Nascida e criada em Lisboa, a fadista e atriz Alice Pires, 67 anos começou cedo a pisar o palco.
“Quem me meteu o bicho do fado no corpo foi a minha mãe que era poetisa e quando ia declamar os seus poemas levava-me sempre com ela para as casas de fado. Eu era pequenina e achavam-me muita piada. Subia para uma cadeira e cantava, mas com audiência foi aos 12 anos no Caramão da Ajuda em Lisboa.”
O pai, um homem que pertencia à Marinha era mais conservador.
Não foi por acaso que Alice venceu na década de 1980 o concurso “Canção de Lisboa”, tendo a atriz Beatriz Costa, um dos membros do júri, se referido então à fadista como “a Edith Piaf do fado”.
Alice Pires começou como fadista, atuou em várias casas de fado, entre elas, as Arcadas do Faia, no Bairro Alto, em Lisboa, onde esteve 12 anos e que lhe deixou “as melhores recordações”. Depois passou para os palcos, o Parque Mayer foi praticamente a sua casa durante muito anos, bem como o Teatro Politeama. Recorda com muito carinho todos com quem trabalhou caso da atriz Maria João Abreu, a amiga Rita Ribeiro com quem subiu ao palco no primeiro teatro concerto que fez e Filipa Cardoso que considera uma filha na profissão.
Já com 50 anos de carreira, Alice foi galardoada no ano passado com o Prémio Lisboa na 7.ª Gala de Fado n’A Voz do Operário.
Com uma carreira diversificada no fado e na revista, Alice tem um grande desejo de voltar a fazer novela. “Só fiz uma, “O Olhar da Serpente” na SIC e gostei muito. Gostava muito de ter oportunidade de fazer mais.”
O espetáculo, intitulado “Reviver Hermínia”, que coincidiu com a celebração dos seus 35 anos de carreira foi um marco. “Pesquisei os fados, escolhi os que melhor me senti a cantar e que são representativos da sua carreira. Sempre gostei muito dela”, disse Alice Pires.
Alice tem uma filha de 47 anos que trabalha na área de turismo, fruto do relacionamento com Mário Rainho (poeta, autor e encenador) de quem ficou grande amiga até hoje. “Somos amigos há mais de 50 anos e assim vamos continuar.”