Marta é uma mulher com uma força extraordinária. Um exemplo para todas as pessoas. Com apenas quinze anos ficou paraplégica mas não se entregou às limitações e aceitou bem a nova condição de andar de cadeira de rodas.

Marta Canário está prestes a comemorar 40 anos. Diz que antes do acidente teve uma vida normal. De escola, amigos, saídas à noite, idas à praia, etc.

Mas tudo mudou no dia 11 de Março de 1991. Um dia normal de aulas, Marta estava sozinha em casa e foi tomar banho porque tinha aulas à tarde. Morava numa casa antiga, em Alvalade, onde o esquentador estava dentro da casa de banho, fechou a janela e a porta e foi tomar banho. Lembra-se que começou a sentir-se mal e sentou-se no poliban… a partir daí não se lembra de mais nada. Sabe que quem deu por ela foi a irmã e que chamou os vizinhos para ajudar.

Depois de cinco horas em coma, Marta acordou no hospital e disse aos médicos que não sentia as pernas. Foi alvo de vários exames porque nunca ninguém tinha ficado paraplégico por causa de monóxido de carbono. Esteve mês e meio no Hospital de Santa Maria e quatro meses e meio em Alcoitão. Ainda foi a Londres, mas ao final de 3 anos percebeu por mais tratamentos que fizesse e por mais fisioterapia que fizesse não havia nada a fazer. Durante este tempo, Marta conta que não deixou de ir à escola e não deixou de entrar para a faculdade.

Marta diz que acabou por perceber que não voltaria a andar e aceitou bem a nova condição. Até porque nunca lhe foi dito directamente que não voltaria a andar. Aos vinte e três anos começou a estagiar na empresa onde trabalha ainda hoje, como assessora de imprensa. Não teve momentos de revolta, mas claro, que perguntou ‘Porquê comigo, porquê que uma miúda de 15 anos cheia de vida tem de ficar assim’. Mas preferiu viver a vida e provar que seria capaz de ser feliz.