Artrite Reumatóide
É uma doença reumática inflamatória que causa dor, edema (inchaço), rigidez e perda de função nas articulações.
É a forma mais comum de artrite e a sua causa é desconhecida.
Sabe-se, no entanto, que o sistema imunitário tem um papel importante no seu desenvolvimento.
O Instituto Português de Reumatologia (IPR) explica que «existe uma resposta errada do sistema imunitário, que reconhece as próprias células como estranhas e ataca-as, causando uma resposta inflamatória nas articulações e outros órgãos».
Como se manifesta?
Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Existe um grau variável de dor nas articulações (na maior parte simétrica e mais de manhã) muitas vezes com edema ou inchaço, calor e vermelhidão das articulações, sensação de rigidez matinal (sentir-se enferrujado de manhã) que dura mais de 30 minutos e sensação de cansaço que muitas das vezes limita a atividade do doente.
Como se diagnostica?
Para além da história clínica e a avaliação das articulações, aspetos como os reflexos e a força muscular poderão ser avaliados pelo médico. Existe também o apoio de meios complementares de diagnóstico como análises ao sangue, ecografia músculo-esquelética e a ressonância magnética em alguns casos selecionados.
O diagnóstico da AR evoluída é realizado pelo Reumatologista e a partir de uma rápida observação das mãos, que apresentam deformações articulares típicas. De facto, as mãos de um doente reumático oferecem tanta informação em relação à sua doença que podem ser consideradas o seu cartão-de-visita.
Uma vez que não existe um único teste clínico, radiológico ou serológico que permita o diagnóstico de certeza de AR, este é realizado a partir da conjugação da clínica (sinais e sintomas e sinais característicos), bem como de dados laboratoriais e radiológicos. Em alguns doentes todos os testes podem estar normais.
Como se trata?
A estratégia terapêutica, segundo o reumatologista Luís Cunha Miranda, implica não só a prescrição de medicamentos mas também «outro tipo de abordagem complementar como os programas de medicina física e de reabilitação, exercício, alimentação, em alguns casos, a cirurgia».
À medida que a doença vai progredindo, a dor, a destruição articular e a perda de movimentos podem diminuir a capacidade funcional e comprometer a qualidade de vida.
O que causa a artrite reumatoide?
A causa da AR é desconhecida, estando contudo identificados vários fatores de risco, como as infeções, a genética e alterações hormonais.
Trata-se de uma doença auto-imune, o que significa que as defesas do organismo atacam os seus próprios tecidos.
Artrose
A palavra osteoartrose significa degenerescência da articulação. A osteoartrose é uma doença que atinge, fundamentalmente, a cartilagem articular, que é um tecido conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre si.
A cartilagem articular é nutrida pelo líquido articular ou líquido sinovial. Este líquido articular contribui para lubrificar a articulação, facilitando os seus movimentos, e permitindo que nas articulações saudáveis as cartilagens deslizem umas sobre as outras sem atrito, isto é, sem desgaste.
Na osteoartrose as células (condrocitos) vão morrendo e produzem menor quantidade de proteoglicanos e de colagénio. Em consequência disto, a cartilagem articular e o osso que está por debaixo da cartilagem reage, espessando-se e dando origem a excrescências ósseas chamadas osteofitos. Os osteofitos são conhecidos pelo nome de «bicos de papagaio», porque alguns deles, nas radiografias, dão imagens que lembram o bico de um papagaio.
Nesse processo degenerativo ocorrem frequentemente fenómenos de inflamação articular, que causam dor e aumento de volume da articulação. Daí se utilizar também a designação de “artrite” para estes quadros clínicos.
A osteoartrose, vulgarmente chamada artrose, é uma das múltiplas doenças reumáticas e é, de longe, a mais comum. É uma doença de natureza degenerativa que envolve toda a articulação.
A artrose não é sinónimo de envelhecimento articular (há velhos sem artroses e adultos jovens com esta doença), embora seja mais frequente nos indivíduos idosos que, naturalmente, tiveram mais anos para irem desgastando as articulações.
A artrose é a doença mais frequente e continuará a aumentar, dada a sua associação ao envelhecimento. Em Portugal existem cerca de meio milhão de doentes com artrose e com dores, embora, de facto, este número esteja próximo de 1 milhão, visto muitos doentes terem osteoartrose e não apresentarem queixas.
A osteoartrose é uma causa muito importante de invalidez nos idosos e uma das mais frequentes causas de incapacidade definitiva e reforma antecipada.
A doença afeta os dois géneros igualmente, embora depois dos 50 anos haja um ligeiro predomínio do género feminino.
O clima não é causa de artrose, embora o frio e a humidade agravem as queixas destes doentes, e o clima quente alivie as dores.
Há articulações em que é mais comum surgir a artrose: os joelhos, as mãos, as ancas, a coluna vertebral e os pés. Nas mãos, são as articulações dos dedos e, no punho, na base do polegar as articulações mais comuns. Na coluna vertebral, a região cervical e lombar. Nos pés é a base do primeiro dedo, que quando está deformado é muitas vezes chamado “joanete”.
O que causa as artroses?
