A Primavera, estação do ano propícia a alergias, está quase a chegar. Sabia que 30% da população portuguesa sofre de alergia respiratória? Sobretudo de asma e rinite. Neste consultório médico conversamos com a Dra. Sofia Pinto Luz, médica da especialidade de Imunoalergologia, que nos vai ajudar a esclarecer todas as dúvidas.
A prevalência das alergias tem vindo a aumentar exponencialmente, 30% da população sofre de alergia respiratória, sobretudo asma e rinite.
Na primavera, com o aumento das temperaturas e da concentração de pólens no ar, quem sofre deste tipo de alergia tem tendência a ver os seus sintomas agravados, especialmente nos dias mais quentes, húmidos e ventosos.
Alguns dos principais alergénios presentes nas nossas casas são os ácaros, os fungos e os animais domésticos. No que toca à asma e à rinite, os ácaros são os principais causadores.
Para tratar as alergias, pode-se tomar medicamentos para alívio dos sintomas, durante as crises, ou ainda antes destes surgirem, de forma preventiva. Além disso, existem vacinas antialérgicas que podem ser eficazes durante um longo período de tempo.
ASMA
A asma é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que se inicia, habitualmente, na infância, mas que pode surgir em qualquer idade. Os doentes com asma, se estiverem controlados, podem fazer as suas atividades ,quer profissionais quer desportivas, sem qualquer limitação. O tratamento adequado é fundamental para uma melhoria da qualidade de vida.
É uma doença muito frequente nas crianças e caracteriza-se por um processo inflamatório crónico nas vias aéreas, que as torna mais reativas. Perante determinados estímulos, os brônquios ficam obstruídos e surgem os sintomas da doença, habitualmente episódios de tosse seca persistente, dificuldade em respirar ou sensação de aperto no peito.
Afeta cerca de um milhão de portugueses (Inquérito Nacional de Prevalência da Asma), sendo uma patologia que, na maioria dos casos, não se pode prevenir. No entanto, é possível controlá-la em mais de 90% das ocorrências. Para tal, há medidas farmacológicas e não farmacológicas que possibilitam aos asmáticos uma boa qualidade de vida e bem-estar.
Sabe-se, pelo Inquérito Nacional sobre o Controlo da Asma em Portugal, que apenas 57% dos indivíduos têm a sua doença controlada, ou seja, cerca de 300 mil ainda carecem de intervenção.
Sintomas
- Tosse
- Chiadeira no peito ou pieira
- Falta de ar
- Aperto no peito com o esforço físico
- Cansaço e dificuldade em fazer as atividades do dia a dia
Os sintomas podem ser ocasionais ou mantidos ao longo do ano, podendo variar de ligeiros a graves. A maioria dos doentes apresenta outras manifestações ligadas a alergias noutros órgãos como o nariz, olhos ou pele. A rinite alérgica é um fator de risco para se desenvolver asma.
Causas
Habitualmente nas crianças tem uma base alérgica, mas pode haver asma sem alergias. E mesmo perante um quadro alérgico, outros fatores podem desencadear os sintomas, nomeadamente infeções virais, rinite não controlada ou agudização de sinusite, fumo do tabaco, giz e cloro, elementos psicológicos e exercício físico.
Diagnóstico
Para confirmar o diagnóstico os dados clínicos são muito importantes, nomeadamente a existência dos sintomas típicos, outras doenças alérgicas e a existência de familiares com alergias, principalmente pais e irmãos.
Tratamento
O tratamento tem como objetivo o controlo da inflamação que existe ao nível dos brônquios. Dessa forma, os medicamentos utilizados têm uma ação anti-inflamatória e os mais frequentemente prescritos são os corticoides inalados. Também pode ser utilizado antagonistas dos leucotrienos, que exerce o mesmo efeito. A qualquer destes dois tipos de fármacos é útil juntar um broncodilatador.
Tendo em conta que a asma é uma doença crónica, a terapêutica deve ser feita diariamente. É também importante acompanhar outras patologias que possam eventualmente coexistir, como a rinite alérgica.
Numa situação de crise de dificuldade respiratória é necessário que a criança inicie de imediato o esquema terapêutico de urgência prescrito pelo médico.
