Um movimento na classe médica defende que demasiada intervenção também pode matar. Aliás, há médicos que acreditam que se prescrevem medicamentos desnecessários e que fazem cirurgias dispensáveis.
Qual é a indicação que os pacientes recebem sobre os riscos dos tratamentos? A maior parte das pessoas desconhece a existência de efeitos colaterais. E grande parte dos médicos não conhece os problemas que a medicação pode causar. Apenas quando os pacientes souberem do lado mau dos medicamentos é que poderão tomar decisões racionais sobre se devem utilizá-los ou não. Considera que os médicos são bem informados a respeito dos medicamentos que receitam aos pacientes? A maior parte das informações que eles recebem vem da companhia que vende o medicamento (e que, obviamente, está interessada em promover as virtudes e esconder os defeitos).
Como resultado dessa ignorância, quatro em cada dez pacientes que recebem uma receita sofrem efeitos colaterais sensíveis, severos ou até letais. Uma das principais razões para a epidemia internacional de doenças induzidas por medicamentos é a ganância das grandes empresas farmacêuticas. E o que é que os pacientes devem fazer? Enfrentar doenças sem se medicarem? Alguns médicos acreditam que é perfeitamente possível vencer problemas de saúde sem utilizarem medicação. Cerca de 90% das doenças melhoram sem tratamento, apenas por meio do processo natural de autocura do corpo.
O que é a Prevenção Quaternária?
É o conjunto de ações que visam evitar danos associados às intervenções médicas e de outros profissionais da saúde como excesso de medicação ou cirurgias desnecessárias. A prevenção quaternária deve prevalecer em qualquer outra opção preventiva, diagnóstico e terapêutica, segundo o princípio hipocrático: primun non nocere (em primeiro lugar, não prejudicar [o paciente]).
Atividades
– Não confundir fator de risco com doença;
– Evitar exames de rotina (“check –up”) ou exames complementares desnecessários;
– Evitar o intervencionismo tecnológico na saúde;
– Evitar o sobrediagnóstico da escoliose;
– Evitar o tratamento farmacológico da hipercolesterolémia em prevenção primária;
– Evitar o tratamento hormonal de substituição durante a menopausa;
– Evitar o uso de antibióticos indiscriminadamente (muitas vezes desnecessário, com o consequente aumento não justificado das resistências bacterianas);
– Evitar o diagnóstico genético desnecessário (por exemplo: a promoção do rastreio da hemocromatose, de duvidoso valor científico, mas com indubitável efeito na medicalização da sociedade);
– Evitar o sobrediagnóstico e sobretratamento da perturbação de hiperactividade com défice da atenção (PHDA).