Ilídio Espada Teixeira, Sr. Espada como é mais conhecido, começou a gostar de fotografia por causa do pai, um apaixonado pela captação de imagem. Com 14 anos Ilídio terminou o seu percurso escolar e empregou-se numa loja de fotografia. Começou como ajudante, carregava com o material e ia vendo como se fazia. 

 

 “Fui aprendendo a ver e depois experimentava fazer sozinho.” 

 

Quando atingiu a idade adulta esteve a trabalhar como repórter fotográfico no Diário Popular e no Diário de Lisboa, onde captou a imagem das mais altas figuras de Estado e da Sociedade. Calouste Gulbenkian, Salazar, Américo Tomás, Guterres, Almeida Santos, entre outros, foram diversas vezes fotografados por Ilídio. Aos fins de semana, Ilídio começou a fazer casamentos e batizados, a área onde tinha começado e, na verdade, o que mais gostava de fazer. 

Ilídio morava na Ajuda, onde também tinha um laboratório, mas a carteira de clientes começou a crescer na zona de Algés, Carnaxide e Linda-a-Velha e foi no Concelho de Oeiras que acabou por abrir a sua própria loja. 

 

“Os clientes incentivavam-me e diziam que eu devia abrir o meu espaço, eu já tinha uma boa carteira e resolvi tentar. Este prédio tinha acabado de ser construído e vim para aqui.” 

 

Continuou a fazer reportagem fotográfica, mas o volume de trabalho foi aumentando até que teve que fazer uma escolha. 

Tem as portas da ‘Artebela’ abertas há quase 60 anos e lembra-se bem de todas as mudanças que foram acontecendo no mundo da fotografia. Por esta altura, o volume de trabalho era tanto que o fotógrafo teve que começar a trabalhar com laboratórios externos de revelação. 

 

“Nós não tínhamos o equipamento e depois para nos adaptarmos por causa da luz e tudo foi complicado, mais do que a passagem para o digital.” 

 

A partir daqui, Ilídio e os restantes membros da Assembleia criaram cursos de reciclagem, para todos os membros, de maneira a se poderem ir atualizando, ou ‘apanhar o comboio’, como gosta de dizer, com as novidades constantes que vão aparecendo no mercado da fotografia. 

 

Atualmente, a fotografia banalizou-se com a chegada da Era Digital, algo que Ilídio lamenta. 

 

“Antigamente um casamento que tivesse 120 fotografias era um luxo e eram todas tiradas com cuidado e pensadas antes de carregar no botão, não era como agora que que é só tirar, tirar, tirar e fazem-se 500 ou 600 num batizado.” 

 

Aos 84 anos já não consegue fazer a cobertura de um casamento, fica mais em estúdio e nos últimos tempos tem feito alguns trabalhos que lhe dão especial prazer. 

 

“Pessoas que fui eu que fiz as fotografias de casamento, chamam-me agora para fotografar as celebrações dos 50 anos de casados!” 

 

Ao longo de 70 anos já teve algumas solicitações estranhas, mas há uma que não lhe sai da cabeça. 

 

“Uma ocasião, vieram aqui chamar-me para fazer umas fotografias em casa e eu lá fui e quando cheguei era para fotografar um bebé morto, dentro de um caixão… fiquei tão impressionado, tive mesmo para recusar e vir embora, mas foi um pedido da mãe e eu já ali estava e fiz o trabalho, mas nunca me esqueci…” 

 

Ilídio não pretende parar de trabalhar e diz mesmo que, “enquanto as pernas aguentarem” vai continuar a dedicar-se à arte que o apaixona.