Caso a terapêutica seja cumprida e a asma esteja controlada, a criança com esta patologia pode e deve fazer exercício físico – ainda assim, pode ser necessário fazer o broncodilatador antes da aula de educação física. O exercício deve ser adaptado, devendo a aula começar por corridas rápidas e curtas e não por uma corrida prolongada. Sempre que surjam queixas durante o exercício, este deve ser parado e só retomado quando houver resolução dos sintomas.
Prevenção
A prevenção da asma consiste sobretudo em evitar os alergénios que provocam habitualmente as crises e manter a asma sob controlo. Nas medidas a tomar inclui-se:
- Identificação rigorosa e evicção dos fatores desencadeantes: pó da casa, pólenes, pêlo animais, etc…
- Evitar ambiente com poluição, fumos
- Evitar e tratar constipações, gripe e sinusite
- Não fumar e evitar proximidade com fumo do tabaco
- Evitar perfumes intensos
RINITE ALÉRGICA
Uma boa gestão da rinite alérgica é fundamental para manter a doença controlada, reduzir os sintomas e manter a qualidade de vida. Aprenda aqui a fazê-lo.
A rinite alérgica é uma doença inflamatória crónica da mucosa nasal. Na origem da rinite alérgica está a exposição a determinados estímulos (alergénios), aos quais o sistema imunológico reage, ocorrendo inflamação. Sabe-se que existe uma predisposição genética que influencia a presença desta condição médica.
Sinais e sintomas de rinite alérgica
Na sequência do contacto com determinados alergénios, podem ocorrer:
- Espirros
- Nariz entupido
- Comichão no nariz
- Corrimento ou pingo no nariz
- Causas da rinite alérgica
Os principais alergénios responsáveis pela rinite são:
- Ácaros do pó da casa
- Pólens (cujas concentrações no ar aumentam na primavera)
- Pelos de animais
- Fungos
- Poeira
Problemas associados à rinite alérgica
- Asma (as pessoas com rinite têm um risco quatro vezes maior de sofrerem de asma)
- Rinoconjuntivite
- Rinossinusite
- Otite
- Problemas de sono
- Interferência nas atividades de vida diárias e diminuição da qualidade de vida
Como gerir a doença
A melhor atitude no que diz respeito a alergias é a prevenção. A gestão da rinite alérgica é fundamental para o controlo da doença, assentando numa aliança que se estabelece, desde o início, entre o doente e o médico especialista.
Cabe ao médico:
- Estabelecer um diagnóstico assente na história clínica e em exames (como testes cutâneos e análises ao sangue)
- Determinar os alergénios responsáveis (cada caso é um caso)
- Prescrever o tratamento adequado para a rinite alérgica (a terapêutica pode incluir fármacos anti-histamínicos, anti-inflamatórios e outros, orais ou tópicos, e ainda vacinas antialérgicas ou imunoterapia, quando se justifiquem)
- Avaliar o grau de controlo da doença ao longo do tempo, designadamente através da monitorização da eficácia da terapêutica
Cabe ao doente:
- Procurar o médico e expor os sinais e sintomas da rinite alérgica, a fim de se estabelecer um correto diagnóstico e tratamento
- Cumprir a terapêutica estabelecida
- Tomar corretamente a medicação, mesmo que não tenha sintomas
- Colaborar ativamente na avaliação do controlo da doença
- Recomendações úteis
- Para controlar a rinite alérgica, eis alguns conselhos práticos:
- Mantenha uma boa higiene das fossas nasais, limpando-as regularmente com soro fisiológico ou água do mar
- Evite a exposição aos alergénios responsáveis, bem como ao fumo, a perfumes e a produtos com cheiro intenso
Se é alérgico aos ácaros do pó:
- Ventile e areje bem a casa, sobretudo o quarto
- Evite tapetes, alcatifas, peluches, livros e tudo o que acumule pó
- Aspire bem o chão e o colchão
- Lave semanalmente os lençóis a temperaturas elevadas (+60°C)
Se é alérgico aos pólens:
Na primavera, consulte os boletins polínicos
Evite atividades ao ar livre quando as concentrações de pólens forem mais elevadas
Use óculos de sol ao ar livre
Sabia que…
Existem ferramentas online, como o CARAT, que permitem avaliar o grau de controlo da rinite alérgica.
Participe e coloque as suas questões através do 910 106 359.