Joelma Alves tem 32 anos e é natural de Lisboa. Afirma que sempre foi uma pessoa saudável, que sempre fez desporto e teve cuidado com a alimentação. Mas aos 28 anos, um nódulo na axila, levou-a ao médico e a descobrir que tinha um linfoma de hodgkin.

 

O facto de ter sido sempre saudável, fez com que fosse difícil aceitar o problema “só me lembrava do filme “50,50”, onde a personagem principal sempre foi saudável e descobriu que tinha um cancro”. Mas não era ficção, e rapidamente, Joelma percebeu que tinha que ter força para “vencer o cancro”.

Vegetariana há 8 anos e acabada de se inscrever no ginásio, nunca pensou que pudesse estar doente. Mas a verdade, é que assim que entrou no Hospital de Santa Maria, não saiu mais. Exames, biopsias, resultado “Linfoma de Hodgkin”. “Estive 4 dias à espera do resultado e só deixei que o meu marido me visse, tinha casado há 6 meses e só me lembrava da lua de mel e de tudo o que ainda tinha para viver”. Tem um irmão mais velho, mas os pais eram mais lamechas e ela não queria ter de dar força a ninguém. (os pais estão divorciados).

Passado uma semana começou a quimioterapia, o primeiro dia ainda na cama e depois foi para casa e de 15 em 15 dias voltava ao hospital. “Sentia-me bem e saia do tratamento e ia para o ginásio”. Fez também uma alimentação “perfeita”, acupuntura e vários tratamentos alternativos. Foram 6 meses de quimioterapia, onde o cabelo começou a cair e Joelma decidiu cortar. “Fui ao meu cabeleireiro habitual e cortei o cabelo curtinho, a caminho de casa apeteceu-me chorar, mas quando cheguei a casa e os meus cães me conheceram, pensei, eu não mudei, só a mesma pessoa”.

Os tratamentos correram bem, fez mais 1 mês de radioterapia. “Como foi tudo na zona do peito, fiquei com dificuldade em engolir sólidos e fiquei com os pulmões fragilizados e tive de tomar cortisona”.

Depois de 1 mês de radioterapia, com 25 tratamentos e 9 meses de cortisona, os exames anunciaram que o cancro de Joelma estava em remissão. “1 ano depois estava bem, claro que de 6 em 6 meses vou ao médico e durante 5 anos, tenho de ser vigiada”.

Joelma, não dá nada como garantido, sabe que pode haver uma recaída e por isso, continua a ter cuidado com a alimentação e a fazer uma vida regrada. “Quando voltei à praia depois do tratamento, ia a caminho do Portinho da Arrábida e comecei a chorar, porque estava a ver a praia novamente” (emociona-se ao telefone).

O que mudou:

Joelma licenciou-se em Design de Interiores, chegou a trabalhar na área, mas nunca ficou satisfeita com esta opção. “Não era um trabalho que me deixava feliz”. Trabalhou em vários ramos, até que esteve como comercial num ginásio e apaixonou-se. “Fiz formações, estagiei e desde julho de 2017, que sou PT, dou aulas de grupo e dou apoio no ginásio”.

Foi esta a grande mudança de vida de Joelma. Foi o desporto que a salvou e que a fez ver a vida de outra forma. “O cancro foi a melhor coisa que me aconteceu”.

Hoje passa o dia no ginásio, onde trabalha, mas também treina e sente-se super feliz. “É isto que me faz feliz”.

Na altura, dos tratamentos, teve a sorte de não trabalhar.

Há cerca de 2 anos, divorciou-se do marido, diz que a relação já não estava a dar certo. “Na altura, da doença, ele apoiou-me imenso, mas eu já não era a pessoa, com quem ele casou, nem física, nem psicologicamente”.

Agora, só quer que daqui a 1 mês, esteja tudo bem e que possa continuar a dar aulas. Ainda está a ser vigiada e quer, daqui a 5 anos, se tudo correr bem, realizar o sonho de ser mãe.

Quanto ao resto, quer viver um dia de cada vez e quer que as pessoas percebam que o cancro não é um “bicho de sete cabeças. Não é o fim do mundo, para mim foi o inicio de tudo, foi o melhor que me aconteceu”. Tudo pode correr bem, desde que se acredite. Joelma, diz mesmo, que no 2º dia de tratamento, ouviu uma música que a fez acreditar na cura e também, acredita, que o avô que tinha morrido há pouco tempo, lhe deu força para ultrapassar tudo (emociona-se a falar do avô).

Depois de estar doente fez escalada, fez mergulho e até o trânsito que a irritava, lhe dá alegria, pois sabe que está viva e com saúde, isso é o mais importante.