Andreia e José estão devastados…

Simba, o seu “melhor amigo”, um Leão da Rodésia com cinco anos, foi abatido a tiro, no sábado, por um vizinho do casal.

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José Diogo Castiço tornou a história pública, contando-a no Facebook:

“MATARAM O MEU MELHOR AMIGO
…Escrevo-vos lavado em lágrimas choradas durante toda a noite de ontem. O nosso Simba foi assassinado por um criminoso, alegadamente, porque a justiça assim o obriga.
O Simba nasceu em 2010, no Verão, como apaixonado da raça Leão da Rodésia quis que a minha mulher partilhasse dessa paixão e foi a prenda de anos que recebeu nesse ano.
O Simba veio a correr do meio de uma ninhada de 8 cães, em casa do Sr. Jesus em Salvaterra, não o inspecionámos, não vimos se não tinha defeitos, se a risca era certinha, vimos o amor com o que correu para nós enquanto os irmãos e irmãs ficavam ao pé da mãe, o Simba nesse dia veio connosco para casa e foi amado desde o primeiro dia, adormeceu connosco a olhar para aquele tesouro, aquela paz, aquela harmonia da natureza, a nossa família tinha começado e estávamos bem, obrigado Deus por aquele momento que eu não esqueço.
O Simba aos dois meses desenvolveu uma invaginação crónica, a manga do intestino aglutina-se podendo provocar apodrecimento interno e morte. A Dra responsável pela clinica, também responsável pelo departamento de pequeno animais na FMV advertiu ao facto de o cão ser novo, poder não suportar uma cirurgia tão invasiva e mesmo que sobrevivesse ao pós-operatório podia durar 1 dia ou 10 anos e, que se preferíssemos podíamos considerar eutanasiar o cão para evitar o sofrimento, senti-me erradamente ofendido com tal sugestão…o Simba era um lutador, eu SABIA que ele ia sobreviver….”Doutora, já para o bloco operatório por favor” disse eu. No dia seguinte nova cirurgia porque voltou a repetir sintomatologia de invaginação intestinal, custou-me um ordenado inteiro e mais uns trocos, trocos mesmos comparados com a felicidade que o “Bubu” como lhe chamamos, chamava-mos carinhosamente, nos proporcionou. As imagens destas cirurgias, dada a sua natureza invulgar são utilizadas nas aulas da grande Doutora que nos salvou o Simba e de toda a sua equipa que nos permitiu quase 5 anos com um grande amigo, um muito obrigado uma vez mais á Azevet.
Em 2011 viemos para o interior de Portugal morar, Monsanto na Beira-Baixa, o Simba e a Zuri que entretanto resgatámos em Castelo-Branco adoravam o campo e a liberdade.
O Simba foi pai de 9 cãezinhos em 2012, uma ninhada saudável, todos viveram, demos todos a troco de 21 euros para despesas de primeira vacina, a única condição foi escolher lares responsáveis para os ter, um dos soldados da GNR que nos acudiu ontem do posto de Monsanto tem um filho do Simba, nós, loucos, ficámos com o primeiro a sair da Zuri, o Puma, um cão cheio de energia, amigo, companheiro, como o pai…mas todo negro.
Em 2014 num passeio encontrámos o Kazi e outros 9 cachorrinhos abandonados num saco de ração para galinhas na beira da estrada, só sobreviveu o Kazi, sempre connosco e um cão meigo e terno, para sempre agradecido que nos acorda com sapateado no estrado de madeira da casa. Eramos agora 6 numa casa feliz, tínhamos a nossa família.
Ontem, pelas 15 horas creio, porque o tempo para mim parou, a minha mulher ouve dois disparos na propriedade ao lado e um ganir agudo, chamou o Simba que veio a cambalear, deitou-se ao lado dela, foi emergido em beijos com sabor a pólvora, lágrimas e sangue e descansou, para sempre, Senhor, eu acredito que o Simba está contigo, Andreia perdoa-me não ter estado contigo.
Indagado por mim num estado de perfeito nervosismo, o autor do disparo, que diz ter sido de aviso…para o ar, negou…negou tudo, negou ter morto o meu cão, negou ser um assassino, negou ser cruel, negou não possuir uma réstia de amor pela vida animal, respeito pela vida dos outros, respeito pela minha mulher que minutos antes o cumprimentara ao chegar a quinta enquanto este podava uma parreiras, na presença da GNR, ontem e hoje, tudo negou.
O Simba era simpático com todos, clientes, amigos, comerciantes locais….todos o conhecem…conheciam…o veterinário prontamente passou uma declaração de não-agressividade em conjunto com o óbito, morte por arma de fogo, baleado e completamente crivado de chumbo de uma arma de 9 milímetros.
Eu não quero que a morte do meu cão, do meu Bubu seja em vão, precisamos de justiça e acreditamos tanto na do homem como na de Deus que nunca falha e nunca tarda.
Em Portugal a lei mudou, precisamos de justiça para o Bubu, para as centenas de animais que sofrem nas mãos da crueldade do homem, de pessoas de má índole que são autorizadas a possuir armas em casa, a disparar sobre outros animais e rechear paredes com cabeças de animais mortos.
Ontem perdi o meu melhor amigo nesta vida, perdi um vizinho que ate permitia que me tirasse água de um poço e que por duas vezes o esvaziou porque se esquecia da rega ligada, perdi parte da minha mulher que não consigo consolar, perdi a minha fé no homem, ganhei um novo folego como crente em Deus porque só Ele me apertou e tranquilizou ontem enquanto soluçava a enterrar o meu cão rodeado dos meus cavalos que lhe vieram prestar uma ultima homenagem e do meu irmão também ele destroçado por ver o seu caçula em tamanha aflição.
Peço-vos, por tudo, pelo mundo, pela lei, pela justiça, pelos animais, pelo meu Simba, pela minha mulher que nos ajudem a divulgar esta triste história, Peço-vos que a morte do Simba não seja em vão.
A queixa-crime foi hoje lançada, contra o autor dos disparos alegado assassino do meu cão, no posto da GNR de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova.
Deus vos abençoe a todos, obrigado do fundo do meu coração, caso não consigam ajudar por favor partilhem com quem considerem que possa.”

(Texto de José Diogo Castiço)

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