Hoje rodeamo-nos de amigos de sempre, em comum têm uma vida artística – do teatro à rádio, à televisão, ao fado – e memórias de um passado em que ser artista era diferente do que é hoje.
Mas em comum têm também o presente: a casa onde moram, um lar que os acolhe e trata como “nenhum outro o faria”, onde todos entraram por opção e vivem “em família”.
Ao todo são 72 pessoas que vivem na Casa do Artista, em Carnide. Desde que esta abriu a 5 de maio de 1999, com inauguração oficial a 11 de setembro do mesmo ano. A casa acolhe também os cônjuges dos profissionais que pisaram o palco para representar ou cantar, como cenógrafos, “costureirinhas” (hoje assistentes de camarim).
Os residentes têm entre os 49 e os 97 anos, e 123 pessoas estão em lista de espera, diz a responsável do lar, Paula Trindade.
Manuela Maria, secretária de Direção da Casa do Artista, quase dispensa apresentações. Nasceu a 26 de janeiro de 1935 e quatro anos depois já mostrava queda para a representação. Talvez porque desde cedo acompanhou os pais na companhia itinerante que lhes pertencia.
Em 1958 estreou-se no teatro de revista, fez comédia, e foi uma das atrizes que integrou o elenco de Maldita Cocaína, A Canção de Lisboa e My Fair Lady (Globo de Ouro para a melhor peça de Teatro em 2003), produções de Filipe La Féria.
Dez anos depois de ser ter estreado no teatro aceita o desafio de António da Cunha Telles e junta ao currículo um filme. O mundo da televisão abre-lhe as portas em 1990.
O musical A Casa do Lago, que esteve em cena no Rivoli, no Porto, contou com Manuela Maria, que interpretou o papel que valeu a Katharine Hepburn, em 1982, o Óscar de melhor atriz.
Célia de Sousa entrou com 19 anos no Conservatório Nacional. Estava ainda no 2º ano quando a convidaram para entrar no elenco da peça “A traição Iverosímel”, no Teatro da Trindade.
Quando o Teatro Villaret abriu portas, Raul Solnado convidou-a para integrar o elenco da peça de estreia. Fez teatro radiofónico na Emissora Nacional e folhetins no Rádio Clube Português.
Em 1968 estreou-se no cinema, ao participar no filme “Estrada da Vida”, de Henrique Campos.
“Há segredos e coisas que se aprendem…”
Isabel Magro foi mestra de Guarda Roupa, tendo iniciado a sua atividade profissional na década de 80 na RTP, na série “Tragédia da Rua das Flores”.
Trabalhou em vários teatros, mas essencialmente foi Mestra residente no Teatro Maria Vitória, onde estava presente aquando do incêndio.
Nessa altura teve o privilégio de trabalhar com nomes grados do mundo artístico português como Ivone silva, Linda Silva, Henrique Santana e Eugénio Silva, e da nova geração com Alexandra Lencastre.
“Aprende-se mais a ensinar do que a aprender”
Anna Paula tem no seu currículo profissional participações na televisão, no cinema, na rádio, em dobragens e no teatro.
Foi professora de interpretação da Escola Superior de Teatro e Cinema.
Adelaide João é um dos rostos mais conhecidos do nosso cinema e televisão, participou num número significativo de filmes portugueses, trabalhando com realizadores tão diversos como Ernesto de Sousa, José Fonseca e Costa, Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Ricardo Costa, entre outros. Na televisão, fez inúmeras aparições em telenovelas e séries, desde a mítica “Vila Faia”, passando por “Chuva na Areia”, “Nico D’Obra”, “Jornalistas”, e mais recentemente “Liberdade 21”.
Laura Soveral é das atrizes com maior número de trabalhos em teatro. A sua longa experiência cinematográfica passa por filmes como Vale Abraão, A Divina Comédia e Francisca de Manoel de Oliveira, Terra Sonâmbula de Teresa Prata, O Fatalista e Tráfico de João Botelho, Quaresma de João Álvaro Morais, Uma Abelha na Chuva e O Delfim de Fernando Lopes, Encontros Imperfeitos de Jorge Marecos Duarte, entre muitos outros.
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