Miguel Brito de Oliveira
Nasceu em Beja, em 1988. Experimentou o teatro e esteve no exército. Em 2011, ingressou na Licenciatura em Turismo da Escola Superior de Gestão na Universidade doAlgarve.
Publicou o romance “Mulheres Coragem” e é coautor do livro “Stories do Alentejo”. Já participou em Antologias literárias como “InVersos” ou “Poética”. É coautor de “Heróis à Moda do Algarve”, sendo esta obra sua primeira coordenação literária.

Ilídio Guerreiro
Nasceu no Algarve em Alvôr. O pai, é também da mesma região, a mãe nasceu na zona fronteiriça com o Alentejo.
Ilídio, “algarvio de gema”, tem uma acentuada pronúncia. É comediante e faz vários espetáculos pelo Algarve e por algumas partes do País.
“O que as pessoas gostam mais, é mesmo da pronúncia, acham todos muita graça e puxam por mim!”

Neste livro estão reunidas cerca de mil palavras e expressões.
É uma compilação e ao mesmo tempo uma representação da forma de comunicar algarvia.

Conhece estas expressões?

À ula – à pressa; também se diz «à ula-ula» ou «à ufa-ufa».
Açoteia – terraço no alto da casa; onde se secava o peixe ou os frutos.
Acuado – diz-se de alguém que fica sem se mexer. Encolhido, recolhido, sem iniciativa, por ter medo ou por timidez.
Alcagoita – amendoim, ervilhana. O termo é a adulteração fonética e gráfica da palavra cacahuete, que significa amendoim e que, por exemplo, é o étimo imediato e primeiro da definição na língua francesa.
Alcarnó – Penico, bacio.
Almareado – tonto. Enjoado. Mal disposto. Pode ser por causa do álcool ou enjoo matinal.
Badum (ou bedum) – cheiro desagradável. Provavelmente com proveniência no cheiro libertado pelos currais, um odor forte e desagradável, ou seja, um cheiro a bode.
Bicos – borbulhas; acne juvenil.
Brotoeja – comichão.
Cachamorra – maçada, seca, chatice.
Campando (estar-se…) – Estar-se nas tintas. Não dar importância nenhuma a algo ou alguém.
Caranguejar – trabalhar arduamente sem grandes resultados monetários/materiais.
Chiar nas Unhas – queixar-se; gemer. Geralmente usa-se quando se é agredido.
Chincho – percevejo.
Chinelar – falar muito. O mesmo que Dar ao chinelo.
Cucharro – colher grande feita de cortiça para beber água.
Cuspinho na Orelha (não deixar pôr…) – não se deixar enganar ou gozar. Alguém que tem personalidade.
Dar de vaia – cumprimentar. Dar de vaia” é um cumprimento que pode ser expressado apenas com um ligeiro aceno ou, levantando a mão, acompanhando de uma saudação gutural, “ô!”, entre pessoas
Desencalitrar – cair.
Desmaiar – assinalar efusivamente a entrada do mês de maio (Monchique).
Domingo à Quinta-Feira – diz-se de algo descabido ou despropositado, que vem fora de tempo, que não faz sentido.
Embude – pessoa incomodativa; é um ferrolho.
Entarosado — doente, adoentado; bêbedo.
Escalmorrado – cheio de calor.
Fado dum Cabrão – desabafo de desagrado.
Fezes – preocupação. Carga de trabalhos. Inquietação. Canseiras.
Horas dum cabrão (nas…) – rápido, com velocidade; num curto espaço de tempo.
Já tou repése – já estou arrependido.
Lamber os Cambeiros – Expressão de apreciação de comida. Provavelmente o termo original será “lamber a cambeira”. Quem lambe a cambeira, nesse sentido, e aquele que não deixa nenhum resto de comida no prato.
Marafado – irritado, zangado, teimoso ou com garra; difícil de aturar; maroto, travesso.
Meter à pá do cu – comer com gulodice.
Moces pequenes – crianças.
Monho – penteado usado pelas mulheres «antigas» que consistia em apanhar o cabelo em circulo a meio da cabeça.
Ocharias – provavelmente do termo ucharia, que significa pechincha, coisa barata. Nas casas reais, as ucharias eram os locais onde se guardavam os alimentos, logo, também designa fartura, abundância, grande quantidade.
Rengalhes – pequenos pedaços das bifanas que se separam da parte principal ainda dentro da frigideira, ganhando sabor extra após as consecutivas frituras.
Rézinha – à beira de algo.
Sarrafusca – baile.
Tá o mar fête num cão – o mar está agitado.
Tem avonde – já chega. Diz-se que ‘tem avonde’ quando se quer dizer que uma medida qualquer já é suficiente. Provém do latim abunde, que significa em abundância, de forma abundante.
Tenho uma borrefa no meu pé – tenho uma bolha no pé. Borrefa designa uma doença maligna (um tumor), especialmente no gado.
Ter sonhas – ter pressentimentos.
Terreno galego – terra pobre, infértil.
Tiborna – pão quente molhado em azeite com sal e alho.
Vender aguardente – desfraldado; com a braguilha das calças aberta.