Todos aqueles que expõem o seu aparelho locomotor a sobrecargas ou trabalho excessivo, como os desportistas e os obesos, e os que têm malformações das articulações ou dos membros, como deformidades dos joelhos, das ancas ou dos pés, terão tendência para desenvolverem artrose mais precocemente.
As artroses podem ser primárias e secundárias.
As artroses primárias não têm uma causa conhecida, ao contrário das secundárias que podem ser devidas a traumatismos, em particular microtraumatismos repetidos, a incongruência das superfícies articulares, a fraturas antigas, a doenças infeciosas, inflamatórias e metabólicas que tenham atingido a cartilagem previamente.
As causas de osteoartrose são múltiplas. De um modo geral, a sobrecarga de uma articulação normal ou o uso normal de uma articulação doente são as causas de artrose. Assim, é frequente encontrar no passado traumatismos (grandes ou pequenos, este normalmente muito repetidos), como os que resultam de atividades desportivas ou profissionais, o excesso de peso, bem como outras doenças reumáticas ou malformações que deterioraram as articulações previamente.
No entanto, existem muitos casos em que nenhuma causa é aparente ou em que apenas a hereditariedade é identificada.
Como se manifestam as artroses?
Não há correlação entre o grau da lesão articular e a intensidade das dores. Muitos doentes têm artroses avançadas e poucas dores, ao passo que outros muito queixosos têm artroses pouco evoluídas.
Os principais sintomas da osteoartrose são a dor, a rigidez, a limitação dos movimentos e, em fases mais avançadas, as deformações. A dor tem um ritmo caracterizado pelo facto das dores se agravarem ao longo do dia, com os movimentos e com os esforços, e melhorarem quando o doente repousa, em particular quando se deita.
Como regra, os doentes com osteoartrose não têm dores durante a noite e dormem bem, embora em alguns casos muito avançados de artroses das ancas e dos joelhos as dores possam, também, surgir durante a noite.
As queixas relativas à osteoartrose evoluem, em geral, muito lentamente e, às vezes, por surtos. Isto significa que os doentes podem estar longos meses ou anos sem sintomas.
Podem ocorrer períodos com inchaço da articulação devido à inflamação. Nos dedos das mãos essa inflamação toma a forma de nódulos e nos joelhos pode-se acumular líquido, o que coincide com um agravamento das queixas.
Durante a evolução da doença a articulação aumenta as suas dimensões, o que é vulgar notar-se nos joelhos ou nos dedos das mãos.
Como se diagnosticam as artroses?
Ao contrário do que acontece nas doenças reumáticas inflamatórias, as artroses não originam alterações nas análises do sangue e da urina.
As radiografias nos doentes com osteoartrose são muito típicas, apresentando diminuição do espaço articular, isto é, do espaço que se situa entre os dois ossos que se articulam, esclerose do osso subcondral, isto é, reforço do osso situado por debaixo da cartilagem articular, e osteofitos, isto é, «bicos de papagaio».
Como se tratam as artroses?
A osteoartrose não tem cura, e o doente deve sabê-lo, mas o seu tratamento pode permitir a manutenção de uma vida completamente normal na maioria dos casos.
Os objetivos do tratamento da osteoartrose são aliviar e, se possível, suprimir as dores, melhorar a capacidade funcional, isto é, aumentar a mobilidade das articulações atingidas, evitar a atrofia dos músculos relacionados com as referidas articulações e, finalmente, impedir o agravamento das lesões já existentes.
Medidas de prevenção
Eis alguns exemplos de princípios gerais que poderão ser úteis no controlo ou prevenção das osteoartroses: dormir em cama dura, preferencialmente de “barriga para o ar”; não dormir com almofada; não permanecer durante muito tempo na mesma posição, sobretudo nas posições de pé ou de sentado, de modo a reduzir a sobrecarga para a coluna, em particular para a coluna lombar, as ancas e os joelhos; não usar sofás ou poltronas que deformem a coluna vertebral, sendo preferível uma cadeira dura, com as costas bem apoiadas nas costas das cadeiras e os pés bem assentes no solo; manter o pescoço deve andar em extensão e nunca fletido; evitar pegar em objetos pesados, para evitar a sobrecarga para as articulações da coluna vertebral; evitar as flexões da coluna vértebra, sendo importante, sempre que for necessário apanhar um objeto do solo, não fletir a coluna mas dobrar os joelhos; utilizar vestuário simples e prático e sapatos com contrafortes resistentes e saltos baixos.
Que tipos de tratamento existem?
O tratamento da osteoartrose é muito variado e visa, sobretudo, educar o doente, aliviar os sintomas, minimizar a incapacidade e evitar a progressão da doença.
Reabilitação – hidroterapia, tratamento termal, cinesioterapia, etc.;
Terapêuticas farmacológicas – dirigidas aos sintomas e que podem ser de aplicação tópica, sistémica, intra-articular e periarticular;
Artroclise – lavagem articular;
Cirurgia ortopédica – numa fase mais ou menos precoce pode corrigir desvios anatómicos ou anomalias articulares que impliquem sobrecarga e, numa fase tardia, a substituição da articulação, no todo ou em parte, por uma prótese.