“A República das Bananas”

A República das Bananas, a mais recente produção de Filipe La Féria, estreou dia 30 de setembro, no Teatro Politeama. Uma crítica mordaz e divertida ao Portugal atual, no qual se cruzam figuras políticas e públicas tão engraçadas quanto controversas.

Tudo começa com o Cante Alentejano, à porta do Estabelecimento Prisional de Évora. Sócrates já lá não está, mas Mário Soares parece não estar a par das novidades. A política é um dos temas de destaque desta revista à portuguesa, sem esquecer os protagonistas internacionais, como Angela Merkel – Chanceler alemã –, e Christine Lagarde, atual Diretora-Gerente do FMI. Ambas conversam, num dos números, com Zorba, o grego, que entra em palco para se dirigir a Atena, a deusa da civilização, da sabedoria, da estratégia em batalha, das artes, da justiça e da habilidade. E, se pouco se percebe no que à Merkel e à Lagarde diz respeito, muito se entende Zorba, que prefere “morrer de pé a viver de joelhos”, porque “ninguém pode vender a alma e o coração”. Quando o culpam da desgraça da Grécia, em virtude do referendo e da consequente vitória do sim, Zorba responde: “mas os tomates continuam aqui (…) e digam aos portugueses que estamos com eles”. E os portugueses terminam, o ato, a aplaudir.

À parte os acontecimentos na Grécia, a época eleitoral não podia deixar de ser abordada. Nomes como Assunção Esteves, Catarina Martins e Joana Amaral Dias são comentados, porque o país também tem mulheres no poder e, regra geral, são tudo menos bananas.

Aborda-se, através de um texto inteligente e bem-humorado, a utopia d’O Presidente Ideal e a forma como funciona o poder, através de um pequeno teatro dentro do teatro. Porém, é sobretudo o sábio conselho da avó Chica o responsável por empurrar muita gente ou para o futebol ou para a política, porque é aí que se pode “ser alguém”. Ou isso ou ser como as meninas da Rua Cor-de-Rosa, que dizem que, no reino da política, ou são as mães ou são a Joana que pôs as cuecas do país a arder.

Esta peça é, sem sombra de dúvidas, política, mas sobretudo interventiva, tendo puxado para o palco outros temas da atualidade nacional e internacional, como a prostituição, a questão LGBT e o culto das aparências, alimentado por determinados orgãos da comunicação social. A crítica social é intervalada com momentos musicais dignos da Broadway, reunindo profissionais multifacetados que representam, dançam, cantam e encantam. Anabela homenageia o Fado e Paula Sá evoca Cármen Miranda ao lado da voz incrível de Ricardo Soler, mas são muitas as revelações: João Duarte Costa, Bruna Andrade, Patrícia Resende, David Mesquita e Paulo Miguel.

“Portugal é sempre um musical” e Rita Ribeiro e José Raposo, já veteranos, continuam a dar cartas: ela com um dos números mais atrevidos, no qual músicas reconhecidas surgem repentinamente e os trocadilhos são infinitos, e ele, cujo talento é maior do que as palavras existentes para o descrever. A República das Bananas é, portanto, e sobretudo por causa dos atores, cantores e bailarinos, um espetáculo a ter em conta. Uma revista divertida, acutilante e colorida que não se esquece de celebrar a cultura, o teatro e o amor.

“Tarzan – O Musical”

“Tarzan” é uma obra-prima da literatura infanto-juvenil de Edgar Rice Burroughs, um dos maiores escritores americanos, que criou a personagem do menino selvagem, inspirado em Jean Jacques Rousseau, uma obra filosófica de profundo alcance humano que nos ensina o respeito que o homem deve ter com os outros animais.

La Féria construiu um deslumbrante musical num cenário mágico de fantasia e encantamento transformando a mensagem desta obra eterna, uma lição de vida, num espetáculo divertido e bem humorado onde crianças e adultos são transportados para um mundo de sonho, solidário, pleno de ternura e amor.

Como no ano passado onde “O Principezinho” foi premiado como o melhor espetáculo para a infância e juventude com o prémio Pumpkin Awards 2015 e unanimemente considerado pela crítica e público como um dos melhores espetáculos juvenis da temporada que esteve nove meses consecutivos em cena sendo representado para a maioria dos estabelecimentos de ensino de todo o país que propositadamente se deslocaram em excursões ao Teatro Politeama, também “Tarzan- O Musical” será uma viagem maravilhosa e inesquecível e um ensinamento que permanecerá para toda a vida.