A dor crónica músculo-esquelética é a dor muscular local ou geral, porém incaracterística, e que apresenta uma rigidez matinal prolongada. Um exemplo de dor músculo-esquelética é a Fibromialgia (saiba mais sobre este tema aqui), que se manifesta por dores difusas pelo corpo todo, acompanhadas de alterações do sono. Pode-se acompanhar de fadiga frequentemente. Não existem exames características desta doença, podendo haver alterações específicas no electroencefalograma durante o sono. O seu diagnóstico é basicamente clínico, havendo a necessidade de se encontrar uma série de pontos dolorosos que se consideram critérios para o diagnóstico da doença.
Como diagnosticar a dor?
O diagnóstico da dor é feito pelo médico, mas requer a ajuda do doente. Além das metodologias de avaliação da intensidade da dor, existem meios complementares de diagnóstico que permitem identificar possíveis causas da dor como, por exemplo, exames radiológicos, electrofisiológicos e laboratoriais. Nem sempre a evidência clínica de uma lesão significa que esta cause dor.
O médico avaliará a dor em função de diversos fatores, como por exemplo:
- Queixa dolorosa ou reacção a eventuais intervenções;
- Estado de ansiedade, depressão, alterações comportamentais e manifestações causadas ou modificadas pela medicação analgésica;
- Estado de incapacidade;
- Idade: as crianças e pessoas idosas têm maior dificuldade em verbalizar o que sentem, como sentem e onde sentem;
- Doenças/patologias que o doente tem (nomeadamente reumáticas, oncológicas, respiratórias, etc.).
É possível medir a intensidade da dor?
Sim. Para a medir a intensidade da dor existem escalas validadas a nível internacional, designadamente a Escala Visual Analógica (convertida em escala numérica para efeitos de registo), a Escala Numérica, a Escala Qualitativa ou a Escala de Faces. A avaliação da intensidade da dor pode efetuar-se com recurso a qualquer uma destas escalas. A intensidade é sempre referida pelo doente, que tem de estar consciente e colaborar com o médico que está a fazer a avaliação. Se o doente não preencher as condições, há outros métodos de avaliação específicos. A escala que for utilizada na primeira vez que é feita a avaliação deverá ser utilizada nas vezes seguintes.
A dor provoca incapacidade?
Sim. Embora seja difícil avaliá-la, uma vez que, frequentemente, não é objectivável através de exames complementares.
Como é que se caracteriza um doente com dor crónica? O que causa a dor crónica?
O doente com dor crónica é multifacetado, com frequente morbilidade física e psíquica, podendo sofrer das mais variadas patologias (desde doenças reumáticas, neurológicas ou psiquiátricas, a doenças oncológicas). Apesar de frequentemente pouco valorizada, exceto tratando-se de doença oncológica, a dor crónica também afeta as crianças. Estima-se também que uma percentagem não negligenciável de pessoas idosas sofra de dor crónica (pois a maioria dos idosos tende a encarar a dor como sendo normal na sua idade). A maioria dos doentes com doença oncológica avançada sofre de dor crónica, a qual pode ser aliviada na quase totalidade dos casos (cuidados paliativos). A dor é também a segunda maior causa de internamento e o segundo sintoma mais frequente em doentes com SIDA.
Como se trata a dor?
A dor aguda e a dor crónica, pelas suas características, são tratadas de forma diferente. Contudo, é possível aliviar o sofrimento dos doentes com dor crónica, a quem é reconhecido o direito de serem tratados em Unidades de Dor. A terapêutica da dor divide-se em dois grandes grupos: a farmacologia (medicamentos) e a não farmacológica.
Técnicas farmacológicas
As técnicas farmacológicas mais conservadoras envolvem, fundamentalmente, a utilização de fármacos analgésicos e adjuvantes. Os analgésicos podem ser opióides (morfina, por exemplo, e codeína) e não opióides (os anti-inflamatórios não esteróides e os antipiréticos, como o paracetamol e o metamizol). Os fármacos adjuvantes, de enorme importância no controlo da dor crónica, são medicamentos que, não sendo verdadeiros analgésicos, contribuem para o alívio da dor. São exemplo, entre outros, os antidepressivos, os ansiolíticos, os anticonvulsivantes, os corticosteróides, os relaxantes musculares e os anti-histamínicos.
Existem também métodos farmacológicos invasivos, que envolvem a utilização de anestésicos locais e agentes neurolíticos para a execução de bloqueios nervosos, com a intenção de provocar interrupção da transmissão dolorosa. São também considerados invasivos os métodos de administração de opióides, anestésicos locais e corticóides, por via espinhal. Finalmente, existem também técnicas neurocirúgicas, sendo as mais conhecidas as neurectomias, as rizotomias, as drezotomias, as simpaticectomias, as cordotomias, as mielotomias e algumas técnicas de neuroestimulação (algumas das quais realizadas por via percutânea).
Técnicas não farmacológicas
Compreendem, entre outras, a reeducação do doente, a estimulação elétrica transcutânea, as técnicas de relaxamento e biofeedback, a abordagem cognitivo-comportamental, as psicoterapias psicodinâmicas, as estratégias de coping e de redução do stress, os tratamentos pela medicina física (fisioterapia) e o exercício físico ativo e passivo. Podem também ser usadas técnicas de terapia ocupacional e técnicas de reorientação ocupacional e vocacional.