina D é muito fácil. Temos várias opções possíveis: diária, semanal ou mensal. A mulher deve escolher a opção que lhe pareça mais indicada para os seus hábitos.

Habitualmente é conveniente administrar 600 a 800 unidades internacionais por dia para os adultos ou o seu equivalente por semana, ou por mês.

As mulheres são mais vulneráveis à falta de vitamina D?

Sem dúvida, por força da carência de estrogénios que se instala com a menopausa. A suplementação de vitamina D é uma medida importante em todos os meses do ano em que não tenha uma boa exposição solar.

 

E no caso das crianças?

As crianças devem merecer uma atenção especial logo após os primeiros dias de vida. O leite materno é riquíssimo, a amamentação é uma mais-valia para os recém-nascidos, mas não é suficiente para as necessidades de vitamina D da criança. Nesses casos a suplementação justifica-se. De uma forma geral, não temos esse tipo de problemas. Os cuidados perinatais são de grande qualidade no nosso país.