O que são cuidados paliativos?

Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta ativa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível a estes doentes e suas famílias. São cuidados de saúde ativos, rigorosos, que combinam ciência e humanismo. 

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É importante reforçar que os cuidados paliativos são prestados com base nas necessidades dos doentes e famílias e não com base no seu diagnóstico. Como tal, não são apenas os doentes de cancro avançado que carecem destes cuidados: os doentes de SIDA em estado avançado, os doentes com as chamadas insuficiências de algum orgão avançadas (cardíaca, respiratória, hepática, respiratória, renal) , os doentes com doenças neurológicas degenerativas e graves, os doentes com demências em estado muito avançado. E não são apenas os idosos que carecem destes cuidados, o problema da doença terminal atravessa todas as faixas etárias, incluindo a infância. Estamos, por isso, a falar de um grupo vastíssimo de pessoas, dezenas de milhares, seguramente -, e de um problema que atinge praticamente todas as famílias portuguesas. 

 

Quem são os destinatários ou beneficia dos cuidados paliativos?

  • Crianças e adultos com malformações congénitas ou outras situações que dependam de terapêutica de suporte de vida e/ou apoio de longa duração para as atividades de vida diárias;
  • Pessoas com qualquer doença aguda, grave e ameaçadora da vida (tais como traumatismos graves, leucemia, acidente vascular agudo);
  • Pessoas com doença crónica progressiva, tal como doença vascular periférica, neoplasia, insuficiência renal ou hepática, acidente vascular cerebral com significativa incapacidade funcional, doença cardíaca ou pulmonar avançada, fragilidade, doenças neurovegetativas e demência; 
  • Pessoas com doença ameaçadora da vida, que escolheram não fazer tratamento orientado para a doença ou de suporte/prolongamento da vida e que requeiram este tipo de cuidados ;
  • Pessoas com lesões crónicas e limitativas, resultantes de acidente ou outras formas de trauma;
  • Pessoas seriamente doentes ou em fase terminal (demência em estádio final, cancro terminal, acidente vascular gravemente incapacitante) que não têm possibilidade de recuperação ou estabilização e, para os quais, os cuidados paliativos intensivos são o objetivo predominante dos cuidados no tempo de vida remanescente. 

Em Portugal, quantas unidades/equipas de cuidados paliativos estão disponíveis?

  • Unidades de Cuidados Paliativos (internamento): 25
  • Equipas Intra-Hospitalares de Suporte em Cuidados Paliativos: 23 
  • Equipas Domiciliárias de Cuidados Paliativos: 11 

 

Números dos Cuidados Paliativos:

  • Em Portugal está disponível uma equipa de cuidados paliativos domiciliários por 520 mil habitantes, as recomendações internacionais apontam para a existência de uma por cada 100 mil habitantes;
  • Em 2014, as vagas disponíveis em cuidados paliativos nas unidades da RNCCI – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (195) representavam menos de 30% das necessidades atuais e ainda menos das espectáveis ao nível das necessidades futuras relacionadas com o envelhecimento da população portuguesa; em 2015 preconiza-se chegar às 345, o que representará cerca de 58% das necessidades nesta tipologia (não agudos);
  • Existem em Portugal 6 mil menores com necessidades paliativas. Em Portugal os cuidados paliativos são escassos e centralizam-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto;
  • 50% dos doentes referenciados morrem sem acesso aos cuidados paliativos, o tempo de espera dos doentes é de cerca de 40 dias e os indicadores de qualidade são inadequados;
  • Só 2531 pessoas anualmente estão a receber assistência em cuidados paliativos (ECSCP);
  • 64% das pessoas com doença prolongada e incurável morrem nas camas hospitalares sem acesso a cuidados domiciliares.

 

Sabia que os Cuidados Paliativos podem ser prestados no domicílio?