Neste consultório médico falamos de Tendinites. Uma doença cujo principal sintoma é a dor aguda e que, quando não tratada, pode tornar-se crónica. Sabia como prevenir e quais os tratamentos existentes com a ajuda do médico Ortopedista Tiago Paiva Marques.
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Enquadramento:
- As tendinites são inflamações dos tendões, por sobrecarga. Podem ser desencadeadas por um movimento súbito e intenso ou movimentos repetitivos.
- São um dos problemas que mais afetam os desportistas e, frequentemente, localizam-se no joelho, tornozelo, ombro, punho ou coxa. Também não é raro estarem associadas ao trabalho de escritório, afetando mais os membros superiores.
- Algumas das causas que podem estar na sua origem são a hipermusculação e o esforço físico exagerado, infeções não tratadas (cáries ativas, por exemplo), alimentação rica em proteína animal, excesso de peso e o avançar da idade.
- O principal sintoma é dor localizada aguda, que limita o movimento.
- As tendinites, normalmente, são tratadas com anti-inflamatórios, gelo, repouso e fisioterapia. A recuperação costuma demorar alguns dias ou semanas.
- Quando não são devidamente tratadas, as tendinites podem evoluir para uma tendinopatia (deterioração do tendão), com o risco de se tornar crónica e levar à rotura do tendão.
TENDINITES
O que é?
Um tendão é a estrutura densa mas flexível através da qual o músculo se insere no osso, permitindo o movimento das articulações.
Quando o músculo e o tendão são muito solicitados, por exemplo em tarefas repetitivas, origina-se um processo inflamatório do tendão e da sua bainha originando dores, que na fase inicial são associadas à execução da tarefa. Com a manutenção da atividade o quadro acentua-se e a dor passa a estar presente mesmo em repouso podendo inclusivamente perturbar o sono.
As tendinites são das perturbações mais frequentes entre os desportistas profissionais, qualquer que seja a localização, como a coxa, o joelho, o tornozelo, o ombro ou o punho.
De um modo geral, as tendinites resultam de um processo de sobrecarga, mas a ocorrência de microtraumatismos de repetição ou um único traumatismo de maior intensidade podem desencadear o processo.
Sintomas
Numa fase inicial apresenta dor localizada ao tendão envolvido, que se acentua nos movimentos contra resistência, ou seja, nas situações em que o músculo ou músculos em questão e os respetivos tendões são forçados. Quando examinado o doente apresenta uma dor localizada e limitação dos movimentos.
As tendinites tendem a evoluir em quatro fases, em função das queixas apresentadas: na primeira fase, a dor surge após a atividade desportiva; na segunda, a dor aparece no início da prática desportiva, desaparece após o período de aquecimento e pode reaparecer com o cansaço; na terceira, a dor é constante, em repouso e no exercício; na quarta fase, ocorre rotura do tendão.
A palpação do tendão produz dor, ficando este mais espesso e perdendo-se a nitidez do seu contorno.
A falta de um tratamento eficaz determina a evolução das tendinites e conduz à cronicidade e posterior rotura do tendão.
Causas
A hipermusculação é um dos fatores de risco mais comuns. Os tendões são estruturas sólidas, elásticas e resistentes. A sua resistência é genericamente igual à força inicial do músculo multiplicado por quatro; no entanto, quando se faz musculação, a força muscular pode aumentar duas ou três vezes, diminuindo desta forma a margem de segurança do tendão, dando como primeira resposta a sua inflamação e, se a situação prevalece, podendo ocorrer rotura.
Os focos infeciosos crónicos, como uma cárie ativa ou uma amigdalite não curada corretamente, são outro fator de risco. A corrente sanguínea, ao passar por um foco de infeção, recolhe e transporta as toxinas criadas e deposita-as em zona já inflamadas, facilitando a evolução para a cronicidade das tendinites.
Uma dieta rica em proteínas animais provoca um aumento de ácido úrico e purinas que nem sempre são completamente eliminados pela urina. O excedente pode depositar-se em zonas com sobrecargas, cristalizando e causando tendinites.
A maioria dos casos resulta de um excesso de uso prolongado com deterioração do tendão mas sem inflamação associada, razão pela qual alguns médicos preferem o termo “tendinopatia”. Esta distinção é importante porque a inflamação do tendão (tendinite) é tratada de um modo diferente da deterioração do tendão (tendinopatia). As tendinites, de um modo geral, respondem rapidamente ao tratamento com anti-inflamatórios enquanto as tendinopatias requerem um tratamento mais prolongado e orientado para a melhoria da força do tendão e para a reconstrução dos tecidos adjacentes.
As causas mais comuns das tendinites num atleta são os traumatismos agudos nos quais um tendão é forçado para lá da sua normal amplitude de movimentos, causando dor, inchaço e inflamação. Para as tendinopatias, a causa mais comum é um uso excessivo crónico com esforço e trauma repetidos sobre os tecidos moles sem intervalo de tempo suficiente para uma adequada cicatrização.
As lesões dos tendões são comuns nos desportistas que estão a iniciar a sua atividade e que exageram no esforço sem o descanso adequado. Como tal, é importante iniciar uma prática desportiva lentamente e aumentar a intensidade do treino gradualmente. O aquecimento é essencial e nunca deve ser descurado. Outra causa possível é o uso de técnicas desportivas incorretas ou o uso do material de treino inadequado.
Tratamento
O tratamento das tendinites é, por regra, não cirúrgico, focando-se na identificação do ato que desperta a lesão de modo a preveni-la, se possível, repouso, gelo e anti-inflamatórios. A fisioterapia desempenha um papel fundamental. A ausência da atividade física não é, por regra, prolongada.
Quando ocorre uma lesão de um tendão, é importante interromper a atividade e descansar. O repouso, associado ao uso de gelo, manobras de compressão e elevação do membro afetado permitem uma redução da inflamação e da dor, permitindo a recuperação de uma tendinite em alguns dias ou semanas. As tendinopatias demoram entre dois a seis meses a recuperar. Se não interromper a atividade que causou o problema, a tendinopatia tenderá a tornar-se crónica.
Sempre que uma dor se arrastar por mais de alguns dias, apesar das medidas de tratamento referidas, é importante recorrer ao médico de modo a que se possa proceder à reabilitação do tendão afetado.
A fisioterapia utiliza técnicas como os ultra-sons, massagens e exercícios de força e flexibilidade de modo a devolver ao tendão as suas características iniciais.
O uso de infiltrações com concentrados plaquetários (Fatores de Crescimento) em torno do tendão pode acelerar a sua regeneração.
A cirurgia não se deve efetuar antes dos três meses de tratamento médico e de fisioterapia. Quando necessário, a tenossinovitectomia é o procedimento cirúrgico em que se retira os tecidos inflamatórios da mão e punho que não respondem ao tratamento medicamentoso.
Prevenção
A prevenção das tendinites deve seguir as seguintes estratégias:
- Evitar esforços exagerados e carga inadequada durante períodos prolongados
- Variar os exercícios de forma a evitar o aparecimento repetido de dor muscular
- Praticar aquecimento prévio e alongamentos
- Usar equipamento adequado
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