A reforma é para muitas pessoas um momento muito desejado e sobre o qual criaram expetativas ao longo de vários anos. É também um acontecimento de vida marcante, que traz inúmeras mudanças, uma vez que o trabalho define muitas vezes quem somos e como o nosso dia-a-dia se desenrola. 

Para alguns recém-reformados essa transição não é fácil e por isso, pode ser desafiador lidar com a nova rotina e o que isso significa do ponto de vista emocional. 

De repente, passam de um dia atarefado, sem tempo para nada, para terem tempo para tudo e mais alguma coisa. No entanto, isso pode trazer mais problemas do que aquilo que achamos. 

 Há que considerar duas perspetivas para encarar a reforma, dependentes do estilo de vida de cada um: 

  • As pessoas para as quais o trabalho foi um pilar fundamental, ao qual dedicaram a maior parte das suas vidas, podem ficar mais confundidas e sentir-se perdidas e mais tristes perante o fim da sua vida laboral.
  • As pessoas que se dedicaram mais à sua vida pessoal terão mais facilidade em adaptar o seu tempo e os seus hobbies nesta nova etapa das suas vidas.

Atualmente, na nossa sociedade, as pessoas podem viver mais de 20 anos depois de se reformarem, pelo que é um período importante das suas vidas, sendo fundamental planeá-lo. A reforma implica um processo de adaptação no qual é crucial reorganizar prioridades, horários e objetivos. Assim sendo, ter um plano para a reforma e definir estratégias que permitam colmatar as necessidades emocionais deixadas pela saída do mercado de trabalho pode ajudar a aproveitar esta fase da melhor forma. 

6 dicas para antecipar, da melhor forma possível, esta fase da vida: 

Existem horários, rotinas, hábitos, obrigações e, até, ambientes que podem mudar radicalmente. Além disso, há pessoas que se sentem tão ligadas à profissão que podem até sentir uma espécie de perda de identidade. Por isso, têm de se aperceber que, para além da profissão, são pessoas com interesses e competências. 

É importante tomarem consciência disso e aceitarem essa mudança, para não a sentirem de um modo tão abrupto e se assustarem. Até porque voltar a ter uma identidade demora algum tempo. É importante pensar sobre este momento da vida, sobre o que se espera do tempo livre, e definir um plano quanto ao que se pretende fazer e alcançar no curto e no longo prazo. 

É crucial criar rotinas e estruturar o dia-a-dia de forma a evitar frustrações futuras. 

Muitas pessoas estranham a mudança de ritmo e chegam até a encarar a reforma como a reta final da vida. Mas é só outra fase tão válida como a vida ativa; outro modo de vida, com outro ritmo e outra sabedoria. 

Há que aproveitar a maior quantidade de tempo livre que se avizinha para planear atividades prazerosas e necessárias e conhecer e aprender coisas novas. 

Opções sobre as quais refletir como hipóteses: Viajar? Mais tempo em casa? Um trabalho em part-time numa área que sempre desejou experimentar? Desenvolver um hobby para o qual nunca teve tempo? Dedicar mais tempo à família e aos netos ou, pelo contrário, ter mais tempo para si próprio? 

Durante a reforma, as pessoas estão a voltar a conhecer-se, por isso é importante aproveitarem para irem experimentando coisas diferentes. 

Nesta fase, é natural que possa aparecer um lado mais artístico ou de contemplação ou mesmo interesses por processos de desenvolvimento pessoal, já que a pessoa está menos identificada com papéis familiares e profissionais e tem mais espaço para se descobrir. 

O mais importante é ter rotinas e atividades estimulantes, tanto intelectual como fisicamente. O contacto com os netos, caso existam, também é fundamental, desde que não seja um “segundo emprego”. 

Muitas pessoas entendem a entrada na idade da reforma como um passo na direção da velhice e nos últimos anos de vida. Mas não tem de ser assim. 

É muito importante continuar a investir no autocuidado, em especial, na sua saúde física e psicológica; procurar ter uma alimentação saudável e praticar atividade física com regularidade (ginásio, aulas de dança, natação ou, se não for adepto de treinos em grupo, optar por uma caminhada num local agradável. 

Para além da saúde física, é fundamental dar atenção à saúde psicológica e emocional. 

Muitas vezes, mais do que criar rotinas em torno do local de trabalho, criam-se também laços de amizade. Com a reforma, por vezes, estes laços diluem-se ou podem mesmo perder-se, o que pode levar a uma certa sensação de isolamento. 

Evitar perder o contacto com os amigos de sempre é importante: telefonar-lhes, marcar encontros ou ir trocando uns comentários com os que estiverem mais longe através de mensagens. 

Estar com outras pessoas é fundamental para a saúde. Está provado que estar com os outros é um protetor de saúde mental e física. Eventualmente, considerar a hipótese de um animal de estimação, que é sempre uma ótima companhia e um incentivo, no caso de um cão, para sair de casa e caminhar. 

Sim, para o futuro. Às vezes, depois da reforma as pessoas vivem muitos anos mais. Por isso, tem de haver um balanço de vida – o que conseguiram fazer e o que falta e querem fazer. Na realidade, podem descobrir facetas que nunca exploraram e tornarem-se pessoas mais preenchidas e motivadas. 

O envelhecimento em geral com qualidade precisa essencialmente de três grandes condições: autonomia, saúde e relações sociais. O dinheiro é importante, mas não é essencial para um envelhecimento com qualidade. É essencial o dinheiro básico, ter uma boa gestão financeira do que tem, mas não é por ter muito dinheiro que se irá envelhecer com mais qualidade. O essencial é a saúde e cuidados preventivos, os afetos e as ligações sociais. 

 

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